Traíras e Ingratos

Logo cedo despertei com foguetões, era a saída de um bloco qualquer, em plena quinta-feira. Não existe povo mais festivo que o brasileiro, mas acho que Pernambuco é sem igual na festividade do carnaval, ele começa muito antes do calendário oficial.

Bom, mas mesmo antes de tomar café comecei a mexer nos meus papéis velhos e encontrei um bocado de arengas que escrevi contra traáiras e ingratos. Se há dois tipos que acho o suprasumo da canalhice são os traíras e os ingratos.

Um desses papéis era de uma crônica que fiz para um jornal de Pesqueira sobre esses dois trastes. Nela eu dizia que o símbolo maior da traição e da ingratidão foi Brutus, que traiu Júlio César, Escrevi:

"O César era pai adotivo de Brutus, tinha ele como seu filho mais querido, fez dele tudo em Roma, era um dos poderosos do governo. Mas Brutus não pestava, era mau, queria mais poder, e como todos os ingratos odiva seu benfeitor. E mesmo sabendo que poderia ser castigado e punido se traisse o César, aderiu a um complô para assassinar seu pai adotivo no senado. Ele e vários senadores, inclusive Cássio e Casca que também eram elementos de confiança do César. Sabedor que corria perigo, mas homem muito corajoso, César foi ao senado. Confiou nos amigos que tinha nesse senado. Mas quando lá chegou os senadores começaram a apunhalá-lo com adagas e punhais. O César se esvando em sangue vê Brutus, olha nos seus olhos como se pedisse ajuda. Brutus então o abraça, mas lhe enfia o punhal, aí o César, antes de expirar, j´pa nos estetores finais, sentindo mais a dor da traição do que a das punhaladas, pronunciou a frase que ainda hoje é o mais veemente libelo contra os traidores: 'Até tu, Brutus, meu filho?!!!!!'". E morreu.

"Nos funerais de César, Marco Antonio fez um discurso fúnebre que arrasou Brtus e desmascarou sua traiaçaão. Um trecho desse discurso: 'Se tendes lágrimas, preparai-vos agora para derramá-las. Todos vós conheceis este manto; eu me lembro da primeira vez que César o usou. Olhai: por aqui penerou a adaga de Cássio; vêde o rasgão que vez o invejosoCasca. Por aqui passou o punhal do bem amado Brutus. E ao retirar o seu aço maldito notai que o sangue do César o seguiu como correndo à porta, a fim de convencer-se de que era Brutus mesmo que batia de modo tão cruel. Pois Brutus, como sabeis, era o anjo de César. Julgai, ó Deuses, como César o amava. Este foi o golpe mais crue de todos, pois quando o nobre César viuo apunhalando, a ingratidão, mais forete que a mão dos traidores, o derrotou completamente; aí o seu poderosos coração partiu-se, e escondendo o rosto nste manto, o grande César caiu aos pés da estátua de Pompeu que escorria sangue o tempo todo. Oh, que queda aquela, camaradas! Eu, vós, nos todos caímos nesse instante, enquanto a traição sangrenta crescia sobre nós'".

Não dá para segurar a repugnância contra os traíras e os ingratos. Nem no carnaval. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 08/02/2018
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