Força Celeste.
Esta é uma obra de ficção com recheado conteúdo
de muita ação e aventura, guerreiros celestes protegendo
a humanidade de Samael e os seus “anjos” caídos tendo
também o auxílio de defensores selecionados com dons
adquiridos tendo como intento combater o mal que aflora
ocultamente dentro do coração do homem.
LAÊ SILVA.
Capitulo 1.
Desonra.
Com quatro asas e voando muito, muito acima da velocidade da luz, o querubim ungido da guarda fazia a sua inspeção diária e poderia se dizer que, tanto de norte a sul bem como também de leste a oeste do gigantesco etéreo firmamento, para ele era como se fosse um simples passeio.
Todavia a cada vez que passava, e isso por incalculáveis anos celestes, era idolatrado pela terça parte dos habitantes e fazendo com que, no decorrer dos tempos, ojeriza começasse a advir, a emanar fortemente de dentro de si, a qual também fez com que o seu recôndito ego afluísse bastante cada vez mais até chegar ao ponto dele mesmo resolver se alto denominar “senhor supremo”.
__ Por quê ainda percorro toda a extensão deste éter celeste? Se posso perfeitamente assumir o posto e ser o único, real e verdadeiro grande senhor deste plano. – Falou o querubim consigo mesmo. __ E... Já que uma grande parte dos que aqui habitam me veneram e atentam para o que eu digo, disponho de tudo para colocar em prática o meu almejado intento. – Continuou ele.
E sendo assim e com tal intuito, o querubim da guarda convocou dez dos seus mais pugnantes e confiáveis guerreiros : Yekun–Azazyel- Kesabel- Gadrel- Penemue- Kasyade -Abaddon-Levyathan, Samyaza e Belzebu, os quais também desejavam a qualquer preço a insurreição e com tal reforço então, deu inicio ao seu indefectível anseio.
E, não perdendo tempo, reuniu rapidamente um gigantesco exército de 10 legiões,*(uma legião se equivalia a 2 mil seres) e colocando um pugnante como líder de cada uma delas, o pomposo querubim aguardava, admirando a inimaginável paisagem bem em frente a sua fortaleza, seu general retornar com preciosas informações, se já poderiam ou não atacar o trono celeste.
__ Vossa Alteza Lúcifer. - Disse Krás, um enorme anjo segurando o seu elmo sob o braço direito e o qual Lúcifer o havia feito seu exímio general. __ Nossas legiões já estão todas prontas senhor e estamos apenas aguardando vossas ordens para iniciarmos a insurreição.
Formoso e exuberante com suas quatro asas e o seu suntuoso uniforme, Lúcifer colocou o seu elmo e saiu sendo acompanhado por Krás, posicionou-se bem á frente das tropas e desvencilhou-se conduzindo-os para a tão almejada peleja, contudo, após percorrerem alguns milhares e milhares de côvados*(medida antiga que se equivale a 66 cm), surpreendeu-se e levou um súbito e inesperado sobressalto pois na sua direção também vinha um enorme exército de anjos e bastante inquieto pensou consigo mesmo. -“Tão instigado com o meu desejo hostil que fui completamente indolente com a onisciência daquele que se assenta no trono principal”-.
Entretanto, sentiu-se mais sobressaltado ainda quando viu que o comandante da tropa oposta era nada mais nada menos do que Miguel, o arcanjo de batalhas das forças celestes e comandante supremo de todos os anjos de batalhas e poderia se dizer também que vários deles vinham com um estandarte que se dizia : “Nossa bandeira é o Criador”.
Então os dois exércitos foram se aproximando e ficaram a uma distância de mil côvados mais ou menos, Miguel arcanjo e Salatiel, seu melhor guerreiro, encaminharam-se um pouco mais a frente e enquanto que Lúcifer e Krás faziam o mesmo, o arcanjo proferiu.
__ O Senhor Celeste mandou dizer-te : “ Tu eras o sinete da perfeição , cheio de sabedoria e formosura, estavas e vivias tu no paraíso celeste e de todas as pedras preciosas te cobrias, de ouro se te fizeram as tuas joias e ornamentos no dia em que fostes criado, tu eras o querubim ungido da guarda celestial e no brilho das preciosas pedras andavas pois todas elas reluziam e resplandeciam de vós. Perfeito eras tu nos teus caminhos desde o dia em que fostes estabelecido no éter celeste até que se achou malícias em vós pois se encheu o teu interior de violência e de várias outras sensações nunca antes vistas no paraíso celeste, porquanto, na multiplicação das tuas impudências serás lançado fora e te farei perecer ó querubim da guarda, visto que se elevou o vosso interior de ilícitos sentimentos e corrompestes completamente a vossa sabedoria por causa da tua formosura, do teu resplendor e antes de Eu vos reduzir as cinzas, serás transformado em objeto de escarnio e espanto e jamais, digo-te, jamais tu subsistirás”.
__ Este foi o aviso do Senhor Celeste ó querubim rebelde e, antes que fales algo, digo a vós que esta batalha já fora entregue em minhas mãos. - Continuou Miguel.
__ Não adianta arcanjo, não preciso mais dar atenção ao teu extenso comunicado.
__ Então desejas mesmo que a peleja aconteça ?
__ Se não me importo mais nem mesmo sobre o que o Senhor Celeste pensa sobre mim, acha mesmo que temerei a ti e a todo o teu exército ? É claro que não, então que a insurreição tenha inicio. - Retrucou Lúcifer retornando com Krás em direção as suas legiões.
Porquanto, como já começava, tanto ele bem como também todo o seu exército a serem chamados de “dissimulados” pelas tropas de Miguel arcanjo, já havia ele também feito ocultamente um sinal para que a sua primeira legião atacasse o inimigo de surpresa e sem que esperassem, no entanto, como seu oponente era deveras muito mais perspicaz e estrategista, em vista que o arcanjo, imaginando tal atitude traiçoeira, ordenou mentalmente que o seu primeiro batalhão revidasse o ataque de Lúcifer de cima para baixo com toda a potência, algo assim como se fosse o poder de várias, várias ogivas nucleares e deixando com isso a primeira legião do, agora querubim rebelde, bastante avariada e deixando também Penemue, o qual era o líder da legião, visivelmente abatido e debilitado.
Com o semblante fechado e resplandecendo bastante pois era ele um “anjo de luz”, Lúcifer começou a sentir uma força misteriosa e descomunal que passou a emanar de dentro de si a qual o fazia perverter-se muito mais ainda e então determinou o ataque maciço de todas as suas legiões e poderia se dizer que, após tal feito, a insurreição realmente teve o seu inicio.
E, ao passo que Salatiel se digladiava diligentemente com Krás, o general rebelde, Miguel arcanjo mostrava a Lúcifer porque fora escolhido como comandante supremo das Forças Celestes, pois numa ocasião ou outra sempre acertava ele com potentes golpes o seu rival, porém também era de se dizer que a luta estava aparentemente equilibrada, super equilibrada, já que ambos combatiam fiel e zelosamente cada um pelo seu exército.
Sendo que ávidos e bravos que eram, não mediam esforços, em vista que estavam usando todas as suas técnicas para vencer, pois subitamente ora se ocultavam de um local que estavam mas reapareciam logo depois em um outro tão rápido e velozes que os olhos de um chamado “ser humano” jamais conseguiria ver ou pelo ao menos perceber o que acontecia.
Enquanto isso, no outro confronto, Krás tentava negligenciar e negativar os ataques de Salatiel com palavras torpes.
__ Nada de novo há em vosso desempenho guerreiro, seus golpes nunca alcançarão o poderoso Krás, pois no porvir eu serei o senhor da peleja, pode vós devidamente acreditar nisso.
Com um dilatado sorriso no rosto e ininterrupto, Salatiel, enquanto Krás se gabava, aproveitou a distração e o atingiu severamente com vários golpes assim que ele terminou de falar.
__ O que vós... O que vós estavas dizendo mesmo grandalhão ?
Visivelmente furioso, o encorpado anjo no intuito de retaliação, revidou tentando acertá-lo com a sua gigantesca arma, mas Salatiel foi muito mais rápido e o atravessou de um lado para outro usando sua espada, a qual fora feita com o mais puro e indestrutível aço celeste e decepando sua cabeça logo depois.
Em tal ocasião houve subitamente um imenso clarão em toda extensão do local e chamando de imediato a atenção do líder rebelde, pois já sabia ele que seu general acabara de ser destruído.
Poderia se dizer também que consecutivo ao inesperado fulgor, o qual havia sido provocado pelo trespasso do general Krás, todos, exatamente todos os envolvidos na batalha foram trasladados para um outro posto, um outro habitat celeste, longínquo e deveras muito, muito distante dali simplesmente pelo motivo da contenda se tornar cada vez mais destruidora e nociva.
__ Malditos ! - Exclamou Lúcifer em ríspido tom deixando o seu corpo fortemente reluzente logo após notar o que havia acontecido e ao mesmo tempo perceber que suas legiões, em um curto espaço de tempo, já estavam bastante deterioradas. __ Nunca me entregarei a vós e aconteça o que acontecer, eu e meus líderes rebeldes sempre seremos um estorvo para todos, anjos insolentes, e isso continuamente, perpetuamente, para todo o sempre.
Cheio de furor e findando suas palavras, desvencilhou-se ferozmente com o intento de atacar Miguel arcanjo. Por outro lado, Salatiel interveio a investida do, agora, querubim rebelde e replicou o golpe.
__ Não sei bem o que tu te tornastes. – Pronunciou o anjo guerreiro. __ Porém agora digo-te : “Quando o bem se impõe, o mal nunca prevalece”. – Concluiu.
Aço celestial contra aço celestial, foi o resultado do atrito dos dois poderosos metais e eclodindo um outro super clarão, em vista que o impacto fora tão grande que simultaneamente ambos foram arremessados ao longe para trás, sendo que enquanto Salatiel assumia seu lugar digladiando-se com Lúcifer, Miguel arcanjo passava a correr a visão em tudo ao redor e então realmente pode certificasse o quão grande era o poder destrutivo da contenda, em vista que vários locais estavam em chamas, algo assim como imensos blocos de sólida matéria com quilômetros e quilômetros de extensão sazonados com os mais puros e resistentes metais encontrados em tal posto celeste e alguns já começavam a vagar a esmo pelo cosmo deixando um imenso e longo rastro de fogo trás de si.
__ Então é este o inóspito campo celeste que o Preceptor acabara de formar, balbuciou consigo mesmo pois nunca nenhum outro ser havia estado ali, nem mesmo os anjos, querubins ou serafins, porém balançando a cabeça negativamente, continuou. __ E Lúcifer e os seus comandados são os únicos e principais causadores, não só por toda essa destruição, mas também por estorvarem inteiramente os intentos do Preceptor Celeste.
Nisso, teve a atenção chamada abruptamente para uma outra direção e quando viu do que se tratava, sua perplexidade tornou-se imensa ao deparar-se com uma gigantesca criatura de dez chifres e pronta para atacar o bravo e guerreiro Salatiel; era nada mais, nada menos do que o ex querubim da guarda, o qual tinha se transformado num monstro colossal.
__ Não serei indulgente com nenhum de vós, principalmente a ti anjo atrevido, insolente, acha mesmo que serei condescendente com o que fez ao meu general ? Digo-te que não !!! - Exclamou a assombrosa fera acertando Salatiel em cheio.
Por outro lado, como a contenda se decorria em milésimos e milésimos de segundos, visto que seus movimentos eram deveras rápidos demais, teve como recompensa a perda de dois dos seus chifres pois o arcanjo, com suas seis asas, já havia chegado até ele e lhe desferido um eficaz e considerável golpe bem no centro da cabeça e apenas observava as duas pontas dos chifres voarem longe.
__ Como lhe anunciei antes, horrendo ser, tal peleja já fora entregue em minhas mãos e devo lhe reportar também que este desejo foi o último concedido a vós, em vista que toda essa monstruosidade já estava guardada dentro de ti e somente vindo a tona por causa da tua cólera, apenas ela fora a ponte, a combustão, o elo para todo esse teu mal.
Desta vez fora Salatiel quem, apesar de todo o fulgor da batalha, resolveu fitar tudo em volta e só aí foi que percebeu a presença de um grande orbe de cor azul, era este o mais próximo de onde acontecia a contenda, visto que tinham vários outros, antes e depois deste, porquanto, havia um outro muito mais gigante e imensamente brilhante, o maior de todos, o qual o fogo puro era o seu prioritário habitante.
-“Tal colosso só pode servir para iluminar todo este posto celeste, só pode ser isso”. - Pensou Salatiel, enquanto que, ao mesmo tempo, era fitado por Miguel que balançava a cabeça positivamente, em vista que ambos e com todos os seus batalhões possuíam o mesmo elo mental.
Porém, uma vez mais e por estar completamente desapercebido, recebeu outro golpe da criatura, só que em tal ensejo foi com a cauda que o monstro atacou.
__ Preci… - Murmurou ele logo depois de ter se chocado com um enorme bloco de matéria rochosa. __ Preciso iminentemente cortar fora a cauda dessa criatura. - Concluiu, erguendo-se dos destroços.
E a peleja continuava, e isso, por todos os cantos do recente, porém já aluído campo celeste; Miguel e Salatiel juntos contra o monstro Lúcifer e os outros anjos guerreiros versus os dez líderes das evidentes e esvaecidas legiões do ex querubim da guarda.
Nesse ínterim, como tinha percebido a aparente desvantagem do exército rebelde e como simples estratégia também, o arcanjo ordenou mentalmente que os seus batalhões fossem empurrando os insurgentes compassadamente até a atmosfera do orbe azul.
E, do mesmo modo, mental fora a combinação que ambos fizeram para contra-atacar o assombroso ser com sucessivas e ininterruptas investidas pois o intento era de levá-lo pra cada vez mais próximo do orbe de cor anil.
Podendo se dizer que a tática tinha dado certo, visto que os exímios anjos atacavam deveras como o próprio Lúcifer havia dito : “Sem complacência”, que chegando no limite do orbe azul entre o cosmo e o solo orbital, o arcanjo falou novamente com voz de arauto :
__ Como tu caístes do céu, ó “estrela da manhã”, filho da alva, como fostes lançado por terra abaixo, tu que enganavas os teus congêneres simplesmente porque dizias no vosso íntimo: “Eu subirei aos céus, acima dos astros e extirparei o trono do Criador, sim, subirei acima do horizonte celeste e serei semelhante a Ele”.
E logo após dizer tais palavras, do nada, veio um super, um extraordinário sopro e arremessou a todos orbe abaixo.
__ E foi expelido o dragão. - Continuou Miguel arcanjo. __ A grande serpe maligna que outrora habitou o paraíso celeste e a qual agora se chamará atroz, satã, o líder dos demônios, do império das trevas que a partir de tal momento serão todos eles chamados e terão este orbe como prisão até o dia que o Preceptor Celeste decidir que sejam suprimidos para sempre. E ai da terra, dos mares, rios e lagos onde estas criaturas cairão pois além de se tornarem “senhores” do local, deste novo habitat, serão também cerimoniados.
__ Da mesma essência que fora feito este globo celeste. - Prosseguiu o arcanjo. __ O Altíssimo estabelecerá um novo “ser” que será chamado de “humano”, o qual se proliferará em mil, milhões, bilhões e habitará em todos os cantos, até nas mais longínquas regiões existentes neste orbe e sim ! Será ele o dirigente, o administrador, o governador de tudo e será também maior do que nós (anjos), em vista que terá ele uma alma espiritual e um corpo sólido e materializado e de todos os deleites do solo e dos outros seres, porém inferiores que habitarão junto, ele se nutrirá e se regozijará, visto que o manifesto para este novo “ser” é de integridade e excelência e... Não tenho eu certeza, mas o que exacerbou, o que realmente levou o ex querubim ungido a se tornar um turbador contra o Preceptor Celeste, estou deveras convicto em supor de que fora a inveja e o ciúme que passou a obter deste novo “ser”, em vista que já se achava ele superior a tudo chegando ao ponto de querer se igualar ao Preceptor Celeste. Entretanto, se este recente “ser” proceder da mesma forma que Lúcifer e os seus, agora demônios, isto é, se ele também se desligar da virtude e se cursar para o lado do mal, o limbo, o qual fora feito para satã e os seus seguidores, certamente e verdadeiramente o espera.
__ O bem se impondo, o mal nunca prevalecerá !!!!! - Exclamaram todos juntos e numa só voz assim que o arcanjo findou suas palavras.
Capitulo 2
O Orbe Azul.
__ Esses deuses farão a nossa nação progredir cada vez mais. – Disse o sumo sacerdote Sampur balançando o turibulo incandescente com várias substâncias aromatizantes nele.
__ E nenhum outro exército será mais poderoso do que o nosso. – Completou o rei sumério Nan-Kis, o mais importante e suntuoso senhor de toda a mesopotâmia, aspirando fortemente a fumaça do incenso que já começava a imperar por todo o local.
Contudo não estavam sozinhos, pois em um outro paralelo éter, observando atentamente encontravam-se Amazarak e Akibeel, ambos anjos caídos após a batalha nos céus, sendo que o primeiro havia ensinado aos homens todos os feitiços com raízes, ervas e tudo o mais que havia na natureza e consecutivamente e por sua vez o segundo fora o que ensinou ao novo ser, o humano, de como lê e traduzir todas as simbologias dos sinais cuneiformes,
__ Nossos ensinamentos sempre serão de préstimos e de bom uso para esses ineptos seres. - Salientou Akibeel, o qual junto com Amarazak já haviam saído da sua dimensão tão rápidos quanto um feixe de luz e encontravam-se agora bem ao lado dos dois mais importantes líderes sumérios .
