Esperando uma carta que talvez nunca chegue

O capitão Pedro Gutierrez, vítima de perseguição no seu país, isolado numa ilhota quase deserta, fora condenado a fuzilamento, mas na última hora converterm a sentença em exílio nos confins do país, nunca se conformou com essa injustiça, tinha fé que ele seria revista e ele voltaria ao seu posto.

Nessa ilhota, uma espécie de aldeia onde viviam poucas pessoas, onde havia apenas auma mercearia, uma farmácia, um açougue, uma cadeia, ua rinha de galos, um puteiro decadente e uma agência dos Correios, além, claro, uma capela dirigida por um cura demente, o capitão vegetava com a esposa numa casinha acanhada e deteriorada no final do povoado.

O capitão havia feito um requrimento ao governo, um documento muito nem elaborado, em cuo teor explicava a perseguição de que fora vítima e solicitava proividências urgentes para voltar ao seu posto. E ficou esperando... esperando... esperndo... pela resposta que nunca chegava. Todo dia ele aguardava a passagem do carteiro bêbado, que gaguejando dizia: - Ne..ne..nehuma carta pa pa ra o capitán. Qando o carteiro de ressaca ou bêbado demais não aparecia wele ia à agência e antes de perguntar pela carta uma velhota nem falava, só fazia balançar o dedo sinalizando o não chegou.

Sua única diversão nessse fim de mundo eram dois galos de briga de raça que possuía, raramenteos botava para rigar na rinha, não tinham adversários à altura. Ele tratava os galos como filhos, talvez porque nao tivesse filhos, só tinha de patrente e família a esposa, uma megera, "una bruja vieja" como a chamava, que o maldizia todos os dias, aumento o seu sofrimento, inclusive reclamando que ele gastavagrande parte d miséria de pensao que recebia com comida para sos malditos galos. O pior é que era verdade. Deixava de adquirir alguns alimentos para adquirir a ração dos galos.

Ficava o dia quase todo sentado num tamborete bambo debaixo de uma goiabeira, as borboletas rodopiando e a poeira comendo no centro trazida pelo vento, rememorando sua vida militar, as batalhas que participou, as lutas que travou e, pasmem, até os amores que viveu, mas sempre sentia dentro de si como algo vivo e bulindo esperança de que receberia a tl carta colocando-o de volta no exército. Era isso que o animava, mas o barato era sempre cortado pela latomia da esposa, suas reclamações, xingamentos e até pragas. Quandoele começava a reclamar e a xingar, a ficha dele caía e então sentia que vivia num inferno.

Continuou ali, com sua esperança e seu drama, dia após dia, esperando, esperando, esperando, de um lado com a esperança e os seus galos, do outro com aquela reclamação da brja vieja. Não sabia quanto aguentaria, mas de vez em quando rindo de si mesmo exclamava para os galos:

- Carajo, que vida de mierda. Hasta luego. Inté.

PS: Para mim um dos maiores escritores do mundo foi e continua sendo Garcia Márquez. Li todos sos seus livros. Concordo que Cem anos de Solidão, Um General em seu labirinto, O amor nos tempos do cólera... são ótimos, clássicos, notáveis, geniais, pero, acho que muitos dos seus leitores esquece de uma jóia que ele escreveu, uma novela, um livrinho bem fininho, chamado "Ninguém escreve ao coronel", acho que foi o livro que gerou todos os ouytro. É perfeito. Lindo. Peço deculpas por tentado fazer uma maltraçada baseado nele. Pardón.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/10/2017
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