HALLOWEEN

Quando virem a tua estampa, ninguém vai imaginar a terrível poção do mal e as bruxarias de que poderias vir a ser capaz. Bem, a uma poetisa de teu quilate o mal sempre respeita. Eu tentaria colocar uma máscara tipo aquelas "do pânico televisivo", pode ser que alguém consiga te levar a sério e acredite nos malefícios do teu caldeirão. Mas imagino que vai ser difícil à luz diurna. O anjo do Mal entronizado em teu corpo só poderá ser localizado à noite, na qual todos os gatos são pardos e a ferocidade das coisas e dos bichos é maior. Acho que pensarão que é a lua minguante que desceu à terra dentro da abóbora iluminada, como algo a lembrar a lerdeza dos cágados. E eu me esconderei dentro do riso, vívido de humor e de esperanças. E só pra não perder o costume insistirei no intento de que sou um lobisomem...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

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