__ O Preceptor Celeste também mostrou a este novo “ser” como agir, como proceder, porém o nosso jeito de influenciar caiu bem melhor no seu coração presunçoso, algo que nós sabemos muito bem o que é. - Concluiu Amazarak com um sorriso impudente na face e deixando escapar também uma gargalhada sinistra logo depois.
__ Tudo o que eles pedem . - Voltou a falar o rei Nan-Kis. __ É relativamente simples e acessível para se fazer.
__ Penso em comum acordo com o senhor meu rei, afinal o que são as vidas desses escravos ralés, desse povo inferior para serem oferecidas como oblação aos nossos deuses alados, praticamente nada pois para o império sumério eles não passam de uns meros e simples “burros de cargas”. - Frisou o sumo sacerdote.
__ E quanto mais eles se proliferarem, melhor será para o meu reino, visto que serão de bom propósito cerimonial para esse deuses que do céu vieram. - Completou o rei observando duas gigantescas imagens de seres com asas bem atrás do altar do sumo sacerdote.
Nisso, após se certificarem que tudo estava do jeito que haviam planejado, amazarak fitou Akibeel consecutivamente e os dois, assim como chegaram, retiraram-se do local idênticos a um feixe de luz.
No mesmo instante, todavia bastante longínquo do reino sumério e especificamente numa região rodeada por planaltos, uma bela e enorme moça com aproximadamente três metros de altura tomava conta de seu rebanho quando percebeu um leão da montanha se aproximando sorrateiramente e poderia se dizer que ambos, tanto ela como também o felino, dispararam repentinamente e ao mesmo tempo em direção onde estavam as ovelhas, ela por sua vez e com um cajado na mão que tinha quase a sua altura, chegou mais rápido ao local e o derrubou com um movimento astucioso, veloz e certeiro, já que a tática era de simplesmente não feri-lo, e deixando-os frente a frente, porém, por causa do seu mero e básico instinto, o animal não perdeu tempo e a atacou furiosamente, todavia e outra vez a moça usou o seu cajado como estratégia de defesa introduzindo-o profundamente boca a dentro da fera e atirando-o a uns dois metros longe de si logo após o brusco movimento.
Sentindo-se demasiadamente triste pelo seu ato, em vista que não era esta a sua verdadeira intenção, deixou o cajado cair, aproximou-se do animal que se debatia no chão e ajoelhou-se lentamente com o intuito de acudi-lo.
___ Calma amigão. - Disse ela enquanto o enorme felino rosnava de dor e deixava escapar um fraquíssimo bramido. __ Eu só quero ajudá-lo. - Continuou, passando a mão carinhosamente sobre o seu abdome e então olhando fixamente dentro dos olhos da fera retirou de sua bolsa, presa na cintura, algumas sementes e com toda coragem possível as empurrou goela abaixo do felino, sementes estas que de certa forma e genuinamente eram deveras de efeito imediato pois foi só as mesmas atingirem o estômago para que mostrassem a sua real eficacia.
___ Wow ! - Exclamou a desmedida mulher assim que o animal se levantou de maneira abrupta ainda emitindo bramidos, entretanto em tom super baixo, moderado e já menos ameaçador roçando-se todo nela,
___ Excelente garotão, de hoje em diante você será meu. - Disse e ao passo que a fera rugia como se concordasse, continuava. ___ E vou chamá-lo de Taigar, porém não serás mais carnívoro pois farei uma ração para herbívoros exclusivamente dedicada a você. - Concluiu, dando um apertado abraço no animal carinhosamente, em vista que agora era ele o seu mais novo adotado e inseparável companheiro.
Não obstante, nunca, nunca poderia ela imaginar que estava sendo monitorada atentamente, já que ao derredor haviam dois guerreiros alados observando todo o desenrolar dos dois novos amigos.
__ Esta nefilim, a qual chamam de Etana, será o nexo, o elo principal entre nós e o novo “ser” feito para este orbe, o humano, com o intento de que deveras possa saber e intender quais são as reais e verdadeiras intenções de perfídia dos caídos para com ele, as quais são as de querer levá-los definitivamente á destruição e isso antes mesmo do que eles próprios pois já estão todos, todos condenados pelo Preceptor Celeste e sequaz será ela na nossa luta contra os caídos, apesar de ser filha de Kesabel o primeiro e principal incentivador da cópula deles com as fêmeas humanas. - Salientou Cefás, um dos anjos do exército celeste fitando seu parceiro de missão, contudo sem sequer abrir a boca, pois quando desejavam podiam se expressar sem mover os lábios ou, quando queriam, também se comunicavam por mensagens mentais.
___ E, pelo que sei, hoje nos revelaremos a ela, não é essa a nossa incumbência aqui ? - Completou Pétrus, o outro anjo, abrindo suas imensas asas e levitando do chão ao passo que Cefás permanecia no solo observando a nefilim Etana e o seu mais recente amigo se confraternizarem de modo venturoso, já que verdadeiramente acabaram de se conhecer.
___ Vamos Cefás ! - Chamou Pétrus. __ Sabes agora que ainda não é o momento certo, em vista que vós também recebestes a mensagem que o comandante acabou de nos enviar, logo, temos uma nova pendência a resolver, venha. - Ultimou.
Em tal momento, do nada e repentinamente, abriu-se no ar espaço uma espécie de tela de reprodução holográfica, sendo que nela puderam ver nitidamente uma família recebendo maus tratos em caráter rigoroso e os algozes eram os implacáveis acadianos, nação vizinha do estado sumério e eram eles sim atrozes em seus atos, no entanto desta vez os protagonistas eram outros bem mais celerados, nefastos e nocivos, tratava-se simplesmente dos Insurgentes caídos, os quais subitamente foram logo descobertos pela fina, dilatada e expansiva visão dos anjos, visto que estavam possessos nos acadianos e, como duas partículas cintilantes, os guerreiros alados desvencilharam-se de onde estavam e partiram em direção ao local coordenado.
Chegando no ponto espaço orientado depararam-se com Pazuzu e vários outros renitentes e abnegados caídos, os “nocivos espíritos” ou, como os próprios anjos passaram a chama-los, “Os Diros”*, sendo que nem bem chegaram já foram logo desembainhando suas espadas pois Pazuzu era tido como um dos mais perversos e atrozes demônios da região, ou seja, a mesopotâmia, o qual diziam ser ele tanto o porta-voz direto de Lúcifer em todo o orbe azul, como também o senhor do vento e o rei dos espíritos malignos pois poderia possuir facilmente, de modo leviano, o corpo de qualquer ser humano e dominá-lo para fazer atrocidades sem nenhum escrúpulo. Sua aparência era assustadora em vista que possuía ele corpo de ser humano, cabeça de leão, calda de escorpião, garras de felino e quatro enormes asas.
___ Tua medonha forma é fruto do que deveras tu és verdadeiramente por dentro horrendo ‘ser’, pois simplesmente tens a maldade no coração e a concupiscência cravada em tua mente. - Proferiu Pétrus desferindo um estimado e considerável golpe bem na face de Pazuzu e expelindo-o de imediato e abruptamente do corpo do homem o qual estava possesso.
Arremessado a uma certa distancia, o demônio tempestuoso fechou o semblante, expôs as garras afiadas e partiu colérico em direção do anjo.
Insurgentes caídos, os quais subitamente foram logo descobertos pela fina, dilatada e expansiva visão dos anjos, visto que estavam possessos nos arcadianos e, como duas partículas cintilantes, os guerreiros alados desvencilharam-se de onde estavam e partiram em direção ao local coordenado.
Chegando no ponto espaço orientado depararam-se com Pazuzu e vários outros renitentes e abnegados caídos, os “nocivos espíritos” ou, como os próprios anjos passaram a chamá-los, “Os Diros”*, sendo que nem bem chegaram já foram logo desembainhando suas espadas pois Pazuzu era tido como um dos mais perversos e atrozes demônios da região, ou seja, a mesopotâmia, o qual diziam ser ele tanto o porta-voz direto de Lúcifer em todo o orbe azul, como também o senhor do vento e o rei dos espíritos malignos pois poderia possuir facilmente, de modo leviano, o corpo de qualquer ser humano e dominá-lo para fazer atrocidades sem nenhum escrúpulo. Sua aparência era assustadora em vista que possuía ele corpo de ser humano, cabeça de leão, calda de escorpião, garras de felino e quatro enormes asas.
___ Tua medonha forma é fruto do que deveras tu és verdadeiramente por dentro horrendo ‘ser’, pois simplesmente tens a maldade no coração e a concupiscência cravada em tua mente. - Proferiu Pétrus desferindo um estimado e considerável golpe bem na face de Pazuzu e expelindo-o de imediato e abruptamente do corpo do homem o qual estava possesso.
Arremessado a uma certa distancia, o demônio tempestuoso fechou o semblante, expôs as garras afiadas e partiu colérico em direção do anjo.
___ Sou Pazuzu, servo de Lúcifer, o senhor deste orbe e nenhum de vós vai me dizer o que devo ou não fazer, de como devo ou não proce…
Não pôde ele completar o que dizia pois Cefás interceptou o seu ataque com um outro golpe potente e certeiro usando o cabo de sua espada bem na área abdominal.
___ Somos beligerantes, membros do exército de Salatiel e do comandante Miguel Arcanjo e sempre horrenda criatura, sempre estamos prontos para a peleja. - Explanou Cefás inserindo sua espada na bainha novamente.
Usando de astúcia e com um presunçoso sorriso, o demônio blasfemou pois percebeu que não era forte o suficiente para enfrentá-los e que sozinho também não era pário para eles, e sendo assim, ordenou que os seus comandados os atacasse sem benevolência.
Então a pequena contenda teve o seu inicio e ao passo que os arcadianos caiam por terra, já que passaram a eclodir demônios e mais demônios de dentro de sí, quase que chegando a quantidade de uma legião , Pétrus e Cefás posicionavam-se taticamente de costas um para o outro com o simples intuito de proteger suas retaguardas e não demorou muito para que ambos passassem a usar suas poderosíssimas espadas celestes, visto que os caídos iniciaram a investida vindos de todas as direções como forma de surpreendê-los.
Cefás, por sua vez, fora o primeiro em vista que ele mesmo, após deixar a formação de retaguarda, se introduziu bem no meio da malta despedaçando a qualquer um que viesse de encontro a si de modo tão ligeiro que já estava se tornando um pequeno monte pois tal era o volume de demônios que havia derrubado em um curto espaço de tempo.
Como um relâmpago e idêntico a Cefás, Pétrus também resolvera agir e saiu pra pelejar contra os diros antes mesmo deles chegarem até ele.
___ Após a vossa perfídia demônio, ocorrida no nosso Campo Celeste, seguimos um primordial preceito o qual diz : “Quando o bem se impõe, o mau nunca prevalece”. - Exclamou colocando diligentemente a sua espada em prática e poderia se dizer que suas enormes e resistentes asas serviam tanto como proteção e defesa assim como também uma exímia e eficaz arma de ataque, já que quando elas se fechavam em torno de si, se tornavam uma couraça rígida e intransponível.
E, sem sombra de dúvida, os diros já estavam tendo a real certeza disso pois ambos os anjos não davam trégua e derrubavam um a um que ousavam atravessar no caminho; até que Pazuzu , vendo que já lhe restavam poucos resolveu interceder convocando-os para bater em retirada porém não antes de ouvir algumas palavras de Pétrus e Cefás.
___ Nunca teremos ou seremos indulgentes com vós outros, o que hoje são é resultado do que outrora fizeram, sim, fruto da vossa própria insídia contra o Preceptor Celeste, portanto de nós nunca terão benevolência, todavia sim, sempre sentirão o acre e letal gosto do indestrutível aço de nossas espadas.
Subitamente então e do nada, veio um forte vento o qual se transformou rapidamente em um redemoinho e todos os diros, inclusive Pazuzu, se embrenharam e desapareceram bem no meio dele.
Assim que o pequeno tornado finalizou, os humanos envolvidos na intriga começaram a cair em sí como se tivessem voltando de um transe, já que bem dizer todos, todos eles haviam desfalecidos no decorrer de peleja.
___ Mais um dever efetuado. - Frisou Pétrus fazendo a assepsia de sua espada e a reintroduzindo na bainha novamente.
___ Antes, se inseriam eles em animais : Gatos, porcos e até lebres, agora a evasão dar-se meramente por meio do vento.
___ Correto Cefás e oxalá, oxalá se pudéssemos, pois há uma dimensão a qual deveras apenas eles podem habitar. - Concluiu Pétrus balançando a cabeça positivamente e olhando para o alto em vista que era o local exato onde o mini tornado acabara de desaparecer praticamente, e idêntico0 como havia chegado, do nada.
Sabendo eles que tudo voltava a ficar nos conformes, tanto com a família envolvida como também com os acadianos, se confraternizaram com o cumprimento dos anjos guerreiros e, assim que o ádito de ligação com o Campo Celeste se abriu, evadiram-se do local tão instantaneamente ao ponto de parecer que nunca, nunca haviam estado ali.
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Afastado milhares e milhares de milhas do continente médio oriental , especificamente em uma inóspita, todavia paradisíaca ilha, seres intangíveis começavam a eclodir por toda região central do isolado pedaço de terra flutuante. Atravessando rochas, transpassando árvores, evoluindo do chão, enfim, deveras começavam a ocupar toda a extensão do local e enquanto se aglomeravam no solo, um “ser” alado com formato feminino pousava, vindo do mar, no mais elevado rochedo existente ali e ao passo que era ladeado por alguns diros , chamava para si a atenção de todos os presentes.
___ Grande, grande legião espectral ! - Exclamou e enquanto tinha uma estrondosa aclamação como resposta, continuou. __ Quem dera, quem dera que todos nós não fossemos perseguidos, sim ! Perseguidos pelo Preceptor Celeste e o seu grande exército de exímios anjos guerreiros, ávidos para nos destruir.
___ Nós então, simples comandados das falanges, somos alvos fácies - Interpôs-se um dos presentes vociferando bem do meio da matula e esticando mais ainda suas orelhas pontiagudas.
___ Vós todos ouviram o que ele disse. - Voltou a falar aquele que estava sobre o rochedo. - Por isso então, não devemos dar trégua a este novo “ser”, o qual chamam de “humano”, pois assim como nós, ele também tem várias índoles dentro de si : É presunçoso, malicioso, embusteiro, ingrato, violento, individualista, interesseiro, traidor e maledicente; há sim bons desígnios no seu interior, contudo, sabemos nós de que é só darmos uma pequena força contrária que ele próprio aderna para o nosso lado, e isso, simplesmente inserindo desejos, vontades, tanto no seu coração bem como também na sua mente, em vista que verdadeiramente : “O pensamento negativo é força contrária que destrói” e, para tê-lo em nossas mãos, é só satisfazer todos esses desejos e vontades pois deste modo tomará ele erradas decisões em todo o decorrer de sua vida neste orbe.
E, uma vez mais, a matula se manifestou vociferando altamente, porquanto, agora gritavam o nome do “ser” que proferia do monte - ”Levyathan, Levyathan ! ” - Exclamavam, logo após ele terminar de falar, sendo que brados passaram a ser ouvidos intensamente, não só na área em que estavam mas também por toda a vastidão da magnifica e paradisíaca ilha e então, completamente incitado pela malta, o “ser” do monte removeu o disfarce e expôs a sua real e verdadeira face transformando-se em um gigantesco e assombroso monstro marinho.
E Poderia se dizer também que tal artificio, isto é, a forma feminina que assumia, lhe servia para atrair o novo “ser” habitante do orbe azul com o simples intento de manipulá-lo a seu bel prazer fazendo-lhe oferendas e oblações, pois a incineração, a fumaça de essências animais lhe eram bastante agradáveis em suas narinas.
Deveras a aclamação ao seu nome começara a estrondar por toda pequena terra flutuante e o monstro o qual tinha se transformado proferiu retribuindo a congratulação.
__ Terei vários epítetos entre as nações e cada uma delas recorrerá a mim através dessas alcunhas, tanto varonil como femíneo, no nordeste; noroeste, sul, sudeste e particularmente aqui nesta região onde estamos pois a vizinhança daqui recorrerá a mim por diversas e diversas vezes em latria.
Houve então uma pequena pausa em suas palavras, entretanto.
__ Serei o dominador, o senhor das profundezas dos oceanos, o deus dos mares revoltos. - Falou a criatura logo em seguida e se transformando novamente na forma espectral femínea.
Com todos os diros presentes bastante instigados com a enunciação de Levyathan; no mesmo instante, contudo em um outro local longínquo dali, particularmente em um rústico e exíguo lugar pertencente a Suméria onde morava uma família simples criadora de cabras, uma bela moça se banhava despreocupadamente num lago próximo a casa de seus pais, o fuso era pela parte da tarde, porém o sol já estava prestes a se pôr no horizonte e a noite certamente daria a sua face logo logo.
__ Venha Randur, venha banhar-se também. - Convidou a jovem fitando o irmão que estava em pé na beira do lago.
__ A mamãe disse pra cuidar de você Nínive, não pra tomar banho junto. - Replicou o rapazinho aparentando ter de oito a dez anos, no entanto observando atentamente a tudo que lhe parecia suspeito ao redor.
__ Isso eu sei guapo guerreiro e nenhum bárbaro sumério ousará ou terá tutano para enfrentá-lo, pode ter certeza disso. - Frisou jogando bastante água na direção do leito onde estava o irmãozinho, o qual também era oito ou dez anos mais novo do que ela.
