Nesse meio tempo cheguei aos 50. Meio século de vida. Fiquei assustado não com a idade, mas com a rapidez do tempo. Estou entrando no segundo tempo. Não tive uma crise, mas passei a minha vida a limpo e lembranças vieram a tona: Lembranças da infância, adolescência, lembranças doces, outras amargas, sonhos que não se realizaram, promessas cumpridas, promessas não cumpridas. Memórias que não importavam mais....voltaram.
          Estou num processo de limpeza, de mudanças. Estou aprendendo a perdoar, jogando fora raivas, rancores, mágoas e frustrações. É um processo difícil, lento e doloroso. A maturidade me trouxe paz e me tornei uma pessoa mais segura, tranquila. Descobri que não preciso de muito para viver e adotei a simplicidade. O espiritismo me ensinou que quando desencarnamos não levamos nada, nem o corpo fisíco. Chico Xavier sábiamente dizia: Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Grande Chico!
          Eu sei que vivi. Certo ou errado, vivi. Fiz tudo o que eu tinha direito ou pelo menos o que deu para fazer. Claro que me arrependo de algumas coisas, não sou hipócrita, mas até as coisas que me arrependo fazem parte da minha história. O certo e o errado fizeram a pessoa que sou hoje.
          Li certa vez em algum lugar que sabemos se nossa vida foi boa quando sentimos saudades do que vivemos. E eu sinto. Até das coisas ruins. Mesmo com todos os problemas, fui feliz. Talvez não tenha aproveitado o suficiente, mas aproveitei o que foi possível e o que me foi permitido aproveitar.
          Belchior foi quem melhor definiu minha geração quando cantou: Ainda somos os mesmos e vivemos, como nossos pais. Que definição magnífica. Perfeita.
          E assim, entre certezas e incertezas, a vida segue e não me permite parar.
José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 19/01/2018
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