A MINHA HISTÓRIA DE JOÃO E MARIA

Maria adorava nhoque,

João adorava o azul.

Maria não perdia novela,

João não perdia briga de galo.

Maria era fissurada em tricô,

João era fissurado em literatura.

Maria amava tango,

João amava pastel de feira.

Maria era fã dos Beatles,

João era fã de cachoeira.

Maria defendia o aborto,

João defendia a maconha.

Maria vibrava com a família.

João vibrava com som de britadeira.

Maria aprendeu a cozinhar,

João aprendeu sapateado.

Maria se tratava com acupuntura,

João se tratava com conversas de botequim.

Maria suava frio com dentista,

João suava frio com montanha-russa.

Maria se empenhava em ser feliz,

João se empenhava em emagrecer.

Maria pouco entendia de diplomacia,

João pouco entendia de sumô.

Maria sonhava com avião.

João sonhava com maratona.

Maria achava esquisito envelhecer,

João achava esquisito formigueiro.

Maria se sentia encurralada pelo sexo,

João se sentia encurralado pela solidão.

Maria tinha fé em Deus,

João tinha fé nele mesmo.

E foi assim, com sentimentos tão parecidos

e afins,

que João e Maria construíram uma trilha juntos,

se alicerçaram na mesma raiz, produziram frutos,

envelheceram lado a lado e só se separaram

quando a vida deixou de abrigar um deles.

E foi assim com sentimentos tão afins, tão irmãos,

tão geminados, tão refletidos, tão ecoados,

tão parelhados, tão cara de um e focinho do outro,

que venho levando meu casamento de 25 anos.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/12/2017
Reeditado em 17/12/2017
Código do texto: T6200948
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