Não obstante, a preocupação dos pais para com ela ou para com ambos não era em vão pois, ocultamente, quatro homens aproximavam-se do lago idêntico ao leão quando deseja apanhar sua presa e verdadeiramente os seus desígnios não eram os de boa índole.
___ Eu só queria entender uma coisa, por que vocês mulheres demoram tanto pra tomar banho, heim ? - Inqueriu o rapazinho rabiscando algo no chão.
Retorcendo os lábios com desdém, a moça tentou se explicar.
___ Ora, isso é simples, nos banhamos com ervas aromatizantes, com perfumes que brotam da terra, óleos com as mais agradáveis essências, os quais deixam a nossa pele cada vez mais macia e suave, uma pluma como diz a mamãe, já vocês, bem ! Mal jogam água no corpo. - descreveu ela abrindo um largo sorriso de humor.
E, enquanto os quatro homens cochichavam armando táticas para surpreendê-los, pedia para que o irmão olhasse para o outro lado, saia do lago sem nenhuma peça de roupa e enrolava-se num grosso roupão, já que em tal região fazia muito frio quando a noite começava a cair, no entanto, fora exatamente nesta hora que os maus intencionados resolveram agir.
___ Mas vejam só. - Disse um deles parecendo ser o voz ativa do grupo. __ o deus Anu está sendo muito, muito generoso com a gente hoje, não concordam comigo rapazes ?
___ De onde vocês vieram, o que querem aqui ? - Esbravejou o jovem Randur puxando um brilhante punhal e posicionando-se bem na frente de sua irmã.
A resposta foram diversas gargalhadas emitidas pelos quatro perversos.
___ Sossegue jovem valente, tem mesmo certeza que consegue derrotar nós quatro juntos, será que você é tão corajoso assim ? - Em tom de deboche quis saber o líder do grupo.
A passo que Nínive começava a tremer da cabeça aos pés com a situação.
___ Se ele não consegui, esteja certo de que hoje mesmo eu apresentarei as vossas cabeças a deusa Inana como troféu. - Interferiu, repentinamente, um alto e denodado guerreiro descendo de seu cavalo e caminhando lentamente até onde todos estavam e prosseguiu.
___ Esta é a minha proposta pois se desejam ir mais rápido para os braços de Inana, eu sou o portal que tanto esperam.
Poderia se dizer que duas coisas no resoluto guerreiro chamavam bastante atenção, a primeira era que usava ele duas magníficas espadas cruzadas nas costas parecendo que as sabia usar diligentemente e a segunda era que tinha os cabelos tão vermelhos parecidos e idênticos ao sol que estava se pondo no horizonte.
Apesar de estarem em número maior os homens, que não possuíam espadas apenas facas e bastões, ficaram um tanto quanto intimidados, em vista que o ruivo parecia ser um exímio espadachim.
Porém, enquanto as hostilidades continuavam, Nínive e Randur se entreolhavam tentando entender toda aquela situação, de onde vieram aqueles quatro salteadores, já que eram essa a aparência que tinham e quem deveras poderia ser tal estranho, todavia, formoso guerreiro que simplesmente apareceu para os defender.
___ Vamos lá nobres senhores, já decidiram ? - Voltou a falar o homem de cabelos rubros.
Ordenando então que todos atacassem juntos, o líder resolveu agir mas ele, já prevendo as habilidades do estranho, foi por último e quando viu que o primeiro ficou sem uma das mãos, o segundo gravemente ferido no estômago e o terceiro cair morto bem na sua frente, empalideceu-se por completo e deixou a faca que tinha no punho despencar no chão.
___ Por favor, por favor bravo guerreiro, poupe minha vida, juro a você que nunca mais nos encontraremos novamente. - Pediu o homem tremendo-se todo.
___ Covarde filho da mãe. - Estrebuchou o jovem Randur passando por detrás do espadachim e acertando o sujeito com um belo chute baixo e quando o perverso arriou. __ Achou que iria ser fácil, não é seu cão nojento ? - Completou desferindo-lhe vários ponta pés sem nenhum dó.
___ Segure o rapaz bela ninfa, senão, pelo que estou vendo, ele vai realmente terminar o serviço que comecei e porque também o pobre homem já está fora de combate, não acha ?
Observando o que o acontecia, a jovem obedeceu e tirou o irmão de cima do salteador pois o rapazinho não parava de chutá-lo.
___ Já pode parar Randur, chega ! - Gritou ela visivelmente nervosa.
___ Parar, mas por que ? Esse bandido ia fazer sei lá o que com a gente, coisa boa era que não era. - Frisou o garoto ainda estrebuchando, no entanto e apesar de tudo, obedeceu o que a irmã havia lhe rogado.
Com isso e subitamente, o guerreiro ruivo interferiu, segurou o homem pela roupa, disse algo no seu ouvido e ordenou que corresse o mais rápido possível para bem longe dali.
___ Pois hoje a deusa Inana não o quis receber, porém, dá próxima vez você irá encontrá-la sem os olhos e sem os dois braços. - Falou ele bem alto enquanto o atemorizado homem fugia se desvencilhando todo em passos largos.
Do mesmo modo que o pequeno Randur se desfazia em gargalhadas e a bela moça sorria descontraidamente, o espadachim, de súbito, voltou-se para encará-los.
___ Certo, como tudo voltou a ficar bem, devo agora seguir o meu caminho. - Reportou fitando ambos alternadamente.
Quando deu ele as costas para se retirar.
___ Espere bravo senhor. Interveio Nínive. __ Nossa mãe faz um delicioso ensopado de carneiro. Não deseja experimentá-lo, deve estar com fome, não é ?
___ Verdade moço. - completou Randur tentando encorajá-lo a aceitar o convite. __ Acho que ninguém mais em toda a Suméria prepara um ensopado tão gostoso como a nossa mãe, nem mesmo as cozinheiras do rei Nan-Kis.
O sorriso do garoto era imenso quando encarrou o que dizia pois, pela primeira vez na vida, teria a presença de um guerreiro de verdade em sua casa.
___ Por favor bravo senhor. - Voltou a falar a bela e encantadora Nínive. __ Esta é a única maneira que temos pra poder retribuí-lo pois o que fez por nós hoje aqui eu me lembrarei por toda a minha vida, pode acreditar nisso e porque também imagino que não tenha onde pernoitar, certo ?
Nesse momento, sem que nenhum deles percebesse, os olhos do bem feitor brilharam intensamente e muito fora do normal como se seus olhos não fossem de um ser humano comum.
___ A minha viagem é longa e preciso deveras relaxar as costas, então assim sendo, vamos ver se realmente o ensopado de vossa mãe é melhor do o das cozinheiras do rei Nan-Kis, por que o delas eu já tive o prazer de provar, logo…
Entendo que tais palavras queriam dizer um “sim”, o garoto coreu velozmente, segurou o cavalo pelas rédeas e o trouxe até o desconhecido.
___ Vamos Nínive, vamos mostrar o caminho a ele até a nossa casa, garanto que o papai e a mamãe ficaram bastante contentes em ter um bravo guerreiro como hóspede, oh se vão.
A linda jovem, após deixar escapar um dilatado sorriso, segurou nas mãos do irmão e saíram alegremente na frente sendo acompanhados pelo ruivo, porém e ainda sem que nenhum dos dois notasse, seus olhos continuavam com um brilho super intrigante.
Capitulo 3.
Deuses Alados.
Voltando *120 ciclos solares no tempo na rota peculiar do orbe azul em torno do astro rei incandescente.
(*Nota : O ano sumério era contado pelos ciclos do sol o qual 1 ano tinha 12 ciclos, logo 120 divido por 12 = 10 anos).
___ Não. - Disse Samyaza em tom firme e ríspido para vários outros consemelhantes no monte Hérmon. __ Não podemos mais voltar atrás, nossa conciliação daqui pra frente já foi ratificada, agora é só aplicar, pois o vínculo, a conjunção com as consortes que cada um de nós obter será de júbilo para toda a nossa casta, em vista que uma nova espécie eclodirá.
Enquanto os diros balbuciavam entre si, Kesabel, o primeiro idealizador da cópula com fêmeas humanas e principal incentivador para que Samyaza fizesse tal agregação, falava com Gadrel, já este havia ensinado aos anjos rebeldes como usar uma espada para ferir um outro anjo assim que Lúcifer os reuniu para iniciarem a insurreição nos céus.
___ Há diversos deleites. - Dizia ele. __ Múltiplas e agradáveis sensações que estes seres sentem no decorrer de suas vidas mortais, porém o degustar, o sabor dos manjares e o frenesi da concupiscência, para mim, só as duas principais, o êxtase da perfeição .
Ao passo que Kesabel relatava suas opções, Gadrel observava ponderosamente, do cume do monte gelado, o movimento de ir e vir dos povoados e nações lá em baixo, sabido que deveras
suas visões tinham o imaginável alcance abrangendo extensões com as mais exatas e complexas coordenadas, feito que para o homem era completamente impossível; sendo que tais povoados e nações nunca, nunca poderiam supor ou simplesmente imaginar que o destino, tanto delas bem como também a sorte de algumas de suas mulheres estava sendo premeditado ali.
___ Já está preordenado por nós Gadrel. - Voltou a falar Kesabel decifrando o que o seu confrade estava pensando. __ As nações nos reverenciarão e a nós farão honrarias através dos vários nomes que eles mesmos nos darão.
Elevando-se do monte inesperadamente.
___ O que foi compactuado aqui deve ser efetivado, - Frisou Gadrel subindo mais um pouco ainda para depois voejar monte abaixo como se já tivesse, com relação ao que haviam confabulado, algum encargo a fazer.
Observando-o descer velozmente.
___ Seremos todos acossados mais ainda pelos anjos do Preceptor Celeste, não obstante, tal feito será um júbilo para a nossa casta. - Premeditou Kesabel e sendo observado de longe por Samyaza, o qual havia lido de imediato seus pensamentos e sussurros.
Dando por encerrada a agregação e concluído o intento aspirado, Samyaza, Kesabel,
Azazyel e Penemue, quatro dos dez que haviam liderado as legiões de Lúcifer na contenda nos céus, seguiram juntos para uma mesma direção em vista que o intuito deles era o gigantesco templo sumério situado na cidade estado de Eridu onde o rei Nan-Kis reunido com vários outros importantes monarcas cada um com suas comitivas : Os Acádios, os Elamitas, os Amoritas, os quais também iniciavam a construção de uma imensa cidade com o nome de Babilônia, e o rei de uma pequena, todavia valente, nação que começava a surgir na região da mesopotâmia, os Assírios e todos aguardavam o sumo sacerdote Sampur para fazerem oblações aos deuses que surgiram do céu há muito, muito tempo atrás.
___ O sumo sacerdote está prestes a vir vossa majestade, - Reportou o auxiliar do grande
templo curvando-se perante o rei Nan-Kis. __ Disse-me para informá-lo que as cerimonias delongarão um pouco mais do esperado, pois os deuses ainda não se fizeram presentes no templo, mas para que não se preocupe quanto a isso, em vista que já está ele terminando algumas porções de encanto e incensos que atraem os deuses muito mais rápido e logo logo estará aqui junto ao soberano e aos vossos convidados. - Concluiu.
Concordando com um gesto de cabeça e observando o assistente voltar para onde estava o sumo sacerdote.
___ Nossos deuses além de super poderosos fazem também auspícios. - Comentou o suntuoso rei a todos os presentes. __ Isto é, nos dizem eles o que vai acontecer no porvir, quais e quem são os possíveis traidores dentro do reino e de como vencer os nossos inimigos, pois todo o exército tem um ponto fraco, toda nação tem uma falha por onde nós possamos adentrar e destruí-los por completo e isso, sem nenhuma complacência, já que sabemos que se ficar, por menor que seja, uma raiz deste exército ou desta nação, certamente ela virá atrás de nós como retaliação assim que crescer e se sentir forte o bastante para formar uma outra falange, um outro exército com o sentido de nos perseguir até que, do mesmo modo, possam também nos exterminar. Logo e portanto, a nação suméria não é indulgente com nenhum inimigo, pois assim fomos instruídos pelos nossos deuses.
Ao findar suas palavras todos os monarcas sentiram-se um tanto quanto intimidados e acuados, visto que dentro do templo haviam vários soldados com escudos, lanças e espadas circuncidando todo o local bem como do lado de fora também.
Houve repentinamente então, por todo o templo, alguns segundos de silêncio, o qual fora cortado em tom abrupto pela gargalhada irônica e desaforada de Nan-Kis assim que viu a expressão de horror na face dos quatro monarcas, porém e subitamente ao riso bateu palmas por duas vezes e logo depois adentraram várias moças, cada uma mais bela que a outra, algumas com
bandejas contendo especiárias para se degustar, já outras traziam nas mãos pequenas e valiosas jarras cheias do mais delicioso e bom vinho.
___ Porém hoje. - Disse o soberano chamando a atenção para si novamente__ Todos vocês são meus convidados e nada, nada de mal vai vos acontecer, a não ser que não concordem em dizer que eu sou o regente mais poderoso de toda a mesopotâmia, isto é, que eu sou o rei de todos os reis, em não dizerem que eu sou o vosso rei. - Arrematou, apontando seguidamente para cada um dos quatro monarcas.
Ao passo que as moças começavam a servir as iguarias, os regentes encaravam-se uns aos outros como se estivessem indagando : “- E agora, o que faremos ?”- Pois verdadeiramente sabiam eles que Nan-Kis era muito mais poderoso do que todos os quatro juntos, contudo o monarca acadiano interveio com diplomacia, inteligência e destreza.
___ Excelência, todos nós somos os seus fiéis súditos, em vista que deveras não há em toda a meso região magnitude igual a sua, o nome de vossa majestade ecoa mundo afora pois já ultrapassou a mesopotâmia e desponta pelas ilhas paradisíacas e misteriosas do mar mediterrâneo, por povoados e nações daquelas bandas que ainda engatinham, noticias estas que o regente da Assíria pode traduzir muito bem e melhor do que eu, sabido que os seus navios mercantilistas sempre aportam por aquelas localidades, não é isso mesmo oh grande rei navegador ?
Como que se tomado por um grande susto pois não estava esperando o acadiano mencionar o seu nome, o monarca assírio engoliu um seco e se propôs a falar, já que como ainda não tinha um exército forte e poderoso idêntico ao da Suméria seria que, por enquanto, e por essa a razão de ainda não tentar bater de frente com o grande e suntuoso Nan-Kis, muito menos agora em tal situação de desvantagem.
___ Meus ouvidos são testemunha majestade. - Confirmou o Assírio. __ Realmente tudo o que o rei acadiano vos relatou é a mais pura verdade.
Nesse momento o sumo sacerdote adentrou no templo acompanhado pelo seu auxiliar espalhando incenso por toda parte.
Passando a mão pela sua imensa barba e fitando o regente da Assíria na “menina dos olhos” como se quisesse se certificar se estava mentindo ou não, o balzaquiano Nan-Kis reportou.
___ Lembre-se, nossos deuses predizem o ontem, o hoje e o amanhã, portanto, torço para que haja coerência em vossas palavras e quem irá nos dizer isso é Sampur, o sacerdote que fala com todos os deuses da Suméria.
Havia um imenso manto dependurado na parede com desenhos de dois seres voando como se fossem pássaros e várias esculturas, também de seres alados, muito maiores do que a estatura de um homem comum posicionadas bem em frente ao manto e foi justamente perante essas imagens que Sampur achegou-se para fazer suas oblações e súplicas.
Em língua desconhecida que não era a sua, abriu ele os braços em direção ao alto e começou a murmurar, murmúrios esses que deveras mal eram ouvidos pelos presentes no templo, seus olhos fechados passaram a tremer as pálpebras tão rápidos como se fossem o bater das asas de um colibri, sendo que os poucos e em questão de minutos foi ele encerrando os braços e descendo compassadamente até ficar de joelhos frente as estátuas e permanecendo em tal posição durante algum tempo, período este que serviram de ensejo para que alguns monarcas comentassem entre si.
___ Forma surpreendente para se pronunciar aos deuses, não ? - Inquiriu o rei acádio ao rei amorita.
Um tanto quanto boquiaberto e com os olhos fixos no sacerdote, o amorita respondeu.
___ Em toda a meso região declaro a vós que nunca vi algo semelhante.
Nan-Kis, um pouco mais afastado, apenas os observava confabular, no entanto fez um gesto de silêncio a ambos para que o sumo sacerdote pudesse se concentrar melhor.
Ainda com os joelhos no chão, Sampur passou a balbuciar em alto tom palavras que ninguém compreendia, nem mesmo o rei assírio, sabido que já havia viajado por várias terras longínquas, mas tal idioma realmente nunca, nunca tinha ouvido se pronunciar, porém subitamente.
___ O regente acadiano, através da persuasão com alguns da sua confiança, tentarão fazer um motim com o intuito de ocuparem o vosso trono majestade, - Pronunciou o sumo sacerdote com os olhos fechados e tremulando bastante.
Todos no templo ficaram estagnados logo que Sampur se reportou ao rei.
___ Guardas ! - Exclamou Nan-Kis consecutivamente. __ Prendam todos aqueles que
forem acadianos.
___ Mas vossa majestade, isso não é …
O monarca acadiano não teve tempo para tentar explanar sua defesa em vista que recebeu, sem nenhuma benevolência, dois fortes golpes, um no rosto e outro na nunca dos brutais soldados sumérios que seguidamente o amarram, com rosto todo ensanguentado, como se fosse um cão, todavia não só ele mas também todos aqueles que faziam parte da sua comitiva, dando um total de dez dentro do templo e cem do lado de fora.
