S a n g r a n d o

Ah, amor quando, enfim, eu soltar de fato a minha voz, entenda, por favor, que palavra por palavra trata-se de uma pessoa que está literalmente se entregando, escancarando seus sentimentos, chutando o pau da barraca das convenções e da ordem injusta estabelecida. É um catarse, amor. Um som rouco de clamor por justiça.

Sim, querida, estarei com o coração na boca e de peito aberto, sem nenhum temor, mas disposto a fazer valer meus ressentimentos com as injustiças e exigindo um acerto de contas, com juros. Juro. Vou, vou sangrando. Sangrando e cantando. Cantando e lutando contra as dores e injustiças.

Juro que quando abrir minha garganta será com uma força tanta que tudo aquilo que você ouvir, fique certa, será o que estou vivendoe lutando. Sem volta. Vão me pagar perdas e danos.

Estou, meu amor, vendo o brilho nos teus olhos e também notando o tremor nas minhas mãos, sei que meu corpo está todo suado, todo meu ser transbordando de raça e emoção.

Olha, amor, se por acaso eu chorar e o sal mohar o meu sorriso, nçao sinta medo e nem se espante, cante, porque o teu canto, creia, é que me dá forças para lutar.

Quando eu soltar a minha voz, portanto, não estranhe, é apenas o meu jeito de tentar viver e de lutar por justiça.

P.S. Para mim o compositor que mais conseguiu dissecar a injustiça e ferir fundo o fascismo foi Gonzaguinha, não tirava por menos, nao fazia concessão. pregava a revolta. Adoro essa música Sangrando e só gosto de ouvir na voz dele. Era a voz da revolta. Do que estamos precisando hoje no nosso país. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 21/12/2017
Código do texto: T6205065
Classificação de conteúdo: seguro