C o n y

Partiu, recentemente, para outro plano de vida, o grande escritor Carlos Heitor Cony. Acho que dois escritores foram os melhores depois daquele time arretado formado por ´Machado, Lima Barreto, Graciliano, Zé Lins, Jorge Amado,Lúcio Cardoso, Josué Montello, Raquel de Queiróz, Mario de Andrade, Josué Guimarães e Hermilo Borba Filho. Refiro-me a Antonio Callado e Cony. Ouso até apontar os romances dos dois que mais me fascinaram (li todos): "Antes, o verão". "Pessach: a Travessia" e "Pilatos", de Cony, e "Quarup", "Bar Dom Juan" e "Reflexos do Baile", de Callado.

Mas o que marcou Cony nao foi só a literatura, mas também o jornalismo (o mesmo que aconteceu com Callado). Embora fosse adversário de Jango e das esquerdas, quando houve o golpe de 64 e começou a ditadura, Cony fez da sua coluna no "Correio da Manhã", uma atrincheira na luta contra o arbítrio e os atentados aos direitos humanos. As suas crônicas desse período, foi preso seis vezes, foram reunidos no livro "O Ato e o Fato". Cony era do tempo que jornalista tinha opinião e não era capacho de dona de jornal e nem do fascismo. Didefrente de hoje que, salvo Jânio de Freitas, não há um só jornalista independente.

Cony vai fazer muita falta, fi um exemplo de romancista, um dos maiores do Brasil em todos os tempos e um combatente da liberdade. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 27/01/2018
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