___ Por ser o mais falante de todos, passei a ficar desconfiado de vós, pois a sua erudição começou a me parecer suspeitosa demais. - Falou o rei encarando-o.
Solvendo várias gotas de saliva e tremendo da cabeça aos pés, o acadiano tentou novamente se advogar perante a fúria do maior monarca da mesopotâmia.
___ Jamais soberano, jamais arquitetei plano mais vil, eu não conheço ninguém da vossa corte, como então poderia elaborar tal traição, como majestade ?
Com o ódio visível em seus olhos e concretizando o que falara anteriormente a respeito de ter ou não complacência. ___ Matem todos. - Ordenou dando as costas para a comitiva acadiana. __ E joguem os corpos para alimentarem meus leões.
Utilizando suas imensas lanças, os soldados cumpriram as ordens e ceifaram um por um dos acadianos.
Aparentemente nervosos com toda aquela situação, os demais reis apoiavam-se, apertadamente, uns aos outros, até mesmo o rei assírio que apesar de ter uma pequena nação em ascendência e de já ser tido como um governante audaz e valente por causa de suas intrépidas viagens, não conseguia nem sequer falar perante a ferocidade do regente sumério que, enquanto sentava-se no trono auxiliar, isto é, no trono que ficava no templo, proferia em alta voz.
___ Como já ordenei, arremessem os corpos no fosso dos felinos selvagens, porém, aos demais presentes advirto que ninguém pode se retirar pois a solenidade aos deuses ainda precisa ser concluída.
___ Soberano ! - Chamou o auxiliar do templo e foi falar-lhe ao “pé do ouvido”. __ O senhor precisa ouvir o que o sumo sacerdote está murmurando.
___ O fato ocorrido hoje aqui. - Dizia o sumo sacerdote em tom super baixo, contudo
e apesar dos olhos abertos, o olhar estava fixo para o nada como se não fosse ele quem estivesse falando. __ Fora apenas o inicio, a origem das várias e várias batalhas que passarão a ocorrer entre sumérios e acadianos por anos e anos afins até que um jovem copeiro acadiano e filho de um jardineiro de confiança do ultimo rei da suméria se tornará rei e unificará as duas nações. - Finalizou desmaiando para o lado e sendo amparado pelo seu auxiliar.
Completamente petrificado após ouvir tal relato, Nan-Kis, sem deixar transparecer, convocou os outros três monarcas e usando de astúcia e sagacidade expôs um concluiu , tanto para o resoluto rei da diminuta Assíria como também para os regentes Amoritas e Elamitas.
___ Todos vós se regozijarão dos frutos que a Suméria colher, dos despojos de guerra terão a vossa parte, serão também os nossos eternos aliados, sim ! Para todo o sempre, serão bem vindos a todas as cidades estados da nossa nação e poderão entrar e sair a hora que bem quiserem, a hora que bem desejarem, pois a partir de hoje seremos todos irmãos. - Aliançou Nan-Kis.
De modo simultâneo, novamente os regentes se entreolharam, no entanto pediram permissão para confabularem apenas os três a respeito de tal acordo, todavia não se demoraram muito, visto que realmente essa era a única e real saída, senão, seriam todos mortos ali mesmo e depois suas nações é que seriam destruídas e, como ouviram da boca do rei Nan-Kis e acabaram de confirmar com os próprios olhos, sem benevolência alguma.
___ Tem a nossa ratificação majestade, estamos todos de acordo com a união que nos propôs. - Disse Hassur, o rei assírio, demonstrando ser o novo porta-voz entre os três monarcas.
___ As oblações aos deuses foram dadas como encerradas ! - Exclamou o rei sumério a todos os presentes logo após perceber que o sumo sacerdote já havia voltado a si, pois deveras o que queria ele mesmo saber era os nomes dos supostos traidores que os rodeavam.
Todos então se curvaram assim que se levantou e seguiu em direção a sala do trono, em vista que lá é que seria a festa depois das cerimonias.
Contudo, retornando algumas horas no tempo, particularmente na metade do percurso entre o monte Hérmon, a montanha nevada chamada pelos Assírios simplesmente por causa do seu pico estar constantemente coberta de neve, e a cidade estado de Eridu onde Nan-Kis era o monarca regente, quatro feixes de luz riscavam o céu.
___ As cerimonias estão prestes a começar. - Comunicou Samyaza aos demais que o acompanhavam desde que partiram do monte gelado.
___ Gadrel também era pra ter vindo conosco, não era ? - Quis saber Penemue consecutivamente.
E, enquanto cruzavam as terras dos amoritas, puderam ver que as construções da
futura Babilônia estavam decorrendo muito, muito lentamente.
___ Gadrel decidiu, por conta própria, a ser o primeiro a iniciar a nova casta e a propósito queridos irmãos, não preciso dizer que ali também teremos ricas e gratificantes latrias, preciso ? - Desta vez fora Azazyel quem se interpôs apontando para movimentada, porém vagarosa, super vagarosa edificação lá embaixo.
Todos concordaram balançando a cabeça reciprocamente.
___ Enquanto pudermos. - Completou Kesabel. __ Desviaremos os olhos do homem em direção ao Preceptor Celeste e porque também sabemos que, através de nós, ele adquiriu várias índoles idênticas as nossas : É sovina, entono, ufano e várias outras impudicícias que é melhor nem se comentar agora, porém apenas uma coisa copiamos deles, pois nós também, igualmente a eles, passamos a adorar a concupiscência.
Neste momento risadas de ironia se espalharam por todo o local, entretanto e verdadeiramente não paravam de olhar para o proporcional aglomerado de pessoas, que mais pareciam formiguinhas, lá embaixo.
___ Agora não. - Prosseguiu Samyaza. __ Porém daqui a algum tempo nós os ajudaremos, assim como fizemos com os sumérios, a erguer muito mais rápido esta cidade e no porvir os homens sábios se indagarão : __ Mas como...Como eles conseguiram habilidade, força e raciocínio para edificarem cidades tão colossais ? - Porém digo-vos que não como esta abaixo, mas verão eles cidades que foram edificadas com alguns blocos de pedras tão pesados que alguns deles ultrapassarão 33 *talentos. - Outros risos irônicos eclodiram logo em seguida.
Por quanto, o momento de distração foi finalizado abrupto e repentinamente, já que Samyaza fora atingido impactantemente, de modo tão súbito que os três que com ele estavam ficaram estagnados sem saber o que fazer e despencando solo baixo.
___ Aonde pensam que vão, caros ex irmãos ? - Inquiriu Uriel, anjo que também guerreou ao lado de Salatiel e Miguel Arcanjo.
No entanto, não estava sozinho pois tinha como parceiros de missão Gabriel, o arauto guerreiro e Rafael, este exímio conhecedor das ervas, plantas e raízes radicadas no orbe azul, não obstante, do mesmo modo que seus companheiros, um outro notável combatente.
Poderia se dizer também que o lado da ironia mudara radicalmente de um instante
para o outro logo que Azazyel os viu.
___ Mas vocês ! - Estrebuchou Kesabel. __ Vocês não costumam trasladar para estes lados, por que então resolveram nos atazanar aqui, demônios ? - Continuou ele completamente colérico.
Sorrindo com um leve toque de motejo, Gabriel retaliou.
___ Será que nenhum de vós ainda não perceberam quem são os verdadeiros demônios aqui ? Sei que as vossas aparências não podem ser reproduzidas no espelho, contudo, deveriam sim dizer um ao outro qual é o vosso real reflexo, não concordam ?
Enraivecidos, Azazyel, Kesabel e Penemue revidaram todos juntos pra cima do anjo arauto e assim sendo a pequena contenda teve o seu inicio.
Por sua vez Uriel, enquanto observava Samyaza se chocar com alguns entulhos das edificações da Babilônia lá embaixo, célere como a velocidade da luz, voejou até ele e o atingiu com mais um outro golpe, coisa que conseguiu facilmente, no entanto quando tentou desferir o segundo, teve dificuldades pois Samyaza interceptou o seu ataque e revidou, bravo como estava, com toda a sua força e poder o arremessando para um local onde as construções já começavam a ficar bem mais adiantadas.
Entretanto, no meio dos trabalhadores escravos haviam alguns sensitivos que também tinham o dom da clarividência e psicofonia, porém não sabiam, e quando se depararam com todo aquele alvoroço de destruição que começara do nada, ficaram completamente assustados que passaram a proferir desesperadamente : - Fujam todos e solvem suas vidas ! - Exclamavam apavorados enquanto viam as enormes paredes de tijolos refratários desabarem como se fossem feitas de papel; todavia, para os demais trabalhadores que nada viam passaram a serem chamados de loucos, completamente perturbados da cabeça.
___ Não pense que será fácil me deter anjo. - Estava ele com o semblante completamente fechado e com uma cor diferente que passou a chamar bastante a atenção de Uriel que, tentando sair dos destroços ao qual havia sido arremessado, fazia com que outras partes não atingidas começassem a aluir e, logo em seguida, despencar também.
___ Sou um dos comandantes das falanges, das legiões de Lúcifer. - Voltou a falar Samyaza. __ Portanto devo informá-lo de que exacerbou ele os nossos poderes e força e eficácia ao extremo habitam e sobejam em nós agora e para que também deste modo pudéssemos fazer frente a todos vós,os anjos da temida Força Celeste. - Concluiu, acometendo Uriel com mais um outro vigoroso soco. ___ Por Zigurates* . - Disse ele completamente abismado olhando para seu punho como se tal ação fosse a confirmação concreta de todo o grande poder recebido.
___ Mas ! - Exclamou Uriel erguendo-se dos amontoados de pedras e tijolos um tanto quanto impaciente por já ter levado, em questão de segundos, dois brutos golpes. __ Mas acabou diro*, para vós não há mais indulgência, se é mostra de poder que deseja, então verás do que Uriel é capaz. - Relatou.
Abrindo então suas enormes e vigorosas asas, com três metros de envergadura aproximadamente e muito mais fortes de que o titânio e o aço o é para o homem, e envolveu-se nela ficando idêntico a um casulo, semelhante a um projetil e disparou, partiu célere como a luz na sua real velocidade e o fito, o alvo era deveras Samyaza, o líder do tratado que acabara de ser feito no monte gelado, sendo que a colisão ocasionou uma avantajada explosão e lançando-o para trás a uma distância bastante considerável, contudo e apesar da dimensão do impacto, não o deixou com muitas avarias.
Percebendo que tal ação não havia dado efeito, partiu novamente em direção ao oponente, porém desta vez resolveu não economizar mais esforços e passou a usar todas as suas habilidades como guerreiro que o era e como o décimo anjo membro da denodada Força Celeste, pois todo o seu corpo começou a brilhar subitâneo e notavelmente em vista que uma virtuosa luz branca como se fosse um escudo de proteção o envolveu por completo.
___ Mas ! - Inquietou-se Samyaza sendo agora a sua vez de abismar-se ao vê-lo reluzir e, o que era pior, ao vê-lo vindo como um arremesso em tal forma reluzente em sua direção. __ Mas que espécie de fulgor é este anjo ? Nenhum de vós possuía tal virtude.
___ Subestimei as vossas habilidades profano “ser”, todavia agora testemunharás o verdadeiro poder que flui de todos nós pois a nossa força sempre, sempre será celeste.
Na mesma ocasião, no entanto a apenas alguns covados* de ambos, Gabriel e Rafael duelavam com Azazyel, Kesabel e Penemue, dois contra três, mas apesar de tudo e usando de tática, sabiam eles que os diros quanto mais enraivecidos tivessem não agiam e não pensavam com coerência.
A vista disso e concretizando o que os anjos já haviam previsto, completamente intempestivos, o trio atacou, Penemue, o senhor do embuste pois foi o primeiro a ensinar os homens a mentir e Kesabel, o grande idealizador da cópula entre anjos e mulheres humanas, partiram pra cima de Rafael; por outro lado Azazyel, por se achar o mestre dos utensílios de guerra, desafiou tanto o arauto guerreiro Gabriel como também Rafael, o insigne conhecedor da relva, e os seus poderosos efeitos, existentes no orbe azul.
Penemue, por ser afoito demais, fora o primeiro a sentir os punhos desagradáveis do anjo Rafael que, por já ter sido atingido várias vezes por ele e em questão de segundos, passava veloz e sem “freio” pelo parceiro, pois enquanto Kesabel ainda ia ao ataque, Penemue já estava voltando arremessado por causa da rapidez dos golpes recebidos.
___ Não cometerei o mesmo erro, pode está certo disso anjo. -Comunicou Kesabel acertando o oponente apenas uma vez, contudo, como recebeu de volta o triplo da agressão que havia desferido, partiu idêntico a Penemue, em vista que também fora arremessado ao longe e muito, muito mais rápido do que o impeto de uma flecha em curso. ___ Algo está me dizendo que não seremos nada páreos para esses anjos. - Advertiu Penemue, um tanto quanto sobressaltado, fitando Kesabel, pois como não tinha ele a fama de ser um exímio combatente entre os seus assemelhantes, passava a não se sentir a vontade em tal peleja.
___ Cale-se ! Espavorido irmão, não podemos nunca demonstrar temor, está é índole nossa, levar o medo aos homens e não ao contrário. - Censurou Kesabel, encarando-o fixamente.
Sendo assim e no mesmo instante em que se questionavam, no outro embate, o enunciador guerreiro também estava dando bastante tralho a Azazyel.
___ Não adianta as vossas investidas Diro. - Noticiou Gabriel. __ Ademais, como arauto, notifico a vós de que não chegarás ao paradeiro que pretendias ir, pois hoje mesmo serás enclausurado nas trevas do deserto de dudael, ordenado pelo Preceptor Celeste, pés e mãos vos te serão atados e serás rendido e isolado até o derradeiro dia, circunstância em que o Autor de todo o cosmo decidirá a vida trilhada deste novo “ser”, o homem, em vista que idêntico a vós, já está ele inepto ante a face do Criador e este mesmo trajeto que ele tiver percorrido será pesado na balança celeste da virtude e da coerência, sendo que o flanco que suster mais pleitos, é justamente por este que será ele subjugado.
A medida em que o anjo falava, Azazyel ouvia tudo tranquilamente e apesar de parecer estar dando atenção, já arquitetava um subterfúgio para como escapar dali e sair ileso, em vista que não pretendia, em hipótese alguma, ser levado cativo e sendo assim então ___ Sei e reconheço quando perco uma batalha arauto, digo isso para que possais ficar sossegado pois eu me entrego aos vossos domínios. - Participou ele esticando os braços, aparentemente sem nenhuma reação, para que Gabriel pudesse acorrentá-lo, todavia momentâneo e usando de perfídia para pegá-lo desprevenido, intentou diligenciar mais alguns possantes golpes, porém realmente tal articulação não fora uma boa ideia.
___ Mesmo quando tentas dizer a verdade tuas palavras já soam como dissimuladas, sim, como deveras falsas.
Dizendo isso, Gabriel se protegeu desviando-se notoriamente das agressões e investiu contra atacando com a mais distinta e esplêndida qualidade, deixando Azazyel visivelmente as mínguas e deveras sem saber mais o que fazer para não ser encarcerado.
___ Quando o bem se impõe, o mau nunca prevalece. - Tornou a falar Gabriel. __ Ora, todos vós diros, ainda no atentaram para isso ?
No mais e retornando então ao duelo entre Uriel e o líder do pacto do monte Hérmon , Samyaza havia suportado um terço do chocante impacto com o anjo, não obstante, o embate o deixou completamente exausto e sem forças, algo que nunca tinha imaginado que pudesse acontecer, ficar categoricamente sem energia vital, pois permanecia de pé, no entanto todo o seu etéreo “corpo” tremia : - Mas como, como pôde isso acontecer ? - Indagava-se ele desesperadamente revolto sem saber o por que de está em tal situação.
Imaginando as martirizantes indagações do seu oponente, Uriel resolveu traduzir o que estava ocorrendo.
___ Apesar de todo esse seu desalento, não precisa se desmazelar diro, pois o que tenho a lhe dizer esfriará a vossa agonia.
Ainda fraco, contudo visualmente colérico, Samyaza retrucou, porém com um leve toque de ironia.
___ Ora, ora, ora, não sabia que vocês, igualmente a nós, também usavam esse estratagema para incitar, não, não ! Não é bem esta a palavra certa, porém sim atazanar, sim, atazanar a mente de alguém com a curiosidade.
Percebendo que recebia apenas um interrogativo sorriso como resposta, Samyaza estrebuchou novamente.
___ Vamos anjo, não me deixe muito mais inquisidor e curioso do que já estou e diga-me
logo, por que meu vigor esta tão fraco assim ?
___ É tudo muito simples diro, pois a penumbra não existe ou não consegui subsisti quando o resplendor impera, quando o fulgor é predominante em tudo ao redor, logo, a partir do momento que a luz aparece, as trevas se evadem, perdem-se, ofuscam-se por completo, deveria vós saber disso, já que o vosso líder outrora fora a luz, entretanto hoje, o sombrio, a escuridão, as mórbidas trevas habitam, não só nele mas como também em todos vós outros.
Apesar de ter uma resposta coerente e devidamente em harmonia com o fato que acabara de ocorrer consigo, Samyaza “bateu de ombros” querendo dizer que não estava dando a mínima pra toda aquela narrativa : - ”Porém, devo dizer que me serviu como lição, como aviso, visto que da próxima vez que enfrentar um anjo que use o mesmo poder, já sei como agir”. - Pensou, fitando Uriel com a face completamente cínica semelhante a qualquer um bobo existente na corte dos reis.
