J a l o u s i e

Adoro esse tango. Adoro. Confesso que adoro também a palavra, mas dita em francês, sem traduzir. Em português não gosto de pronunciá-la. talvez porque como todo ciumento enrustido que não gosta de confessar o óbvio ululante: todo ser humano é ciumento, mas teima em esconder, disfarçar, fingir que é infenso a esse sentimento. Um sentimento natural, a menos que seja exagerado, se evoluir para esse estado se torna perigoso. Acho ridiculo, e estou no rol dos ridículos, tentar esconder o ciume.

Tem outra música, não é o tango traduzidoe cantado por Francisco Alves, que não me lemnro do nome que diz num verso, "só não tenho ciúme da pequenina cruz do teu rosário" . É um exagero, mas às vezes é uma verdade. O amor tem muito do componente do ciúme, se não tiver não é amor.

Msas, repito, o ciúme é perigoso quando exagerado porque fica incluso no rol das posses de um indivíduo. E ninguém é propriedade de ninguém, assim como ninguém manda no sentimento dos outros. O ciúme torna o cimento radical inseguro. Quando penso no ciúme exagerado lembro uma frase de Bob Marley: "Sinto ciúmes de tudo que eé meu, e de tudo que acho que devi ser meu". Exagerado, mas sincero.

Ah, o ciúme... É fogo na roupa, faz bolinha com a gente, pinta o sete, vira as canecas... Disse Shakespeare: "Os ciumentos não precisam de motivo para ter ciúme. São ciumentos porque são. O ciúme é um monstro que a si mesmo se gera e de si mesmo nasce".

Mas quem se livra do ciúme? Quase ninguém, não invejo as exceções, um ciúme bem dosado só faz bem, é amor. Agora vou ouvir o tango Jalousie e, confesso, abrindo uma exceção vou tomar um uísque duplo caubói. Ah, Jalousie. Inté,

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 12/10/2017
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