EXISTE UM JEITO DE DAR UM JEITO?
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Existe. Basta, no caso dos parlamentares, querer “usar um projeto contra a corrupção como hospedeiro de uma anistia para salvar o pescoço de políticos que usaram caixa dois”. “Brasília é uma ilha, uma cidade que fabrica sua própria lei.” É excelência pra lá, excelência pra cá, reforma pra lá, reforma pra cá, dois pra cá dois pra lá, caixa dois, assim, ou assim – caixa 2, não importando se caixa de ressonância, ou não, dos anseios populares. Controlam com tacadas de mestre os recursos desviados da escrituração legal, com o objetivo de sonegá-los à tributação fiscal. Propina, vocábulo esvaziado de seu conteúdo, virou palavra de almoço e janta, de botequim e parlamento, de rádio e televisão.
Os culpados se defendem da imputação de corrupção lançando mão de todos os meios, absurdos e inimagináveis, à mão, fora de mão, sem abrir mão: silêncio, negativa, mentira, transferência de culpa. Acusam a Justiça de extrapolar e extrapolam de suas competências, atribuições e obrigações. Mas não deixam de se atribuir imunidade parlamentar, foro privilegiado, impunidade, propinas e quejandos. Um congresso longe de ser um Congresso com um “C” maiúsculo.
“Ad commodum suum quisquis callidus est.” Na defesa de seus interesses, cada qual é versado, esperto, astuto. Cada um é hábil no manejar seus interesses. Político corrupto acode onde mais lhe interessa: o bolso. Cada qual, sim, homem ou mulher, sabe como acomodar seu calo. Político hábil, então, “callidus temporum”, na expressão de Horácio. No popular, quem tá perdido caça caminho...
D’Os Paralamas do Sucesso a música, aqui pinçada, Luís Inácio (300 Picaretas): “São trezentos picaretas com anel de doutor. Eles ficaram ofendidos com a afirmação que reflete na verdade o sentimento da nação. É lobby, é conchavo, é propina e jeton”. Essa canção, composta por Herbert Vianna, foi lançada em 1995. Não abono nem desabono seu conteúdo, mas “Luís Inácio avisou”...