Todavia, fechou o semblante e tornou-se sério quando percebeu que o seu “verdugo” também lhe abria um dilatado sorriso.
___ Vós outro já não engana mais a nenhum de nós diro. - Salientou Uriel . __ Esqueceu que podemos ler tudo aquilo que fica guardado no vosso intelecto, aquelas palavras que nunca chegam a ser ditas ou que nunca chegam a ser expressadas pela boca, esqueceu ?
Mais uma vez, Samyaza “bateu de ombros” significando que realmente não se importava com nada mais pois, para ele, tudo havia se tornado um blá blá blá, isto é, nunca daria o “braço a torcer”, deveras nunca reconheceria a sua própria derrota.
Não obstante e por sua vez, Penemue, por ser o menos intrépido ali e Kesabel, avaliando a real situação de Azazyel e Samyaza, decidiram não só debandar, mas também abandonar, deixar pra trás, sem pensar duas vezes, os seus semelhantes irmãos a serem levados cativos.
E, logo assim, ambos fugiram, evadiram-se do local, primeiramente foram em direção ao templo *zigurates mais próximo e logo depois partiram rumo ao *latíbulo, isto é, a *recôndita dimensão dos diros, a qual era uma extensão espaço que os anjos não podiam frequentar, simplesmente por ainda não terem a erudição precisa sobre sua diretriz, ou seja, o curso com a sua exata localização, o caminho certo a segui e, assim sendo, chegando ao latíbulo se reportariam a Lúcifer sobre o cárcere de Samyaza e Azazyel e, feito isso, enfim se encaminhariam para o templo sumério de Nan-Kis, já que era este o real paradeiro dos quatro antes de serem abordados pelos anjos da Força Celeste.
Capitulo 4.
Vate Nínive.
A medida que trocavam ideias, pois Nínive era uma moça muito além, ao longe de sua era, mais se sentia envolvida pelo seu suposto guerreiro salvador e poderia se dizer que não só ela, mas ele também já estava se vendo um tanto quanto “arrebatado”, em vista que a paixão, o afeto, o amor, sentimentos que haviam se perdido a muito tempo dentro de si, voltavam a bater na porta de seu coração novamente, sim, voltavam a fazer morada em seu ser, já que cada vez mais se sentia completamente enamorado pela bela e estonteante Nínive.
Como combinado, haviam feito a saborosa refeição noturna juntos e ele provado do tão recomendado ensopado de sua mãe, no entanto, assim como tinha acontecido no jantar, agora todos confabulavam reunidos ao redor de uma imensa fogueira descontraído e harmoniosamente.
___ Mas meu senhor. - Falou o pai de Nínive e Randur. __ O jovem soldado é sumério ou acadiano ou melhor, de onde vem e para onde está indo e… Como é mesmo o seu nome ?
___ Raffir ! - Interveio sua esposa, porém, sorrindo meigamente para o insigne convidado logo em seguida. __ Pare de perturbar o nobre guerreiro com tantas perguntas, ele salvou nossos filhos daqueles perversos salteadores, lembra ? Além do mais, não percebe que ele deve está cansado, exausto e precisa repousar pra poder partir bem cedo amanhã de manhã ?
Parecendo falar pouco mas dando a entender que não se chateava com tantas indagações, o alto e belo ruivo respondeu as questões de modo calmo e respeitosamente.
___ Sou elamita, mas sempre que possível faço uma visita a bela Eridur e, respondendo ao senhor Raffir, é justamente pra lá que estou indo, vou fazer parte do poderoso exército do rei Nan-Kis já que, por enquanto, nossa nação ainda não é muito dada as armas.
Intrigado, curioso e completamente afoito e inquieto, em vista que era esse o seu jeito de ser, o pequeno Randur inquiriu, sabido que fora ele uma real testemunha das exímias habilidades do futuro soldado das forças sumérias.
___ Mas...Se os elamitas não são dados a guerra, onde então aprendeu a lutar tão bem ? Já vi alguns soldados treinando quando papai me levou até a cidade pra vendermos algumas cabras e garanto que nenhum deles é tão hábil e veloz quanto o senhor e passo a achar também de que se os elamitas tivessem 100 homens apenas iguais a você, ah ! O rei Nan-Kis iria ter bastante trabalho para vencê-los, ah se iria. - Encerrou, apanhando um graveto do chão e encenando lutar como se fosse uma espada.
Abrindo um dilatado sorriu, entretanto sem se preocupar muito com o que o garoto falara o bravo ruivo, tranquilo e calmo, ia começar a se explicar quando Nínive, completamente amofinada se interpôs.
___ Será que vocês não tem outra coisa pra falar além de guerras, treinamentos, guerras de novo, por que não discutimos sobre toda essa maravilha que está em nossa volta, heim ? Sobre o céu por exemplo, qual o significado dele ser completamente azul; sobre o solo, por que algumas vezes ele treme; as estrelas, qual a real distância entre elas e nós ? Ou, quem sabe, podemos conversar sobre a água; por que a dos rios é sem sabor e a do mar é amplamente salgada ? Acho que ninguém aqui sabe me dizer por que isso acontece, sabem ?
Todos se entreolharam um tanto quanto espantados e confusos quando findou o seu “índex” de perguntas. Todos, menos o ruivo, pois ficou ele completamente maravilhado pelos almejados interesses de conhecimento que a jovem retinha dentro de si.
Já ela, analisando os rostos surpresos e indagativos de cada um ao seu redor, prosseguiu.
___ Todas as vezes que vou ao lago no final da tarde para me banhar, tem umas palavras que sempre recito momentos antes de entrar na água, as quais dizem assim : “Desde pequena que eu admiro toda essa beleza, adoro a brisa fina que paira no ar, sim, ela põe na mente ideias para que eu possa meditar, reativa as lembranças, as memórias boas, sentindo o vento gostoso bater no rosto vindo de uma linda, linda e frondosa lagoa. Tem também oásis, ah oásis, é ele que esfria o calor da nossa região trazendo verdadeiramente tranquilidade e paz ao meu coração. Porém, e em igual sentido, o leito dos rios é divino, magnífico de mergulhar, maravilhoso de se banhar e sobre isso sempre fiz a questão de poder me expressar. Mas ! Sempre tem o mas… O verde do mar, o azul do céu e o sol… Que nunca pare de brilhar; o verde do mar, o azul do céu e o sol... Que este... Sempre esteja em meu olhar”.
Ainda absortos, deveras o grupo todo se entreolhava, já que realmente apenas nos palácios dos reis, dito pelos bobos da corte, ou por alguns mercadores espalhafatosos nômades que faziam performances para um pequeno público restrito, era onde se podia presenciar tal declamação, tal recital como este que acabaram de ouvir.
___ A minha vontade. - Disse ela novamente. __ É ser sacerdotisa, garanto que assim descobriria vários segredos ocultos em toda essa vastidão que há entre o desconhecido céu e este chão firme que estamos pisando agora.
Raffir, o pai, depois de alguns segundos calado, estava meio que “digerindo” tudo aquilo que acabara de ouvir, contudo, resolvera se expressar demonstrando seu total apoio a única filha que tinha
___ Garanto... - Proferiu engolindo um seco, porém continuando logo depois. __ Garanto que não estou nem um pouco surpreso, realmente desde pequena você sempre se mostrou deslumbrada por esses fenômenos, pelos efeitos naturais da terra e dizeres nobres e extensos como este você sempre falou para todos nós aqui em casa, então, se é isso que deseja pra si, fique certa que não serei eu o embaraço nessa sua escolha, afinal, você puxou a mim na vontade de fazer várias perguntas ao mesmo tempo, não é ?
___ Puxa ! Bradou Randur. __ Minha irmã será a futura sacerdotisa do rei Nan-Kis, agora poderei visitar o palácio real todas as vezes que for a cidade.
Sorrindo levemente junto com os demais por ver o garoto “esmurrando o ar”, fora a vez da mãe, assim como seu marido, em também querer dar o seu parecer e, olhando com todo carinho e satisfação para a filha.
___ Penso como Nínive, pois acredito que tudo tenha uma resposta, tudo tenha um significado, tudo tenha um porque e, pelo que sei, os deuses disseram ao sumo sacerdote Passur que vieram de uma estrela gigante, bem ! Acho que isso quer dizer que também podem haver vidas em qualquer uma dessas que brilham no céu a noi…
___ Ou não. - Retrucou o ruivo resolvendo interromper o raciocínio, todavia ainda um tanto quanto aturdido por se deparar com uma família de aparência e maneiras rústicas, no entanto tão interessadas, tão atraídas em querer saber os segredos do céu, da terra, da água e do ar.
___ Digo, não nessas estrelas. - Tornou a falar ele. __ Mas em outros campos celestes, quem sabe, idênticos ou muito melhores e mais bonitos do que este em que vivemos.
A bela Nínive nunca esteve tão feliz como estava se sentindo agora, ver tanto sua família como também outras pessoas falando arduamente sobre assuntos que faziam seus olhos brilharem incessantemente, para ela era como uma dadiva ou, quem sabe, como o real início de um ciclo
Verdadeiramente seu coração se enchia de alegria, em dimensões tamanhas que se pudesse não se limitaria a parar de falar a respeito.
___ Concordo. - Disse fitando o denodado guerreiro na “menina dos olhos”, mas logo depois redirecionando a visão para o céu onde as estrelas brilhavam intensamente. __ Se conseguimos facilmente sobreviver aqui, por que então não pensar que pode haver outras formas de vidas no longínquo distante, muito fora deste nosso habitat e, mais uma vez, imitarei a meu pai, por que não ? Do mesmo modo que ela, sua família consecutivamente passou a encarar o firmamento, menos o ruivo pois este, deslumbrado, decidiu manter seus olhos fitos no belo rosto da moça.
Nesse momento, inexplicavelmente, uma estrela cadente atravessou todo o céu de um horizonte ao outro, coisa que quase sempre nunca acontece, sabido que elas na maioria das vezes desaparecem muito antes do que isso, bem dizer, na metade do seu percurso.
___ Já fiz o meu pedido. - Expressou-se a bela Nínive acompanhando todo o trajeto da estrela até dissipasse completamente no horizonte. __ Então que minhas súplicas sejam ouvidas e que meus desejos se concretizem.
___ Não precisa nem falar. - Antecipou-se o entusiasmado pai. __ Pois todos nós já sabemos qual foi.
Mais do que nunca, poderia se dizer que o tão almejado desejo da bela e pura Nínive acabara de se iniciar, pois tendo o apoio dos pais, faltava agora apenas ser apresentada ao sumo sacerdote Passur, tornasse sua aprendiz e deste modo seguir os desígnios e anseios do seu coração. Ainda assim, precisava ela de alguém que a apresentasse tanto ao rei, em vista que era ele que dava o aval para alguém se tornar um auxiliar sacerdotal já que este poderia vir a ser o futuro sumo sacerdote, como também deixá-la face a face com o próprio Passur, mas… Quem ?
E, parecendo que todos da família estavam pensando a mesma coisa, redirecionaram seus olhares para o ilustre convidado, sabido que ele era o único ali com as mais reais chances de executar tal tarefa.
___ Por que estão me olhando assim ? - Já imaginava ele o porque, no entanto inquiriu apenas para confirmar sua certeza.
___ Sei que o senhor zelou hoje pela minha filha lá no lago. - Reconheceu o pai ao bravo e heroico ato do guerreiro ruivo. __ Porém, por que não zelar por todo o decorrer de sua vida, pois o que estou lhe propondo é que seja seu defensor, o real e único protetor de minha filha, tenho umas economias e garanto que posso recompensá-lo muito bem por isso.
___ O que meu pai quer de fato lhe dizer nobre guerreiro, é que realmente vou precisar de alguém que me leve com segurança até Eridur e que este mesmo alguém possa me apresentar as duas pessoas mais importantes que há na cidade, o rei Nan-Kis e o sumo sacerdote Passur.
___ Simples assim, esta é a proposta. - Completou a mãe consecutivamente enquanto que o pequeno Randur apenas abria um dilatado sorriso em direção ao ruivo.
___ O que me diz senhor, é… Acho que ainda não nos disse o seu no...
___ Mobárac, este é meu nome.
Ao passo que respondia, voltava a ficar ele com o incógnito brilho nos olhos, mesmo assim não deixou de fitar a bela donzela quase que ao mesmo tempo em que estava falando.
___ Aceito. - Ratificou o elamita fechando o acordo, contudo, em partes. __ Serei sim o protetor da jovem Nínive, porém somente até se tornar sacerdotisa já que como todos sabem estou indo a Eridur para me alistar ao exercito sumério, mas a família pode ficar em paz e sossegada pois de hoje em diante terá ela a minha cordial e mais fiel proteção, tenham todos a minha palavra. - Concluiu deixando, e mais uma vez sem que ninguém percebesse, o fulgor de seus olhos completamente reluzentes.
Novamente o pequeno Randur resolveu se manifestar, entretanto desta vez semelhante a uma cabra, saltou a fogueira que fortemente ardia com o intuito de esquentar a noite fria da região.
Por sua vez e consecutivamente, os pais abraçaram-se pulando alegremente em confraternização pelo beneplácito do habilidoso guerreiro. Todavia a bela e pura Nínive, não desejando mostrar muito o júbilo que brotara dentro de si, apenas sorria, ao passo que os demais de sua família regozijavam-se divertidamente.
___ Tem só uma coisinha que esqueci de dizer. - Ressalvou o pai levando o braço pausando o festejo inesperadamente. __ Nós todos vamos com o senhor e só depois que Nínive for apresentada ao rei e ao sumo sacerdote e que voltaremos para casa, estamos acertado assim senhor protetor Mubárac ?
Momentaneamente todo mundo passou a encarar o guerreiro ruivo fixamente aguardando sua resposta, no entanto enquanto se entreolhavam, Raffir adentrou em sua casa e rapidamente retornou com todas as suas economias, três sacos de couro recheados de *lingotes.
___ Aqui está jovem e valente guerreiro, isso é tudo que tenho para que o senhor possa dar vida ao grande sonho de minha filha. - Expressou-se depositando todos os seus vários anos de árduo trabalho nas mãos do ruivo.
Como os demais, Nínive também ficara estática vendo toda aquela quantia e passou a se perguntar se valeria a pena todo o esforço, todo o sacrifício de sua família por um simples anseio seu.
___ Que fique esclarecido a todos que não é tanto pelo dinheiro que farei tal empreitada, mas também por poder ver o tão aguardado desejo da jovem Nínive ser concretizado, já que isto se traduz nitidamente dentro de seus olhos, vindo do fundo de seu coração. - Reportou o guerreiro Mubárac fitando um por um e concluindo suas palavras finais com os olhos fixos na linda e futura sacerdotisa.
___ Pois muito bem. - Disse a mãe cortando o silêncio que havia ficado assim que os dois jovens cruzaram seus olhares. __ Pra acordarmos cedo e dispostos amanhã, devemos relaxar e ir descansar agora, não acham ?
Concordando com a cabeça, todos se retiraram cada um para seus aposentos, com exceção de Mobárac, em vista que o único local que tinha disponível para o seu repouso era do lado de fora da casa a apenas alguns covados de distância onde ficavam as cabras.
___ Não se disturbem por mim, podem ir dormir sossegados pois esta noite será a minha primeira como vosso protetor, noite boa a todos. - Frisou o ruivo observando a porta ranger ao se fechar e logo depois ser trancada lentamente por dentro.
(Nota do Escritor)
*Lingotes : Tipo de moeda que os sumérios usavam como dinheiro e era feito com uma liga de ouro e prata.
*Nota : Toda a mesopotâmia também passou a usar tal moeda durante muito tempo.
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___ Nossa embarcação já está pronta para zarpar majestade, a tripulação só estava esperando pelo vosso retorno a bordo senhor. - Disse o comandante do Ishitar, o mais fabuloso navio mercante assírio, porém com marujos vindos de Sidom, todos exímios marinheiros conhecedores dos mares.
Estavam indo para uma extensa viagem de vinte e quatro luas ou mais dependendo da delonga comercial que fariam com os sábios povos do mediterrâneo norte e ocidental, entretanto a volta lhes renderiam grandes proventos, tinham eles a mais pura certeza disso.
E, deveras não havia outro monarca idêntico a Gíbi-Annan, já que ele mesmo fazia questão de embarcar nas expedições, tanto pelo desfrute da parte mercantilista como também pelo prazer que tinha de viajar e conhecer outras nações, civilizações com a cultura e o jeito de ser tão distintos das que habitavam a meso-região, coisa que para ele era algo muito gratificante e agradável poder participar literalmente de tudo isso, contudo desta vez algo o estava deixando bastante absorto, distante mesmo do que lhe acontecia em volta e tal abstração tinha um nome, Nínive.
__ Shallathian ! - Chamou ele pelo seu comandante. __ Não percorrerei toda a extensão da jornada com vocês, retornarei de Rodes. - Concluiu sem dizer mais nada.
Meio perplexo, o comandante tentou inquirir o porque, mas não teve muito a atenção de seu rei, o qual se retirou ininterruptamente para seus aposentos ordenando que a nau zarpasse sem mais nenhuma demora.
