SAUDADE DO PAPAI

Estou com muita saudade do meu pai, Gerd Silbiger ou Geraldo, como ficou mais conhecido no Brasil. Conseguiu sobreviver ao Holocausto e foi capaz de cruzar o oceano para construir novas raízes neste país. Na segunda passada foi meu aniversário de 60 anos. Meu pai tinha o costume de ligar logo cedo nos aniversários dos filhos pra dar parabéns. Fez isso até 2002 quando partiu. Confesso que esperava ouvir a voz dele no telefone me tirando da cama. Mas não teve isso. O que teve foi o café da manhã na cama oferecido pela esposa e filhos com cartinhas deles falando coisas bem legais. Fiquei feliz e emocionado, mas reconheço que trocaria tudo só pra ouvir os parabéns de papai. Mas ele não deixou por menos. Sonhei com ele naquela noite. Foi algo meio difuso, não lembro bem das cenas, mas tenho certeza de que ele percebeu minha frustração pelo telefonema que não veio e fez a sua parte. Pai é pai. Esteja onde estiver, não esqueceu deste filho caçula que o amava tanto. Não esqueceu do que fizemos juntos, das conversas que trocamos, do amor que fizemos pousar na alma do outro. Pai é pai, com todo seu jeito de polaco abrasileirado, aquele modo de falar que era só dele, caramba que saudade! Lágrimas escorrem dos meus olhos agora, como se a saudade fosse capaz de escoar a dor que a distância tanto causa. Que vontade de estar de novo com ele, pai querido. A gente ainda vai ficar junto de novo um dia, que queira Deus, quem sabe? Então vamos poder nos abraçar de novo e colocar este montão de assuntos em dia. Vai me contar por onde andou nestes 15 anos, que parecem 15 séculos. Mas de uma coisa tenho certeza: na noite do dia 13/11 ele veio pra cá só pra ficar perto de mim. E nada mais.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 15/11/2017
Reeditado em 15/11/2017
Código do texto: T6172672
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