Infraestrutura aloprada

Tomei parte em algumas campanhas políticas no tempo da ditadura, no anigo MDB, por pouco tempo, apenas ajudando e sem nunca participar como candidato a nada. Goistavadaquela zorra, principalmente das campanhas municipais.

O que mais gostava era dos chmados "bate-papos", os pequenos comícios na ponta das ruas. Adorava ouvir os improvisos (era assim que Odorico chamava seus discursos) dos candidatos, especialmente os que faziam certas "tiradas" que faziam rir. Um desses oradores era um cara do bem, gente fina, direito, despachado, muito sincero, era meio surdo e só falava gritando, se atrapalhava com o que os outros diziam. Mas, pasmem, sempre conversei com ele numa boa, devagar, ele lia o que eu dizia, mas meus ouvidos doiam com seus gritos. Esse sujeito, do MDB, resolveu se candidatar a vereador. E seus discursos eram longos e engraçados paca.

Um deles foi numa rua que ficacva no caminho da serra. Um lugar muito alto e esquecido pela prefeitura. Era o tempo da ditadura e do milagre brasileiro, se falava muito em obras de infraestrutura, era palavra da moda. Pois bem, num "bate´papo"nessa rua, no pé da serra, o candiato que conhecia o local como as palmas de suas mãos, morava lá, o comício foi na sua porta, pegou omicrofone, daquele enrolado numa flanela por causa dos choques e mandou brasa com seu vozeirão, achoi que nem era preciso o microfone Vou tentar repetir uma parte do que ele falou com a lingugem dele:

""Meus amigo, derna deu menininim de carça curta que oiço falá que o povo dqui vevi pisando in merda, us mininu brincano dentro da lama e nadando nis igoto fedeorento, as muriçoca picando a gente o dia todo e as noite, fossa aberta, lama in todo canto. Oiço dizê qie tamo no tá milagre brasilêru, maizi é mintira porque aqui num fizeru nada. Maizi se vocês votarem nm mim pá veriadô eu vô resorver o probbrema. Ora se vô. Vô fazé cuma eles dizi, obra de impaespetura, essas palavrinha dicie e mentirosa, que significa só fazê, isgoto, fossa e caná pá acabar com a lama e a merda e o mijo invandi as rua. Éargo faci demais, o meu projeti, começa no buraco de Sinhá Fiolomena inté os côco de Bastião, asdepois a gente bole tamabém com o rêgode Dona Santinha, corta nas rolas de Antero, desce pelas piquita de Zabé e firnamente chega na bomba de Z´pe Picão. Facim, facim, é só varem em mim".

Bolei de rir, tive até medo de ter um acesso de asma, naquele tempo eu só tomava comprimidos de asmac e fnlinasma, o efeito era mais demorado. Eu estava com um amigo que era da cidade, estava de férias, era engenheiro civil do Dnocs, ele me viu rindo, mas não riu. Fomos depois para o Buraco de Sinhá Fiolomena, um boteco, tomamos uma cerveja e ele me disse sério:

- Bicho, você riu muito do que o sujeito da obra de infraestrutura que o candidato quer fazer, coisa difícil, mas, sabe de uma coisa?, ele traçou exatamente como deveria ser feito a obra, o desenho é exato, ele conhece mesmo o problema e as tubulações, esgoos e obras teriam que seguir esse percurso. Se eu fizesse o projeto seria seguindo o mesmo traçado.

Daí em diante comecei a reséitar ainda mais o candidato, torci para ele se eleger, ajudei, mas não deu, ele não foi eleito por causa de uns cinquenta votosa menos. Não votei nele porque ainda votava em Arcoverde. Mas se já toivesse transferido o título o meu voto seria dele. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 23/11/2017
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