Trancando-se em seu camarote, retirou sua coroa e deixou que os pensamentos de três dias atrás invadissem sua mente e o seu coração novamente, quando sua caravana cruzou com aquela família de aldeões e o seu guerreiro bárbaro indo em direção a Eridu pois nunca, nunca na sua vida de monarca, havia visto moça mais bela, de olhos lindos e delicados, perceptível pele da mais pura seda e intelecto idêntico aos nobres que habitavam as cortes de algumas cidades do mediterrâneo, que por sinal era para onde estavam indo agora, porém três toques na sua porta o fizeram retornar abruptamente de seus devaneios.
__ Acabamos de receber uma mensagem do rei Nan-Kis endereçada ao senhor majestade . - Reportou Shallathian assim que o regente assírio abriu sua porta.
- “Daqui a quatro luas marcharemos contra a cidade acadiana de Kish, sem prisioneiros e destruição total da cidade é a ordem para ser seguida, conto com o poderio dos seus notáveis arqueiros e atrozes combatentes na peleja.”- Nan-Kis rei de Eridu, dizia a mensagem.
Engolindo um seco, entretanto ao mesmo tempo abrindo um gigantesco sorriso pois voltando a Eridu poderia rever a bela Nínive e instantaneamente pensou que daria certo o retorno de Rodes, já que três luas era o seu provável percurso de ida e vinda.
__ Repasse a mensagem a Nan-Kis confirmando que em três luas eu e meus homens estaremos em Eridu para nos unirmos a ele.
Ouvindo um ”Sim senhor” do seu comandante, fechou a porta de seu camarote novamente.
Apesar de ser uma navegação mercantilista, nunca deixava de levar bravos guerreiros existentes no seu reino com o intento de defenderem a nau em possíveis hostilidade no decorrer da jornada, homens robustos, valentes e destemidos, medindo de *4 – 4.1/2 a 5 covados de altura, eminentes na espada, primorosos no arco e flecha. Seu exército era pequeno em relação ao do rei Nan-Kis e sua nação até então começava a ascender, contudo : - “Futuramente ainda comandaremos toda a mesopotâmia, o sul e o oeste da região será dominada pela ascendente Assíria”- Pensava Gibi-Annan consigo mesmo : - “E tendo uma rainha como a bela Nínive a meu lado será o ápice, o jubileu do desfrute”-Pensou outra vez no momento em que a embarcação saia do porto e seguia navegando pelo litoral nordeste até o comandante resolver adentrar mar a fora.
No mesmo tempo, porém na cidade estado de Eridu, o irmãozinho da doce Nínive aprontava mais uma das suas estrepolias na sala que dava acesso ao templo pois colocando um pó , indicado por Mobárac e o qual provocava intermináveis coceiras, nas roupas das outras moças que também eram candidatas ao cargo de auxiliar sacerdotal, estavam deixando o atual auxiliar do sumo sacerdote completamente maluco com tanto alvoroço e muita gritaria das jovens que já estavam quase ficando nuas pra poder se coçarem melhor.
__ Mas o que está havendo aqui, que *prurido desagradável é este que está acontecendo com vocês meninas ?
__ Não… Não sabemos nobre senhor, só sabemos que não suportamos mais todo esse súbito martírio. - Expressou-se uma das jovens esfregando-se toda nas paredes da sala e correndo logo depois em direção ao átrio para poder refrescasse melhor, ação esta que causou a adesão de quase todas as concorrentes, ficando no local apenas a bela e estonteante Nínive.
Do lado de fora Randur e Mobárac quando viram as moças saindo do templo em total agitação, tiveram certeza que o plano havia dado certo e, se entre olhando consequentemente, caíram na gargalhada.
__ Wow, wow, wow ! Nínive vai ser a nova auxiliar sacerdotal ! - Passou a exclamar o travesso garoto.
__ Não expresse vitória antes do tempo pequeno Randur, acalme-se e vamos aguardar o retorno da jovem Nínive. - Salientou Mobárac observando as garotas esbravejando indo embora, todavia ainda com fortes coceiras por todo o corpo.
Entretanto, enquanto contemplavam a hilária sena, tiveram a atenção voltada para a comitiva real que acabara de chegar de uma caçada a leões da montanha vivos para simples e puro entretenimento do rei quando resolvia tirar a vida de alguém que não cumpria ou não se submetia as suas ordens os arremessando, como ele mesmo não cansava de dizer : “Sem complacência alguma”, no fosso dos felinos. Haviam capturado dois, um macho e uma fêmea e observando os animais rugindo dentro das jaulas logo que eram bolinados.
__ Ora, ora, ora, se não é o meu mais novo guerreiro elamita, mas pensei que estivesse treinando com os outros soldados, em vista que daqui a quatro luas marcharemos contra a cidade de Kish, lembra ? - Disse Nan-Kis logo que o viu.
__ Claro que sim senhor meu rei, no entanto vossa majestade sabe que não preciso de treinos, porém sim de combates reais pois o soberano já me viu lutando e com isso também pôde contemplar a minha eminente excelência com as espadas, primor este todo dedicado a soberania da vossa Suméria e Kish, com toda certeza, tumbará perante o vosso exército.
Ao passo que confabulavam, o irrequieto Randur aproximou-se e estacionou bem ao lado do ruivo.
__ Quantos destes o senhor já possui senhor rei ? - Inquiriu simploriamente referindo-se aos enormes felinos que, famintos e sentindo-se acuados, não paravam de rugir.
__ Diz-se “vossa majestade” pequeno Randur e não “senhor rei”. - Repreendeu Mobárac puxando-o para mais próximo de si pois já estava ele, além de não se curvar, indo em direção ao monarca assim que terminou de falar.
Deixando escapar uma saudável e espontânea gargalhada, Nan-Kis fitou a ambos alternadamente e proferiu.
__ A naturalidade desse garoto sempre me fez rir e isso desde a primeira vez que nos encontramos, portanto, não se aflija com isso hábil guerreiro elamita pois conto com a sua destreza no confronto com os acadianos para conquistar Kish definitivamente. - “Pois a profecia pode até se cumprir, porém não no meu governo, não na minha e na geração do meu legado” - Falou o rei consigo mesmo a respeito da Acádia anexar a Suméria ao seu reino semita.
__ Assim será majestade. - Concordou Mobárac curvando-se. Já este e por sua vez, referindo-se a vitória sobre a cidade de Kish enquanto observava o regente passar por si e retirasse em direção a sala do trono.
__ Até que ele não parece ser um rei muito chato e perverso. - Comentou Randur aproximando-se do guerreiro ruivo e vendo o monarca adentrar no palácio.
Mobárac apenas sorriu e passou a mão sucessivamente sobre a cabeça do agitado e arteiro garoto, em vista que sabia que dali só vinha estripulias.
Voltando ao rei Nan-Kis, não foi ele diretamente para a sala do trono, em vista que desviou seu caminho em direção ao templo para ter com o sumo sacerdote Sampur pois estava ávido em saber tudo sobre a futura batalha com os acadianos em Kish, entretanto nem bem adentrou, Sampur já o aguardava com o turíbulo na mão exaurindo fumo de incenso por todo o local com o simples intuito de convocar os deuses.
__ Por isso que não me tornei um *patesi e escolhi sabiamente alguém mais digno e apropriado do que eu para falar com os deuses, você. - Ressaltou Nan-Kis logo que entrou.
Ao passo em que o sumo sacerdote, após ouvir passos, desviava a visão para ter certeza que era realmente o rei que adentrava, pois sabia que o regente viria só não sabia bem em que tempo.
___ Assim, - Prosseguiu o monarca caminhando lentamente até ele. __ Enquanto eu cuido dos interesses bélicos da nossa Suméria, você faz a sua parte e zela eruditamente interagindo com os deuses.
___ Foi para isso que vossa majestade me selecionou e devo dizer que estou humildemente agradecido meu soberano, pois sou o seu intermediário para falar e saber do porvir com os *dingir aqui em *zigurates.
Balançando a cabeça em concordância e aspirando fortemente os odores do incenso, já que não só os deuses mas ele também adorava tais essenciais, pronunciou.
__ Sou o sexto em linhagem real Suméria em Eridu, em Ur, lagash, Nippur e Uruk, os patesis são todos *aparentes, pois mentem ao povo se dizendo falar com os *dingir, completa balela e embusteiros é o que todos eles são, por isso que bajulam a mim, sabido que sou o único que deveras tenho um genuíno sacerdote, ou seja, um homem que realmente consegue falar com os deuses.
Houve alguns segundos de silêncio após findar suas palavras depositando então suas mãos sobre os ombros de Sampur e olhando para baixo, já que era ele mais alto que o sacerdote.
__ No entanto penso que se fossemos mais unidos, a profecia da suméria ser subjugada pelos acadianos nunca se cumpriria, nunca se realizaria. - Falou novamente e afastando-se consecutivamente.
__ Se me permiti sugerir algo senhor, acho que vossa majestade deveria também tentar um acordo com os reis de todas essas cidades sumérias que o soberano mencionou, assim como fez com os assírios, elamitas e amoritas, no momento o senhor tem um exército mais poderoso do que todos eles juntos e tal evolução das nossas forças foi proposta pelos dingir, mas, toda aliança em época de batalhas deve ser bem vinda, não concorda senhor meu rei ? - Admoestou Sampur.
Durante o tempo em que confabulavam e a medida que Nan-Kis assentia se conciliando com as estratégias de seu sumo sacerdote, em um diferente lugar porém nada distante e bem, bem próximo dali.
__ Como já conversamos a respeito de só sobrar você, acho que não tenho outra alternativa a não ser escolhê-la como a nova auxiliar sacerdotal jovem e bela Nínive, não é este mesmo o seu nome ? - Revelou o assistente do templo zigurates, pois tinha ele apenas esta ocupação, isto é, não era capacitado para falar com os deuses e, assim sendo, fazia diligentemente somente as tarefas do templo, nada mais além disso.
Entusiasmada e completamente afoita, a nova auxiliar, contudo futura sacerdotisa, não se conteve e passou a pular de alegria se abraçando e rodopiando com o assistente, em vista que de uma hora pra outra o seu tão almejado sonho havia se concretizado como se fosse um simples “estalar de dedos”.
Enquanto isso, na área externa, Randur e Mobárac depois de ouvir os gritos de satisfação da futura sacerdotisa, batiam na porta incessantemente desejando entrar e após berrarem bastante.
__ Afaste-se Randur, pois essa porta não se tornará nenhum empecilho para que possamos passar. - Disse o guerreiro ruivo apartando o garoto para o lado, visto que a sua verdadeira intenção era a de arrombar o acesso.
Todavia, não fora preciso, já que de tanto insistirem o assistente resolveu abrir deixando-os entrar e, como havia ele ficado ao lado da porta, quase que por detrás dela, a primeira pessoa que se depararam fora com a bela Nínive parada e chorando de felicidade bem a frente deles.
Visivelmente sem jeito, Mobárac composse e voltou a sua postura normal, em vista que estava com o pé direito perceptivelmente levantado para abrir caminho.
__ Eu falei, eu falei… Eu falei que você ia se tornar a nova sacerdotisa, não falei ? - Gritou Randur passando correndo pelo elamita e se atracando com a irmã abraçando-a fortemente, no entanto, sem deixar de dar uma bela de uma piscada para o ruivo, pois fora ele que havia planejado toda a tática do pó de coceiras nas roupas das outras pretendentes horas atrás.
__ Nós conseguimos, com a ajuda de vocês, sem muito esforço e em um curto espaço de tempo eu me tornei a nova auxiliar sacerdotal, - Agradeceu ela retribuindo o abraço do irmão e logo depois que Mobárac transpôs a porta o abraçou também, contudo de maneira mais forte e carinhosa.
__ Obrigada. - Balbuciou com ternura em seu ouvido e em seguida o beijou afagando em sua nuca assim que sentiu que ele, sem se importar com nada ao redor, a comprimia apertado e maliciosamente em seus braços.
__ Rhum, rhum ! Desculpem, mas daqui pra frente a moça deve residir no templo e deve também reportar isso, o mais breve possível, a todos os da sua família. - Comunicou o assistente interrompendo o primeiro momento brando entre Mobárac e Nínive.
__ Pois a jovem precisa se preparar, através de rituais que o sumo sacerdote instruirá, no intento de falar com os dingir, já que para tal ação precisa ela estar habilitada, ou seja, sempre deve estar em contato e em conjunção com o cosmos. - Tornou a comunicar o assistente fitando a ambos alternadamente.
__ Não se preocupem comigo, estarei bem. - Tranquilizou, a agora auxiliar sacerdotal, abaixando-se até o pequeno Randur após ver os olhos de seu irmãozinho se avermelharem em lágrimas. __ Peço apenas que façam o que ele ordenou e tragam também todos os meus pertences e utensílios, pois uma sacerdotisa não pode viver sem os seus cremes, perfumes e belas roupas, não é ? - Concluiu com um leve toque de humor fitando Mobárac e apertando vigorosamente em sua mão, porém, ainda abraçada ao pequeno Randur.
__ Acho que acabou, não é ? Penso que agora você já pode voltar a segui o seu caminho, certo ? - Inqueriu ela fitando-o na menina dos olhos.
__ Bem, não fiz mais do que havia lhe prometido, mas não pense que vai se livrar tão fácil assim de mim pois sempre estarei por perto vigiando todos os seus passos, pode estar certa disso.
Se desvencilhando do irmãozinho por um instante, abraçaram-se avidamente.
__ Outra vez, me desculpem por isso, mas todos vós outros devem se retirar em caráter de agora. - Interveio o assistente com o tom de voz bem mais austero. __ A jovem Nínive precisa ser Indefectivelmente apresentada aos dingir e isso o quanto antes melhor.
Sem mais nenhuma alternativa, tiveram que se sujeitar as ordens.
__ Fique sossegada que antes mesmo do sol se pôr todos os seus pertences já estarão aqui nos seus aposentos, vamos Randur.
Por sua vez, positivamente, o garoto não queria deixar sua irmã ali, sabido que desde quando passou a se entender por gente, sempre andaram juntos, até o quarto de dormir dividiam e agora ter que ir a algum lugar sem que esteja a presença dela para ele realmente era um forte e indesejável impacto e sendo este também o motivo de está calado, já que isso deveras era dificílimo de acontecer.
__ Vá meu pequeno irmão, pois de agora em diante é assim que tem que ser. - Incentivou ela encorajando-o ao percebê-lo relutante em atender as determinações de Mobárac.
Atracando-se novamente a ela, entretanto fitando o assistente como se quisesse lhe dizer algo.
__ Vou, mas todos os dias estarei do lado de fora desta porta, sim, todos os dias retornarei para lhe fazer uma visita e ninguém, digo, ninguém me impedirá.
Apesar de pequeno, garoto pois assim realmente o era, falou ele como se fosse um homem feito, dando as costas a todos e retirando-se do templo levando consigo toda a mágoa que, em tal momento, imperava em seu diminuto coração.
“Batendo de ombros”, Nínive deu mais um forte abraço no guerreiro ruivo e ordenou.
__ Vá com ele.
Antes de acatar a ordem, Mobárac primeiramente se afastou até estar na área externa, contudo só depois de observar o assistente fechar o acesso e vê a mulher de seus sonhos desaparecer por detrás da porta, foi que se lançou ao encalço do menino.
__ Randur ! - Exclamou. __ Espere por mim !
Capítulo 5.
Destro Acordo.
Adentrando no orbe azul verdadeiramente tão célere quanto a luz pois, quando desejavam, eram eles completamente invisíveis aos olhos do novo “ser”, o homem, Zael e Cefás retornavam com o intuito de concluir a segunda etapa da missão *nefilim.
Com os braços voltados para trás, ambos cortavam o tempo espaço até chegarem a *ionosfera e tão súbito e veloz, assim como eram os seus gestos, precisaram deter sua velocidade antes de alcançarem o chão.
Pairando no ar, ambos passaram então a observar atentamente as atitudes e ações de toda a humanidade.
__ Os que são bons ou, pelo menos tentam ser, são esmagados pelas atrozes ações das pessoas más. - Disse Cefás flutuando e analisando atenciosamente o vai e vem de homens e mulheres lá em baixo.
__ O certo é que em um curto espaço de tempo, em vista que mil anos neste orbe se equivale a um dia para nós, este novo “ser” já não está tendo um bom conceito perante a face do *Preceptor Celeste. - Salientou Zael que em tal ocasião tinha os olhos fitos no oriente apreciando o sol que nascia lindamente no horizonte em sua frente.
Oscilando a cabeça em sinal de concílio, Cefás concordou imediatamente.
__ Deveras não dão eles a menor porção de valor, o mínimo de consideração com toda essa magnífica beleza constituída pelo Preceptor Celeste para que pudessem se regozijar nela, *vilipêndio, realmente este é o nome certo para tal ato.
Devolvendo o consílio sinal de cabeça, Zael, que também passou a encarar fixamente o nascer do sol.
__ E isso apesar de não terem uma vista privilegiada como esta que estamos tendo agora. - Comentou em relação a longínqua altitude que estavam.
Contudo, foi só redirecionar a visão para uma outra extremidade que encontrou o que procurava.
__ Vamos Cefás ! Nossa missão começou.
No mesmo instante em que falava, orbe abaixo, especificamente numa certa região montanhosa, Etana, que já possuía mais três novos amigos, Flow , o lobo cinza que havia prendido a perna numa cova, Xino, um lince das montanhas rochosas que fora ferido gravemente por caçadores e o avantajado, porém meigo, urso pardo Mhou, o qual tinha ela removido um enorme espinho de uma de suas patas, descansavam todos ao sol enquanto que Etana mastigava algumas folhas com efeitos cicatrizantes pra logo depois expelir e passar no ferimento de uma de suas ovelhas que havia se ferido nos arbustos e balia no chão, sendo que ao longe o seu fiel e primeiro companheiro Taygar tomava conta de tudo ao redor atentamente.
