O FLERTE
Jurandir arrumou uma namorada, numa cidade vizinha, e toda semana a visitava.
-Que saudade, Didi! Que bom que você veio me ver!
-Meu amor, eu não via a hora de estar aqui, juntinho de você!
-Hoje à noite iremos a um lugar diferente. Advinha onde é?
-Hum... Na casa de uma amiga sua?
-Errou. Vamos ao circo.
-Cir-co?!
-É, benzinho! Você não me disse que gosta muito de circo? Pois é... Chegou um, esta semana aqui em Lajinha, e dizem que é ótimo!
O rapaz lembrou-se que estava com pouco dinheiro e articulou:
-Amor, em vez disso, que tal passearmos na pracinha e tomarmos um sorvete, hem?
-Ah, não! Isso nós já fazemos todos os domingos! Quero ir ao circo!
No caminho, o jovem fez as contas e o dinheiro só dava para um ingresso.
Quando pararam em frente à bilheteria, ele teve uma idéia.
-O quêêêêêê?! Você tem coragem de flertar com aquele rapaz, pertinho de mim?! Que absurdo!!!
E amanhã, quando eu não estiver aqui, o que você fará?!
-Eu?! Fler-tan-do?! Nãããããããão! Olhei para ele só por olhar!
-Mentira sua! Eu vi com estes olhos que a terra há de comer, mas só daqui a um montão de anos, viu?
-Você está equivocado! Eu jamais olharia para outro rapaz com segunda intenção!
-Quer saber de uma coisa? Comigo você não entra no circo de jeito nenhum! Vou sozinho! Fique aí fora, sua assanhada!
Daí a pouco...
-Benzinho, eu vim também! Juro pela minha mãe mortinha que não flertei com aquele moço! Acredite em mim, pelo amor de Deus! Eu te amo tanto, Didi!
-Está bom! Já que está aqui, pode ficar! Desta vez eu te perdôo, mas da outra...