Despersonalizados

Não adianta negar, botar panos quentes, relevar, esconder: há pessoas que quando estõ desempenhando uma função considerada menor por aquilo que se convencionou chamar de "sociedade" (eu chamo de antro de babacas e palhaços), são humildes, falam baixinho, vivem olhando pro chão, mas basta, como dizemos no sertão ganhar uma fita (uma promoção) e logo botam as unhas de fora. A primeira escrotice é de desligar dos antigos colegas, passar a cultivar o novo meio. Mais outra fita, e mudam outra vez de meio, em vez de calados, sisudos, ainda meio humildes, viram amostrados, emergentes e até entram em certos clubes chamados de serviço (que serviço?) e, pasmem, em certas sociedades secretas do Bolinha onde Luluzinha nao entra, só se for uma vez por ano em festa, mas nao tem direito à voz, não sabe o motivo, mas Luluzinha desconfia... Em resumo: viram uns elitistas de merda.

Sou testemunha ocular de algumas dessas "transformações". Vi certos carinhas se despersonalizarem após algumas promoções, alguma melhora nos salários, algum sucesso em "negócios". O que mais me indignou nesses casos foi o fato deles ficarem se envergonhando até da própria familia, de sua origem, de suas raízes. Isso sempre me cqausou - e causa - asco.

Sempre fui - e sou - um sujeito empata-samba. Então todas as vezes que estava num lugar e entrava um despersonalizado, eu começava a perguntar a ele sobre seu tmpo das vacas magras, por exemplo, seu tio que era marchante, sua tia que era costureir, seu irmão que era guarda-noturno, o tempo que ele comia paão com ovo e fruta de palma, e carne com osso só uma vez por semanae e etc e coisa e tal. Sempre eles se esforçavam para mudar de assunto, mas eu insistia, avançava, sía perguntando, indagando, lembrando... Maldade? Não, corretivo. Sei que eses sujeitos não gostam de mim, mas e daí? Que percom com isso? São uns despersonalizados. Um homem de verdade não sente vergonha de sua origem e raízes. Inté.