MÃOS EM CARNE-VIVA
Quero entender que criatura vive dentro de mim. Quantas frutas saem do meu pomar e, sobretudo, onde se ligam os sóis que fazem caminhar. Quero escutar as vozes que se espreitam diante dos meus gritos, e também desaparar as asas que carrego na mochila dos meus sonhos. Quero me refletir pouco austero, pouco ranheta, pouco fugido. Quero saber de onde brota meus sangue e por que cargas d'água ainda não arredei pé da minha alma. Quero dissecar as fuligens toscas da minha pele, o gosto amargo dos meus ventos e a mão cheia de calos dos meus poréns. Quero ser mais obtuso para soerguer vinhetas de fé nas réstias assuntadas da paixão. Quero descascar os roncos bizarros da inquietude, aquelas rebarbas tão descabeladas que ainda trago dentro dos meus olhos. Quero ser poeta, não poeta farsante, mas poeta relampejado, daqueles que aplaudimos até deixarmos nossas mãos em carne-viva. Quero abater meus medos ainda no útero para que nunca mais ousem me desafias feito machado em brasa. Quero saber tudo que tenho direito, mas sem as babas fedidas daquele fantasma chamado de solidão. Quero ser mais louco para descartar meus toscos respiros até não poder mais. Quero apartar meus vinténs de paixão até o dia dizer fui.
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