FEIURA NÃO É PROBLEMA

FEIURA NÃO É PROBLEMA

(Almir Morisson)

Um dia, estava lendo um livro do coestaduano Billy Blanco, a quem sempre sonhei conhecer pessoalmente e que a vida não me deu oportunidade, apesar de ter sido muito amigo de duas pessoas muito chegadas a ele, o Edyr Proença e o Antonio Lemos. Como diz o Boldrin, os três viajaram antes do combinado. Ao deparar, pela primeira vez, com uma de suas músicas intitulada “Receita de mandar mulher embora” achei que talvez, mesmo sem intenção, e sem conhecimento, podia ter parodiado suas palavras quando, em 1997, fiz a minha “Receita para aturar mulher feia”.

Acontece que a intenção jocosa da minha música não conseguiu chegar ao público, pois fiquei um pouco acanhado de cantá-la e meu colega do Clube do Camelo que sempre fica com as músicas mais engraçadas também não quis interpreta-la em um show nosso, talvez por qualquer razão escondida. Quem sabe alguma personagem poderia achar que a carapuça lhe cabia e ficasse zangada com o dito cujo cantor.

Tentei mudar o nome para “Feiura não é problema” para fugir do politicamente incorreto, mas nada aconteceu.

O nome com o qual rebatizei também lembra outra do Billy chamada “Feiura não é nada” que também nunca tinha ouvido nem visto mais gorda. No livro do Billy a musa tem nome e sobrenome, mas a minha é puro fruto da imaginação. Não sei que caminho tortuoso juntaram as ideias destes dois compositores tão distantes. Quem sabe algum dia, quando Deus me chamar, ainda encontro com Billy e ainda possamos ser parceiros no infinito.

Bom, o fato é que, sabe-se lá o que pode ter ocorrido, mas a verdade é que nunca mais ofereci a música pra ninguém. Talvez um dia encontre algum menestrel mais sem vergonha ou eu mesmo crie coragem pra canta-la.

A letra é assim:

FEIÚRA NÃO É PROBLEMA

(ALMIR MORISSON)

Se você tem mulher feia

Não se avexe ou se chateie

Não esquente ou se aperreie

Que eu vou logo lhe contar

Escute bem meu amigo

Repare o que digo

O que vou lhe “contá”

Tem gente que gosta

De jiló, de alho

De cebola crua

E até de apanhar

Cerveja é danado de amarga

Mas bem geladinha

É bom de beber

É como pimenta

Que mesmo queimando

Eu boto contente

No meu vatapá

Escute bem meu amigo

Isto se deu comigo

E eu vou lhe “ensiná”

Arranque o fusível

Que na noite escura

É quase impossível

Sentir a feiura

Vai ver que é um barato

Lá pras onze e meia

No cheiro e no tato

Nem sabe se é feia

Garanto se for carinhosa

Não precisa ser formosa

É só não se por de prosa

E deixar de vez em quando

Que eu dê um cheiro na Rosa

E jogue o meu futebol

Mas se além de horrorosa

For ciumenta e “reclamosa”

Não tem remédio que cure

Nem plástica nem pancada

Não tem nada que segure

É bom ficar bem esperto

Eu recomendo de certo

Melhor não chegar nem perto

A música, bem, a música, para os curiosos, vou ver se coloco nas nuvens a gravação de registro que sempre faço. Procurem pelo nome, na internet. Talvez achem...