Los muertos de mi felicidad

Compreendo e até me emociono com o desvelo, carinho, ternura e respeito com que as pessoas pensam e recordam seus mortos queridos no dia de finados. Elas adquirem as flores mais bonitas, compram velas, vão aos cemitérios, rezam, choram e recordam seus entes queridos que estão noutro plano de vida. O dois de novembro é, portanto, um dia em que realmente as pessoas recordam dignamente os mortos.

Nada contra, antes e pelo contrário, acho bonito esse desvelo, emocionante, até pessoas frias e insensíveis consguem neste dia abrandar a frieza e lhes brota um poquito de sensibilidade. Mas, hermanss e hermanos, eu não vou aos cemitérios nessa data, não levo flores, nem velas, nem rezo, nem choro, nem tampouco tenho um tratamento diferencido com os meus mortos. Explico: é que não tem um só dia, repito: um só dia, que não recorde os meus mortos, mãe, pai, irmão, amigos do peito que estão lá no outro plano de vida. Os seus retrato estõ na minha cabeceira, vejo-os todos os dias, e seus exemplos e cenas de suas vidas desfilam diariamente à minha frente. Não raro, acreditem, converso com eles como se estivessem vivos. E estão , juro, porque nunca os esqueci e nem esquecrei. As pessoas até riem quando falo naturalmente: "Amanhã é o aniversário de ai!", "Só gosto de dobradinha feita por mãe!", "Bcho!, essa Isinho(meu falecido irmão) é doido por essa música!", "Esse carro é igualizinho ao de Rolim (um amigo que foi assassinado por defender os índios), assim sem sentir que eles partiram, porque na minha mente e coração estão vivos.

Mas vendo pessoas de minha família se preparando para ir visitar os túmulos dos nossos mortos, nao pude deixar de sentir uma pitadinha extra de saudade do meu irmão que partiu tão cedo, com quem era muito - ainda sou - apegado. Então peguei uma velha fita-cassete onde ele gravou uma música do cantor e compositor Sílvio Rodrigues, "Pequeña Serenata Diurna", ele amava essa musica e botei no velho som Toshiba, ouvi com os olhos marejando, principalmente quando ouvi o verso: "Soy feliz/ Soy un hombre feliz/ E quero que me perdonen/ por este dia/ los muertos de mi felicidad".

Acho queessa música me faz recordar (?) meus mortos, principalmente meu hermano Isinho, todos vivos porque a morte física anão interrompe a vida. Para mim nunca morreram e nem morrerão. Acho que su tipo mexicano, eles fazem é festa para os mortos.

Volto à música e traduo um verso que também me amarro:

"E como se não bastasse/ tenho meus cantos/ que pouco a pouco/ moo e refaço/ habitando o tempo/ como cabe/ a um homem acordado".

Viva los muertos de mi felicidad, estão vivos na minha mente e coração, são sentimento. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 02/11/2017
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