PUXA-SACO: ÊTA RAÇA!

O puxa-saco e a puxa-saco são criaturas bizarras, nefastas. Se proliferam feito praga pelos quatro cantos, em tudo que é lugar. Quando menos esperamos, nos deparamos com a sua cara lavada de quem não quer nada, de quem está aí só pra ajudar. Mas, de fato, não é nada disso. O que querem é só o proveito próprio, tirar uma lasquinha de vantagem de cada situação, e cada momento será crucial na busca desenfreada dos seus objetivos. Conheci vários ao longo da vida e tive a triste oportunidade de conviver com alguns lado a lado durante muito tempo. Nunca botei fé neles. Tive que fingir que éramos amigos, em nome de uma convivência pacífica. Tanto tempo vivenciando seu modo de pensar e agir que acabei por desenvolver uma fórmula para identificá-los de bate-pronto. É coisa simples. Eles sempre emendam a fala do seu interlocutor com comentário apoiando o conteúdo do que foi dito, por mais absurdo e despropositado que tenha sido. Curioso é que se o mesmo comentário tivesse sido emitido por alguém de quem não quisessem puxar o saco, a sua emenda seria totalmente diferente. Dessa forma, o intelocutor ficará com a nítida impressão de que há sinergia de pensamentos. Pura balela. E assim o nosso puxa-saco (ou nossa puxa-saco, porque as mulheres formam um forte cordão nesta seara) vão levando a sua vida, tendo a impressão de que estão agradando e arregimentando o seu séquito com toda tranquilidade. Até o dia em que a casa cai e toda esta encenação vira fumaça, levando junto seus sonhos de poder. Então desce a cortina e o seu espetáculo funesto chega ao fim.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 01/11/2017
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