E poderia se dizer que, como exímios vigilantes que eram, nada lhes passava desapercebido, nada, nem mesmo... Seres intangíveis.
__ Todos vós, igualmente a mim, também perceberam ? - Inquiriu ela levantando a cabeça e passando a correr a visão em todo o local minuciosamente assim que Taygar e os seus novos companheiros começaram a ficar bastante inquietos. __ Deveras, não estamos mais a sós aqui, porém, onde então está o nosso suposto inimigo pois assim como todos vós eu também estou sentindo a presença de algo ou alguém.
__ Não há nenhum desafeto seu aqui grande guerreira, nem tão pouco viemos com hostilidade ou em busca dela. - Ilustrou Cefás expondo a sua real fisionomia.
Em sinal de honra e respeito, subitamente Etana lançou os joelhos no chão quando se deparou com aquela deslumbrante visão, já que ambos os anjos brilhavam ostensivamente suspenso no ar, até Taygra com os seus demais novos amigos calaram-se de imediato e instantaneamente confirmando suas reverências.
__ Levantai denodada e distinta mulher, não precisais agir assim a nós outro, pois somente aquele que nos formou merece tal *probidade. - Advertiu Zael ao vê-la cair com o rosto por terra em sua frente.
Identicamente, as ovelhas também, habituadas a ficarem o tempo todo em pé, desta vez estavam todas sentadas sobre a vegetação rasteira, tranquilas e calmas como se estivessem num lindo e suntuoso paraíso.
__ Verdadeiramente não sei quem és ou o que é vós meu senhor. - Respondeu ela visivelmente nervosa. __ Temo que sejais um deus, por isso prostrei-me no chão.
Compassivamente foram eles amenizando o fulgor de seus corpos até cessarem de *tremeluzir por inteiro.
__ Somos mensageiros daquele que tudo criou, O Autor da Vida, O Senhor de todas as coisas, O Infinito Ser, pois fez Ele este orbe em seis dias somente, porém, se assim o desejar, com apenas um sopro, pode também destruí-lo por completo. - Relatou zael aproximando-se do solo, no entanto, ainda suspenso no ar.
Etana ergueu-se e pôde perceber que era ele vários côvados acima da sua estatura.
__ Nós o chamamos de Preceptor Celeste. - Interveio Cefás. __ Isto é, aquele que é Senhor, O Mestre, o que dar todas as determinações, a ciência, as normas, aquele que dar o saber, todavia vós podereis chamá-lo orgulhosamente de *Elohim, A Divindade Suprema, O Altíssimo, O Pai Celestial.
__ Estou confusa meu senhor e ainda não consegui assimilar tudo isso, o que desejais vós comigo ? Por que estão aqui e não em algum dos vários templos *zigurates existentes na Suméria ?
__ Por que lá. - Respondeu Zael. __ Não habita a *idoneidade, as pessoas certas para as determinações e os estatutos do Preceptor Celeste, em vista que seus corações estão repletos de altivez e orgulho, *sovinarias e *impudicos anseios por conquistas, ódio e destruição, não há espaço para *indulgências, para o apreço, para a estima, nenhum espaço há para o cordial, para o *ágape amor celeste.
__ Pois, por três fundamentos apenas. - Completou Cefás novamente. __ O homem mata, rouba e causa as mais diversas atrocidades sem se preocupar com ninguém que esteja a sua volta ou no meio do seu caminho; a Riqueza, o ódio e o poder, logo, em toda a terra os governantes são declaradamente nocivos ao seu igual, ao seu semelhante e, do mesmo modo, pode se dizer
também que o próprio homem, e não só aquele que é regente, passou a ser nocivo a si mesmo. Todavia, do meio do povo o Preceptor Celeste já suscitou um homem *destro e cingido de justiça para ser o seu *atalaia no intuito de notificar as nações sobre as suas maliciosas, *dissolutas e destruidoras condutas.
Apesar de parecer estar “longe” e aparentemente *absorta, Etana ouvia tudo com muita atenção.
__ No entanto, enuncio agora de que vós também será uma atalaia de Elohim, O Preceptor Celeste. - Voltou a falar Zael. __ Em vista que, se a humanidade não retificar sua postura adjunto com o seu modo de agir e pensar, sua destruição será dada como certa e logo logo baterá na sua porta, pois fora feito ele para *propalar o lícito e não disseminar o *dolo.
Ainda trêmula pelo corpo todo, Etana indagava a si mesma – Mas por que eu ? - Se perguntava ela, já que sempre viveu escondida nas montanhas fugindo das civilizações e agora teria que se expor a todos para reportar os estatutos de Elohim, O Altíssimo Senhor, deveras passava a achar que seria árdua a tarefa, uma empreitada completamente espinhosa, pois já conhecia a maldade encrostada, encruada no coração dos homens e realmente eles se rebelarão contra ela e a certamente também a cólera eclodirá aonde quer que ponha os seus pés.
__ Não temas distinta mulher , a *pusilanimidade não é uma das vossas virtudes. - Enfatizou Cefás a encorajando por perceber o seu ânimo distante. __ A essência ardente, o âmago quente que preenche todo o vosso ser sim, sim, este a distingui bem , pois a *medula que recheia toda a vossa estrutura óssea simplesmente faz jus ao seu ego de exímia guerreira.
Como se tivesse acordado de uma longa hibernação, as sábias palavras do anjo abrasaram completamente, e de imediato, o coração da nefilim Etana.
__ Não sei meu senhor, não sei o significado de algumas palavras que proferiu, porém entendi perfeitamente o que pretendias dizer a mim, visto que se é de tutano que estava vós falando, confirmo que nunca fui covarde pois coragem é algo que já faz parte de minha essência pode vós estar certo disso, logo, aceito, aceito com todo o meu ser a vossa empreitada.
No momento que todos os seus companheiros, Taygar, Mhou, Slow e Xino, concordavam , cada um emitindo o seu peculiar .
__ Não preciso dizer que os vossos amigos também apoiaram tal decisão, preciso ? - Relatou Zael fazendo com que olhasse ela, imediatamente, ao seu derredor.
Confirmando o que o anjo havia lhe dito, sorriu logo em seguida.
__ E não vos preocupeis com o vosso rebanho pois o Preceptor Celeste cuidará muito bem dele enquanto perdurar a vossa jornada, a qual lhe adianto que começará assim que descer a montanha. Reporto também que estaremos numa dimensão paralela a esta e não no *éter Celeste para que quando precisares vós bastar nos ar que tornaremos instantaneamente ao seu auxílio.
Com um avantajado ponto de interrogação sobre a cabeça, Etana não teve outra *alternação a não ser inquirir mais uma vez.
__ E como meu senhor, como farei tal proeza, como os chamarei de volta até a nossa dimensão ?
__ “O bem se impondo, o mal nunca prevalecerá”, basta proferir estas palavras ou simplesmente refleti-la em sua mente que, ao decodificamos o vosso *córtex, estaremos bem ao vosso lado novamente.
Tremeluzindo outra vez, antes de partirem, deram uma última instrução.
__ Homens maus, mulheres que emanam perfídias, bruxas, adivinhos e feiticeiros, todos seguidores de *Samael é o que encontrarão pelo vosso caminho, porém, a todos vós vos serão acrescentados *dotes, dons , poderes para enfrentá-los de igual para igual pois são eles adeptos
da malícia *ominosa, completamente *lesivos e cheios de artimanhas, todavia vós estarão indo com o poder da *lisura plena para destruí-los em nome de Elohim, o Senhor Celeste. Entretanto também, só poderão nos invocar se tiverem de enfrentar os demônios caídos, os quais em uma certa vez, também foram idênticos a nós, contudo, hoje em dia são os *diros, por isso então digo, não os enfrentareis sozinhos, chamem a nós que daremos conta deles.
__ Digo-vos também. - Inteirou Cefás que, igualmente a Zael, já começava a distanciar-se do solo. __ Que desde agora terão todos um *apodo em *alusão aos vossos dons adquiridos, Etana será Célere por causa da velocidade que passará a ter, dito isso, subitamente duas pequenas asas *eclodiram em cada um de seus pés; Taygar será Bramir pois seus rugidos se tornarão ensurdecedores aos ouvidos de qualquer mortal; Slow responderá pelo nome de Grado em vista que poderá ele ampliar, aumentar enormemente o seu tamanho tornando-o um verdadeiro gigante; já Xino terá o dom de tornar sua pelagem super rígida e intransponível por qualquer metal feito pelo homem e poderá lançar dardos sazonados e envolvidos por este mesmo pelo rígido, logo, seu nome será Hirto e Mhou, bem ! O seu tamanho já induz medo só de olhá-lo, todavia o seu instinto é demasiadamente meigo e nada de selvagem há nele, assim sendo o seu dom será de transmudação, isto é, poderá ele transladar a todos vós outros não só quando estiverem em perigo mas também para onde quer que desejem ir, basta tocá-lo e proferir o destino que todo o resto ele o fará, todavia lhe será também acrescentada uma força descomunal, sendo que seu apodo será Altermut, o alterador do tempo espaço, contudo, lembre-se Etana, agora Célere, finalizem bravamente a missão que o Preceptor Celeste vos ordenou exterminando por completo e dando a justa paga para bruxas, feiticeiros, sacerdotes *aparentes e todos aqueles que possuem o dolo enraizado no coração pois é sabido de vós que seguem eles a Lúcifer(Samael) e, deveras, não a Elohim.
A medida que os anjos desapareciam, todos, sem excluir nenhum, começavam a testar os dotes recebidos; Bramir subitamente reproduziu um leve rugido em baixo tom, porém fez com que vários outros animais, que também viviam na montanha, saíssem em disparada monte abaixo já que seus companheiros e o rabanho não eram afetados pelo seu dom; Grado, aumentando sua estatura em alguns covados passou a observar caravanas nômades que viajavam tranquilamente ao pé da montanha; Hirto, por sua vez, disparava nas árvores ao redor dardos afiados e super penetrantes feitos com a sua pelagem rígida; Altermut, completamente feliz por isso, se transladava de onde estava até as altas colmeias em vista de se deliciar com o mel quentinho direto da fonte sem precisar subir mais em árvores pra realizar tal façanha e Célere apenas os observava tranquila e calma pois acabara de socorrer, em milésimos de segundos, mais uma de suas ovelhas que estava do outro lado da relva, sem que nenhum deles se dessem conta disso.
Aja visto que tinham comprovado definitivamente seus dons atribuídos, Célere os reuniu e partiram morro abaixo em busca de sua primeira missão, mas, como não havia pressa alguma por parte de todo o grupo, não se preocuparam em usar as qualidades adquiridas de Altermut e Célere já que ambos poderiam fazer o percusso tão rápidos quanto um piscar d’olhos, preferiram então chegar ao pé da montanha simplesmente andando.
Era certo também que, momentos antes de partirem, os anjos já haviam indicado os caminhos por onde a equipe deveria seguir, sendo que o primeiro paradeiro seria um vilarejo situado a 97 *côvados sumérios de distância em relação ao fim do monte; lá havia uma feiticeira que comandava o lugar impondo a *hediondez a quem não se vergasse ou se recusasse a exercer suas exigências, o lugar era tão lúgubre que até pelos seus arredores os viajantes nômades evitavam trilhar, senhora Nix era o seu temido nome.
Contudo, até tal localidade, Célere ordenou e todos se aproximaram, apoiaram-se em Altermut e, como o anjo Cefás tinha dito, o resto ele o fez levando-os a Carquíz, local da primeira missão, porém conforme as determinações da líder por não desejar que ainda fossem vistos e aportar de surpresa, o avantajado urso os deslocou a um setor calmo e sem muita agitação genuinamente camuflando a chegada da equipe; tratava-se de um abarrotado armazém de trigo.
__ Ocultem-se aqui até que eu vos chamem, não achavam que eu peregrinaria pela cidade com um urso grandalhão, um gato selvagem e um leão da montanha coladinhos em mim sem que não chame a atenção dos moradores, não é ? Já basta eu ter que explicar o porque de uma nefilim está aqui, não concordam ?
Em tal ensejo Hirto deixou escapar um leve grunhido logo após terminar ela de falar.
__ Certo pequeno amigo, sei que és um lindo lince, se bem que acho que Bramir deve ter algum parentesco com vós outro pois possuem muitas, muitas coisas em comum, mas devo dizer também que isso é apenas uma suposição minha, nada mais. Todavia, Grado, tu vens comigo, vamos ! - Determinou, saindo em passos lentos na frente, no entanto sendo acompanhado pelo lobo cinzento logo em seguida.
Enquanto isso, antes de saírem do armazém, estrategicamente situado bem no meio do vilarejo, a misteriosa senhora Nix confabulava com os *dingir em seu templo sombrio. Suas pálpebras fechadas oscilavam bastante e sem parar no mesmo instante em que o fumo dos incensos tomavam conta do ar e se propagavam ao redor.
__ Temos novos visitantes em nosso plácido e humilde vilarejo. - Contou ela a sua *tétrica pupila abrindo os olhos instantaneamente.
__ Devo alertar os vigiladores senhora ?
__ Não Mhirna. - Objetou segurando em seu braço. __ Ainda não sei o que querem, só sei que estão vindo até mim, então, deixe que venham, nenhum mal poderão me fazer, não é ?
Sorrindo cinicamente e consentindo com um gesto de cabeça a moça, que tinha a pele dos braços e do pescoço cheias de símbolos desenhados, obedeceu sua senhora e passou a acender todos os castiçais existentes na sala já que o crepúsculo começara a se fazer presente no horizonte anunciando a iminente chegada da noite.
__ Porém. - Voltou a falar a feiticeira. __ Informe aos sentinelas para que fiquem atentos pois se por acaso encontrarem com alguma pessoa estranha na cidade tragam-na até mim.
Cumprindo a ordem, mais uma vez, a moça acenou com a cabeça e se desvencilhou em busca dos guardas.
Sucessivo a partida de sua pupila, consecutivamente dois guê pardos se aproximaram, em vista que a própria senhora os havia chamado para que pudesse acariciá-los carinhosamente – “Podem vir que deveras sentirão o doce amargo que a senhora Nix tem para vos oferecer. Sim, provarão do acre teor por simplesmente desejarem me enfrentar.” – Falou ela consigo mesma enquanto simultaneamente seus olhos tornavam-se tão vermelhos quanto o carmesim, entretanto continuou a se divertir com os seus ''animaizinhos" de estimação.
Não obstante, a poucos metros dali e sem dar trabalho para que os guardas a procurassem, Célere e Grado eclodiram bem na porta do *caliginoso templo causando um baita susto nos sentinelas que, apesar de atônitos pois nunca tinham visto alguém to grande assim, saíram da condição de virgília e passaram para a condição de ataque.
__ Esperem ! Ainda bem que cheguei a tempo. - Vociferou Mhirna ao assistir de longe os vigiladores colocarem suas lanças na horizontal do corpo, já que tal situação só podia significar uma coisa, combate; porém. __ Wow ! Pelos deuses , mas o que… O que deveras és tu ? - Inquiriu, também boquiaberta, visto que sua estatura alcançava pouca coisa acima do abdome de Célere.
De qualquer maneira e com todo o sobressalto, poderia se dizer que nada mais lhe surpreenderia, sabido que como pupila de uma feiticeira já tinha praticamente visto de tudo, por isso não se atemorizou e pediu simplesmente para que os guardas baixassem suas lanças.
__ Sou Célere, atalaia de Elohim, O Senhor do céu e trago uma notificação pacífica para ser transmitida a senhora Nix, apenas a ela, é vós quem eu procuro ?
A moça “Batendo de ombros” por realmente não compreender tal informação.
__ Atalaia, Elohim, Senhor do céu, verdadeiramente não sei do que estas falando, mesmo assim, a levarei até minha senhora, mas devo dizer que o lobo precisa ficar aqui fora.
Como se comunicavam por expressões, Grado apenas fitou sua líder confirmando que tudo bem pois só dois guardas era o mesmo que nada para enfrentá-lo, no entanto, já havia ficado certo de que para chamar a equipe bastava produzir um *sibilo e todos se fariam presentes.
Embora sabendo que Nix era tida como : “A senhora do auspício”, “mística do deserto” e “a madame do sinistro”, Célere não se sentia nem um pouco intimidada com tais epítetos e deste modo, seguia despreocupada e tranquila pois o intento era genuinamente efetuar com eficiência a sua primeira missão.
Não precisando inclinasse para transpassar o acesso onde a feiticeira estava, adentrou, assim que Mhirna anunciou sua presença.
__ Quietos ! - Exclamou aos guepardos, já que ambos rosnaram logo que Célere cruzou a porta. __ Seja bem vinda a Carquíz, meu lindo e plácido vilarejo, atalaia de elohim, bem vinda mesmo, afinal não é comum vermos pessoas com a sua estatura transitando pela nossa região já que, pelo que sei, o seu povo se sente muito mais feliz nas montanhas, não estou certa ?
__ Não vim até aqui para falar sobre o meu povo, porém, responderei a tua indagação como uma outra : "Se sabes quem me enviou, creio que também deva saber o que ele mandou dizer-te, não sabes ?"
Quando dirigiu suas palavras, a *solerte e malevolente mulher acariciava seus felinos meigamente, todavia parou seus movimentos em tom abrupto a partir do momento que percebeu a acidez na resposta de sua visitante.
