Vero Amore

Ontem encontrei um amigo que não via há muito tempo. Fomos logo a um boteco atualizar os boatos e fuxicos, bater aquele papo que teria que ser longo haja vista as pendências geradas pelo tempo. Sentamos e, sem ligar para a proibição médica, ambos estamos proibidos de beber e de dieta radical, fomos logo pedindo uma lapada de Pitu Gold, limão e, claro, um pratinho sarapatel com farinha e pimenta malaquêta.

Começamos o cascatear de lembranças, recordando o passado e atualizando as conversas. Esse amigo, diferente de mim, é um arretado em contar causos oralmente. E é fascinado por histórias de amor. E doido por músicas italianas, de tanto viajar à Itália já arranha o italiano. Quando conta um causo de amor ele sempre diz que é "Vero Amore". Ontem ele me contou mais uma historinha de amor que guardei na mente, fiquei emocionado. Vou tentar recontá-la swem o brilho do amigo.

Segundo ele, um casal já maduro, na faixa mais ou menos dos sessenta anos, vivia numa casa de madeira, tranquilos, vivendo um grande amor, felizes de verdade. Um vero amore. Não tinham filhos, um vivia para o outro. Mas um dia, infelizmente, sucedeu uma tragédia, os grandes amores sempre sofrem uma tragédia, algo shakesperiano. A mulher estava na cozinha quando, de repente, a cozinha pegou fogo, a cozinha e a casa. Ela foi literalmente atingida pelo fogo e ainda gritou. O marido que estava dormindo acordou e correu para socorrê-la tmbém, foi, óbvio, atingido pelo fogo, nas mãos e parte do corpo, mas ainda conseguiu ajudar a mulher. Chegram os bombeiros, mas apagaram o fogo mas a casa acabara, levaram imediatamente o casal para o hospital mais próximo.

Algum tempo depois, quando saiu da UTI, o marido foi visitar aeswposa que estava num quarto do hospital. A mulher estava toda deformada, e só pensava em morrer para que o marido não fosse obrigado a ve-la deformada.

Quando ele entrou no quarto,ela timidamente perguntou:

- Tudo bem com você, meu amor?

Ele respondeu com muito carinho e doçura:

- Sim, pena que o fogo atingiu meus olhos e nao posso mais enxergar, mas fique tranquila, terei sempre a visão da sua beleza.

A mulher pensou: "Como Deus é bom, vendo tudo o que aconteceu com o meu marido trou-lhe a visão para que ele não me enxergasse desfigurada como um monstro. Obrigado, meu Deus!".

Quando se restabeleceram totalmente foram morar em outra casa, one viviam felizes, ela fazendo de tudo para o seu adorado esposo, e ele maravilhado, sempre repetindo: - Como você é linda, meu amor.

Viveram mais vinte anos de vero amore, até que a mulher faleceu. No dia do enterro, na hora da despedida, na presença de várias pessoas amigas do casal, o marido cegou ao local com a bengala mas seu usar os óculos escuros que sempr usava. Foi até ao lado do caixão, beijou ternamente o rosto da esposa dizendo:

- Como você é linda, meu amor. Eu sempre te amarei. Juro.

Um amigo que estava junto dele, vendo a cena, perguntou a ele, desoncertado, se tinha havido um milagre e ele estava novamente enxergando. O velho olhu o amigo nos olhos e derramando lágrimas quentes no rosto dsse:

- Nunca estive cego, apenas fingia, pois quando v a minha esposa toda qeimada sabia que seria muito duro para ela continuar vivendo dess maneira, eu lhe enxergando toda deformada. Foram, creia, 20 anos de felicidade, ternura e amor.

Segundo o meu amigo, a história lhe foi contada por alguém de absoluta confiança. O vero amore não seria ficção. Não duvidei, até torço para ser um uma história verídica, enchi os olhos de lágrimas e tomei mais uma meia dúzia de lapadas de Pitu Gold, tirando o gosto com sarapatel. Sou também alguém sentimental e que vibra com um vero amore, até mesmo sendo apenas ficção. Juro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/11/2017
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