TRAGADAS DE PRAZER E REPULSA
Fico observando como alguns fumantes lidam com seu cigarro.
Quando tiram do maço o fazem com expressão de prazer, mesmo discreta, que vai ficando mais delineada à medida que forem dando suas tragadas.
Quando já deram as tragadas suficientes, jogam a bituca no chão, estando na rua é claro, num gesto de desprezo, como se estivessem se livrando de algo que lhe fez mal, como de fato fez.
É possível que pelas tantas vezes em que fazem isso não percebam o sentido da sua atitude, colocada no piloto automático como tantas que compõem o nosso cotidiano.
Curiosa essa métrica de prazer e repulsa acontecendo com o mesmo protagonista ao longo da sua jornada nicoteando e nocauteando os pulmões.
Curiosa a mente humana, que consegue comportar sentimentos tão distantes um do outro enquanto vão transformando, passo a passo, a sua saúde em cinzas, como aquelas que produzem a cada novo cigarro consumido.
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