DEUS QUIS SABER O QUE FEZ DE MAIS INCRÍVEL

Então Deus decidiu descobrir o que tinha feito de mais incrível no meio de tudo que criou.

Tarefa nada fácil pra quem fez brotar do nada oceanos, estruturas genéticas complexas, cheiros até então inimagináveis, cordilheiras que pareciam nunca ter fim, seres com almas próprias, flores de beleza única, o orvalho, o sêmen, as cores, o suor, o desejo, a saudade, a traição, a fé, a intuição, a inteligência, a energia, a unha, a crina dos cavalos, o soluço, a verdade, o sonho, a dor.

Também a cobiça, o perdão, a morte, a inveja, o sangue, a alegria, a ferrugem, o desprezo, o medo, a grama, a África, a argila, o beija-flor

Pensou no sol e demais planetas, em todas as galáxias, no que vinha além do infinito.

Pensou no joelho, nas cachoeiras, na neve, nos índios, na luz, no gosto do morango.

Quando mais vasculhava no baú de suas criações para identificar o que merecia ocupar o topo de lista, mas confuso ficava, pois cada coisa tinha seu encanto, sua grandeza, sua função, sua utilização. Nada era por acaso.

Mas não desistiu de achar, deveria ter alguma coisa que superasse a tudo em todos os quesitos, merecendo portanto ser agraciado como sua criação maior.

Foi então que uma luz se abriu no meio dessas inquietações e Deus encontrou o que procurava.

Veio então à Terra e se dirigiu até uma prainha isolada e pequeninha que não oferece muitos atrativos para ser disputada a tapa pelos turistas.

Por isso parecia um tanto abandonada e esquecida.

Lá Deus pegou um grão de areia nas mãos que nunca havia sido pisado nem tocado por ninguém.

Nessa hora ficou com rosto iluminado, coração disparou, uma emoção sem igual fez valer com todo vigor.

Naquele simples grão estava sua maior criação, pela perfeição da sua forma e por ter ficado lá, por todo o sempre, sem exigir que alguém o notasse.

Cumpriu sua função como grão de areia com absoluta maestria, dedicação, paciência, respeito e eficiência.

E ficaria assim pela eternidade das eternidades, sem reclamar, sem exigir nada, sem ter expectativa de nada.

Estava lá, simplesmente, fazendo seu papel de grão de areia e nisso era insuperável, perfeito. Simplesmente perfeito.

Deus, então, o colocou de volta no lugar original e sorriu.

Sua missão estava finalmente cumprida.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 21/01/2018
Reeditado em 21/01/2018
Código do texto: T6232448
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