Quero ser feliz
Certos projetos muitas vezes morrem, mas as ideias não. Porque elas são reincidentes nos replicantes que a Natureza nos oferece depois que desaparecemos. Nós, que somos replicantes dos que nos antecederam.
Projetos sempre existirão, mas alguns fenecem. Existirão porque terão como base ideias que não morrem.
Vejamos o caso dos projetos para a construção de uma sociedade feliz. Ou, pelo menos, projetos concebidos para ajudar as pessoas a viver melhor. Bem consigo mesmas, encontradas, realizadas. Quantos já não terão desaparecido? Até mesmo os elaborados por (ou que tiveram a colaboração de) famosos tiranos. Ou por pseudo-democratas. No entanto, a ideia de uma sociedade feliz, ou do homem feliz, não desaparece nunca. Por mais inatingível que possa parecer.
A família, por exemplo, pode ser, para alguns, um projeto fracassado, à luz da modernidade de nossos dias. Mas mesmo no tempo presente, podemos considerá-la como um projeto necessário e imprescindível. Ainda que com formato diferente. Sobretudo agora com a união de pessoas do mesmo sexo, as adoções, fertilizações “in vitru”, em úteros alugados, etc. Porque permanece a ideia de que precisamos contar com elementos que nos ajudem na formulação de quem somos. No entanto, para que uma criança não sentisse a falta do pai que não tem, seria preciso que todos os seus amiguinhos não tivessem pai também.
Isso hoje, pelo menos. E no futuro, por mais obscuro que seja, sempre estaremos querendo nos encontrar. Essa a ideia básica. E para ela concorrerão todos os projetos disponíveis, eventualmente abandonados ou não, que serão reeditados sempre com fundamentação nessa ideia que não morre.
Maricá, 03/12/2017