PRA MINHA MÃE ROSA
Falar de mãe nos faz remexer em raízes conhecidas e desconhecidas.
Aquela que nos fez pedaço a pedaço, história que começou num gozo de duas criaturas, talvez apenas de uma delas, vai saber.
E que fez valer uma nova alma do nada.
Penso nas coisas que povoam sua cabeça, depois de tanto percorrer, de tanto fazer, de tanto existir, de tanto construir.
Do amor que nos enxertou, dos estouros de barragem que impediu com sua própria pele, do quanto se fez presente mesmo quando imensamente ausente.
Eternamente ausente.
Penso na minha mãe agora cravejada de cuidados, vendo seu alvorecer numa bravia guarita, esperando o que a vida ainda lhe reserva num bojo qualquer.
Penso na minha mãe nos seus 85 anos, se defrontando com as chicotadas que essa altura da sua trajetória lhe impõe.
Rosalina ou Rosa para a maioria, uma guerreira que nunca arredou pé da sua condição de provedora, com quem hoje travo um contato mais ameno, mais terno, mais presente.
Bem diferente daqueles temporais de outrora, com seus raios estourando sem trégua, nem perdão.
Que possa, tomara, ainda termos muitos encontros regados à gratidão, ao querer-bem, ao entendimento.
Te amo, mãe.
Dedicado à minha mãe.
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