Fraqueza e um grande amor

As hstórias de amor clássicas são poéticas e algumas foram até embaladas por musicas célebres dos maiores compositores do mundo. Várias são classificadas como tragédias tpo Romeu e Julieta, se perpetuaram pelos tempos, mesmo sendo ficção.

Sendo tragédias ou não, ficção ou realidade, possuem algo em comum: veram sobre um grande amor. Um amor verdadeiro que se impõe, vencedor ou não, às adversidades. O grande amor então pode ser melancólico, pungente, triste e trágico, mas é lindo. O grande amor, hermanas e hermanos, é lindo. E priu.

Conheço uma história de amor, pungente, triste e trágica, mas baseada num grande e verddeiro amor. Um amor arretado. É claro que conheço vários casos de amor em que os dois protagonistas foram ou são felizs para sempre. Mas não sei por que me emociono mais com os que viram ou encerram uma ragédia. Talvez porque há no sofrimento uma poesia muito forte e emotiva, algo que nos atinge e leva às lágrimas.

Vou relatar uma história de amor triste, humana, sofrida, dolorosa, verdadeira e, também, com uma certa pitada de humor. Uma história de amor que não foi emblada por uma música clássica, célebre, hit eterno, mas por um sambinha popular daqueles que costuma contraiar os intelectos mais exigentes e elitistas.

Conheci - ainda conheço - um sujeito que foi um grande boemio. Um boemio comme il faut, ou seja boemio de verdade e em tempo integral. Acho que bebeu toda a sua cota de álcool. A vida dele era as serestas, noitadas, farras. Mas, embora fosse um boemio inveterado que trocava a noite pelo dia, esse sujeito er apaixonadíssimo pela esposa. Mulher para ele só a sua esposa. Farrava muito, mas nunca se envolvia com nenhuma mulher. Eu lembro até que certa época por causa disso ganhou um apelido: Boemio Ferrolho. O interessante é que a boemia nunca atrapalhou a vida dele com a esposa, esta sabia da sua fidelidade. É claro que quando ele passava dias na farra, ela retaliava, mas sem exagero e nem radicalismo. Quando ele sabia que ela estava irritada, sempre andava com um violão, tocava e cantava muito bem, ele entrava em casa dedilhava o violão e cantava o sambinha de Antonio Carlos e Jocafi, "Fraqueza": "Errei, quero uma chance para recomeçar/ Dizem que pau que nasce torto morre torto/ Eu não sou pau, posso me recuperar". Ea ria e se abraçavam. Até lembro algo realmente hilário, fui levá-lo em casa certa madrugada, o cara tava caindo de bêbado, qando entramos a esposa dele estava com uma vassoura na mão, meia enfezada, ele olhou para ela e mandou ver: "Vai varrer a casa ou vai voar? Desarmou a mulher, ela riu e ele, mesmo aos baques, cantou um pedaço do sambinha, ficou tudo nos trinques.

Mas aí, na história do grande amor sempre tem um aí, ela adoeceu, grave, uma doença incurável. Tentaram tudo, mas não deu certo, ele foi definhando, definhando... O sujeito largou boêmia, largou tudo, ficou ao lado dela o tempo todo, nunca se vou tanto desvelo, carinho, ternura, cuidado, ficou com ela até o fim. Quando o quadro s tornou irreversível eu não consegui mais visitat o casal, nao aguentava, chorava demais, só fazia ´prejudicar. Mas outro amigo, um cara religioso, que nunca deixou de acompanhá-los me contou algo que ficou para sempre na minha mente e coração. Ele me disse que nos seus últimos momentos, mesmo falando com dificuldade, ela pediu ao marido: - Neguinho, pega o vilão e canta para mim aquele sambinha. Ele pegou o violão, sei que sofrendo muito, mas atendeu ao pedido dela e dedilhou o violão e cantou: "Errei, quero uma chance ára recomeçar....". Algo de arrepiar.

O cara hoje vive para as lembranças da mulher, não bebe, não farra, nem tampouco é infeliz, ele vive, repito, para a mmória dela. No dia de finados eu estava lendo um capítulo de um romance policial quando o telefone tocpu. Atendi era esse cara, depois de algumas amenidades, ele disse: - Sabe de onde tô chegando? Disse que não fazia idéia. Ele sclareceu: - Vim do cemitério, levei o violão e cantei o sabinha par Neguinha. Não falou com emoção, mas como se tivesse feito algo absolutamente normal. Depois que desligamos eu pensei com os meus botões: - O Grande Amor não morre, ele continua mesmo quando um dos amantes parte. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/11/2017
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