__ Não guerreira, ainda não sei, mas posso garantir que tu não terás *sazão para contar-me.
Nisso e traiçoeiramente, a enigmática mulher arremeteu alguns de seus poderosíssimos encantos, os quais provinham tanto da ponta de seus dedos como também do centro, isto é, da palma de sua mão, visto que ambas tornaram-se ostensivamente rubras de pura magia.
Executando o combinado Célere, logo que evitou os feixes de feitiço, emitiu o seu tão aguardado sibilo fazendo com que Bramir e Hirto chegassem do nada trazidos por Altermut ao mesmo passo que Grado, já completamente do tamanho anormal, interferia a entrada dos vários vigiladores da senhora Nix que apareciam em quantidade expressiva do lado de fora pois a pretensão era a de tentar derrubar o gigante lobo a qualquer custo.
Por puro *malefício e *inopinadamente os guepardos transfiguraram-se em dois seres pavorosos e anormais contendo a mesma estatura de Célere, contudo, tinham os rostos completamente desfigurados e três enormes dedos apenas nas mãos e nos pés, sendo que um seguiu em direção a Altermut e o outro partiu rumo a Bramir.
Enquanto isso Mhirna, como já havia sido informada pela magia da senhora Nix que o templo estava sendo *acometido pelos visitantes desconhecidos, assim que eclodiu no local algo a fez perceber que a batalha travada ali era deveras entre o malefício e a virtude, o destro e o sinistro, o lume e o obscuro, sim, verdadeiramente a peleja ocorrida ali era entre o bem e o mal.
No inicio vacilou duvidosa no que fazer, pois não era uma mulher completamente livre em Carquíz sendo, de certo modo, “cativa” e forçada em viver no vilarejo, mesmo assim, introduziu-se na contenda conivente com sua senhora, entretanto, na sua primeira e derradeira investida, errou o alvo, ou porque sua magia ainda não estava tão eficaz assim ou simplesmente porque a destreza da nefilim tornou-se o fator principal, visto que, ao passo que a parede transformava-se numa espécie de gosma repulsiva por conta do encanto lançado, Célere já estava próximo a ela a derrubando com o seu pesado bastão e, para ter plena certeza que a jovem ficaria ausente por definitivo no combate, atingiu sua nuca com um golpe certeiro e apenas ouvindo, do outro lado da sala, a senhora Nix gritar a expressão negativa mais falada em toda a terra - Não ! - Pois, apesar de tudo, estimava sua pupila e a tinha como a filha que nunca, nunca havia tido.
Na mesma ocasião porém do lado de fora, Grado, em posição frontal para os vigiladores, absorvia as lanças atiradas usando a sua cavidade bucal pois, pelo mesmo órgão por onde expelia o calor do seu corpo, ou seja a língua, amortecia as lanças para logo depois arremessá-las nos próprios atiradores como se fosse um gigantesco estilingue fazendo assim valer a tão dita frase “cuidado com a boca do lobo”; contudo, percebendo que alguns homens caiam não pelas lanças que tinha arremessado mas por um outro tipo de armamento foi que, descendo a visão, se deparou com Hirto bem a seu lado, em vista que Célere o tinha enviado para ajudar com os guardas e poderia se dizer que tal assistência deu certo visto que a grande quantidade de soldados que começaram o combate já tinham diminuído pra mais da metade.
No entanto, se na área externa a peleja estava prestes a se findar, dando mérito ao arrojo de Grado, o imenso lobo cinza, dentro Altermut, que já havia deixado o *melifluo no esquecimento a muito tempo, arremessava pela segunda vez uma das horrendas criaturas contra a espessa parede de tijolos manufaturados em argila *esturrada, sendo que no primeiro ataque a divisória resistiu, porém no segundo veio toda abaixo deixando a criatura completamente apagada do outro lado e com um monte de entulho sobre si.
Vendo que estava perdendo terreno no combate a *maga envolveu-se numa esfera de magia, a qual se tornou o seu escudo protetor, Célere então, servindo-se de seu bastão e de modo súbito, passou a atacar consecutivamente a esfera por todos os lados usando como aliada estratégica, a sua velocidade, quanto mais rápido, mais impacto causava e quando passou a ter o auxílio de Altermut que, com toda sua força, também começou a espancar o globo, a situação da feiticeira se complicou ainda mais; a ação durou algum tempo, porém fez com que a tão temida senhora Nix desperdiçasse muita energia no intento de se manter segura, mas quando perceberam que já estava quase que sem nenhum vigor o urso grandalhão, usando suas patas dianteiras, desferiu um ultimo e considerável golpe desfazendo por completo a esfera mística e, ao passo que a bruxa caia desfalecida a seu lado, emitia um *brame poderosíssimo logo em seguida.
Não obstante, a contenda só teve o seu fim realmente quando Bramir, após já ter levado muita surra da besta-fera que ainda continuava de pé, resolveu usar de uma vez por todas o seu dom adquerido pois imaginando que por ser um feroz leão da montanha poderia fazer frente a horrenda criatura caindo em si verdadeiramente quando o seu instinto de sobrevivência o fez perceber que não era bem este o caso, então urrou com todo o ânimo contido no seu interior ficando de pé, após isso, apenas ele próprio e os seus quatro companheiros de peleja.
Na área externa podia se ver a comprovação concreta da tamanha eficácia tal era a quantidade de vigiladores completamente tontos abatidos no chão, Grado e Hirto apenas observavam fazendo cada um o seu peculiar som em sinal de conquista plena.
O efeito da vertigem perdurava por pouco tempo, mas era um estrago tanto que qualquer exército poderia ser facilmente vencido já que, deveras, tal “arma” era poderosíssima e letal.
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__ Penso que a jovem Mhirna será uma ótima governante no lugar da destituída senhora Nix. - Frisou Célere um dia após a batalha com a feiticeira, porém já no trajeto da sua segunda missão. __ Agora sim, essa região voltará a ser frequentada outra vez, a partir do momento que todos souberem que a bruxa já não influencia em mais nada, muitos trilharão por aqui novamente.
Estavam eles em um dos maiores e mais deliciosos momentos que há na vida, a hora do manjar e quando Célere terminou o seu relato, Altermut deixou escapar um brame suave consecutivamente.
__ Sim amigo, fizemos bem e o que era certo ao encancerarmos a maga nas profundezas da terra como os seres emissários haviam nos instruído.
Decidindo confabular consigo mesma, já que nenhum dos seus *compartes desejou mais lhe dar atenção, Célere prosseguia.
- “Mas... A jovem Mhirna também disse que poderia imigrar para terras longínquas a oeste daqui e muito, muito além do mar médio e que se tornaria uma druida, a primeira de um vasto legado. Bem ! Se não for para edificar o mal, então que construa ela a sua *progênie”. - Pensou.
Voltando a observar seus *confrades, resolveu não *enfadar mais sua cabeça com a antiga missão, porém sim fixar a mente na próxima pois a informação que tinha era que um *senil, o qual se dizia ser um deus, fazia *oblações usando pessoas como oferendas jogando-os no fogo ao termino de cada 12 ciclos completados pelo sol simplesmente para que sua aparência permanecesse *imberbe, sim, toda matança executada era apenas para preservar o seu corpo jovial, já que possuía ele quase mil anos, sendo que a cidade tinha o mesmo nome de seu atroz governante, *Archote.
Como se já não bastasse isso, tinha ele também um exército poderosíssimo e temido, não pela quantidade numérica, todavia sim pela habilidade e audácia, constituídos por homens robustos, destemidos e ultra violentos, opressores natos, completamente implacáveis, quando lutavam não faziam prisioneiros, ordens de Archote, pois ceifavam a todos tirando suas cabeças fora e as pendurando no centro da localidade conquistada, lugar este que só levavam os despojos de guerra deixando-o para trás em vista de cair no esquecimento para se tornar, futuramente, um lugar fantasma.
__ Tal homem, se é que pode ele ser chamado de homem, é um *infesto assumido, *impudente, um completo iníquo como disse os imissários intangíveis de Elohim. - Esbravejou ela ininterruptamente assim que deixou de meditar a respeito de seu novo inimigo.
Idêntico a cólera que passou a sentir dentro de si, Altermut e os demais começaram a fazer barulho chamando sua atenção, menos Bramir é claro, como se estivessem dizendo : - Estamos pronto, vamos ? - Pois deveras a equipe toda já estava ávida para pelejar contra “o senhor do fogo” e o todo o seu destemido exército.
Sem nada a cogitar e levantando-se de onde estava, Célere, que nunca havia concordado com coisa alguma sem pensar duas vezes analisando primeiro os prós e os contras, imediatamente pôs-se de acordo .
__ Sim, Vamos.
Avista disso, apanhou seu inseparável cajado, *conciliou sua bolsa de ervas na cintura, apoiou-se em Altermut e, logo que todos os outros fizeram a mesma coisa, desvencilharam-se tendo como rota certa Archote, a cidade das tochas.
Enquanto isso, em um distinto local vastamente apartado de onde se localizavam, dois homens confabulavam entretidos, porém, ao contrário da divertida conversa que estavam tendo, foi o que acabaram de fazer.
__ Ponha mais um na minha conta. - Gabou-se um deles. __ Tu apenas o atravessastes com tua espada, mas fui eu quem quebrou-lhe o pescoço, logo, eu o matei e assim sendo, me deves tu dez lingotes.
__ Ha ha ha ! - Satirizou o outro. __ Como dissestes, colocarei sim em tua conta já que tens um débito de trinta lingotes para comigo, esquecestes disso ?
O grandalhão ficou pensativo por um instante, e.
__ Certo, certo, certo, então devo a ti apenas vinte lingotes. - Disse puxando o morto pelo braço e jogando-o num rio repleto de crocodilos.
A medida que um dos encorpados homens limpava o sangue de sua espada, o que havia atirado o corpo no rio aproximou-se.
__ Tarefa feita, agora temos que voltar para a cidade que o senhor Archote, a essa altura, já deve esta procurando por nós, pegastes tudo de valioso que ele tinha, certo ?
Arremessando longe o pano ensanguentado, o musculoso homem assentiu que sim, deixou sua espada reluzir no sol por um instante, a inseriu na bainha, sorriu e a retirou novamente.
__ Sim, vamos indo, já temos o que queríamos quando esse comerciante resolveu mostrar todas as suas posses lá no mercado da cidade e matá-lo longe de Archote foi uma bela estratégia minha, não foi ?
__ Ah ! Chega Acad, es tu convencido por demais, um dia alguém ainda vai, em vez de fechar, arregaçar de uma vez por todas essa tua boca grande, ah se vai. - Esconjurou, já sem nenhuma paciência com o parceiro subindo no seu cavalo e saindo em trotes lentos, mas depois colocou subitamente o animal pra correr.
Continuando a sorrir lascivamente, enfim guardou sua espada, montou no cavalo e partiu atrás do comparsa.
__ Isso será difícil de acontecer pois esse alguém, antes disso, se encontrará primeiro com o aço da minha espada, mas ei Drax, o que eu disse é só zombaria grande amigo, sabes tu que adoro me promover, não vos chateie com a brincadeira, ei Drax ! - Vociferou galopando desesperadamente na cola do parceiro.
Durante tal ocasião e embora os dois brutamontes suspeitassem que “o senhor do fogo” estivesse a procura de ambos, equivocaram-se por duas vezes, a primeira por pensarem que Archote sentiria falta de alguns de seus, simples, soldados e a segunda por imaginar serem completamente *irrevogáveis.
__ Pois Ninguém, digo, ninguém é insubstituível no meu exército, posso tirar e colocar quem desejar em vista que com todos faço o que bem entender, já devias tu saber disso. - Declarou ele a seu general, também nefilim, Ghog.
Concordando com a cabeça que havia compreendido a mensagem, o elevado homem curvou-se enquanto Archote passava por ele em direção a seu harém pois, assim como nutria muito ódio e perfídia em seu coração, possuía também muitas mulheres já que tinha quase que a sua idade em amásias e esposas, ou seja, mil, contudo, todas inteiramente descartáveis.
Todavia, ainda que tais concubinas fossem na sua maioria não importantes, havia uma que retinha ele grande apreço, Zahirah, a linda e bela dirigente de seu imenso harém.
__ Três ciclos, é o que falta para as oblações. - Disse, assim que chegou próximo. __ Já pré-selecionou quais serão ?
__ Sim meu senhor, como havia me dito a algumas luas atrás, desta vez serão todas cândidas, belas e jovens pois conforme é o vosso desejo, assim o será.
Com as mãos para trás e após escutar o que desejava, virou-se para observar as moças e, correndo a visão meticulosamente, encontrou o que queria.
__ Aquela, mande aquela para os meus aposentos e lembre-se, almíscar, este é o meu aroma preferido, que a donzela o use. - Ordenou se encaminhando ao mencionado local e ouvindo um - “Sim meu senhor”- De sua dirigente.
E, depois de dar passagem para “o senhor das tochas”, Zahirah sinalizou instantaneamente para que a moça indicada viesse até ela, nisso, quase que consecutivo porém após a partida do soberano da cidade, os brutamontes Acad e Drax apareceram no portal do harém; desengonçados e faladores, os dois aproximavam-se lentamente.
__ Não podemos deixar que tal cidade se torne idêntica a terra dos elamitas, sem mortandade nenhuma, já estou sentindo até falta de quebrar os ossos dos meus adversários, sabido que a várias luas que não travamos nem uma pequena batalha sequer, conto os dias para que este tédio se finalize. - Lastimou o grandalhão Acad observando de longe a deslumbrante Zahirah.
Embora sabendo que Archote acabara de se retirar, decidiu não comentar nada a respeito, em vista que o governante não via com bons olhos a permanência de homens no seu harém, mas, como tinha uma certa atração pelo encorpado Acad, reluziu os olhos quando o avistou. __ Vá, não se demore muito e faça exatamente como lhe disse. - Instruiu a moça rapidamente e abriu um dilatado sorriso para receber a dupla de guerreiros.
__ Uma vez mais e como sempre, - Balbuciou Drax enquanto caminhavam ao encontro de Zahirah. __ Tu nos coloca em uma delicada e perigosa situação, sabes que não tenho muito o habito de pô a mão na boca de lobos, não sabes ?
Observando-os e apesar de alegrasse, não os poupou em duras advertências.
__ Malucos, doidos varridos, ambos o são, sabem perfeitamente que não podem adentrar aqui, mesmo assim me aparecem, deste modo vamos nós três para o fogo, sim, eu também vou por ser conivente com vós outro.
__ Não vos desesperei bela Zahirah, sabes que só venho até aqui por vossa causa. - Contestou Acad com o seu, já conhecido, sorriso cínico na face.
__ Eu não compartilho com a tua desleixada maneira de agir Acad, és um excelente *pugnante, porém não és muito hábil com a mente.
Danando-se a gargalhar, Drax só calou quando recebeu uma leve cotovelada no abdome.
__ Acho que calado és um amigo muito melhor Drax, não concordas ?
__ Certo Acad. - Tornou a falar Zahirah. __ Sei perfeitamente o que queres, contudo, apenas mais tarde cederei ao teu *indissolúvel desejo, então, podes sim aguardar por mim no nosso combinado, de sempre e mais adequado ponto de entusiasmo, sabes vós o que estou dizendo, não sabes ?
Como se tivesse conquistado a mais alta honraria em contendas, o convencido homem iniciou, mais uma vez, o seu incomodante e *desbriado sorriso, fitando e satirizando o amigo logo em seguida.
__ Não havia confessado a ti Drax que eu e Zahirah nos completamos ?
Graciosa, entretanto, inteiramente intempestiva, Zahirah interveio assim que parou de torcer os lábios.
__ Está bem Acad, basta ! Não devem mais permanecer aqui, em um comedido local conversaremos melhor, todavia agora precisam se retirar, senão, como já falei anteriormente, acabará matando a nós três por transgressão.
__ O que ela diz é lúcido. - Interagiu Drax segurando firme no braço do amigo. __ Logo, é prudente partimos.
Já menos comedido e caindo em si, encarou o parceiro e assentiu com a cabeça positivamente.
__ Sim, vamos.
Expelindo ar como se estivesse dizendo - ” Até que enfim “ - Zahirah gesticulou para que Drax o retirasse.
__ Vamos grande amigo convencido, vamos indo antes que Gog ou qualquer um dos seus subalternos delatores apareçam por aqui, aí sim nos tornaremos um rejeito completamente consumido pelas chamas, cinzas.
Ainda envaidecido, Acad abriu e fechou os olhos por duas vezes na direção de Zaihrah e só depois se retirou com Drax.
- “ Não sei o que me cativa neste homem, se é esta maneira aloucada e convencida que habita nele ou simplesmente a sua extraordinária beleza corporal, isso realmente eu não sei” - Inquiriu ela a si mesma inteiramente confusa.
Não obstante, como uma imensa fagulha e causando um certo clarão, Altermut chegava trazendo a todos da equipe tranquilos e super preparados para qualquer eventualidade, sendo que e mais uma vez, o lugar escolhido para aportarem fora um local sem muita movimentação, porém, havia pouca deslocação sim, no entanto era onde mantinham cativo o *almiscareiro com o simples intuito de fazerem a extração da fragrância preferida do “senhor das tochas”, o almíscar.
Por mais que o fulgor tenha sido intenso, o entretenimento com a melindrosa tarefa de extrair a especial e cara matéria-prima do almiscareiro encobriu a chegada dos cinco, porém por causa de Célere não adiantou muito tal ocultação por duas simples razões, a primeira fora que, devido sua estatura, batera fortemente a cabeça na coluna de pedra logo que eclodiram no local proferindo instantaneamente um gigantesco palavrão e a segunda, após se restabelecer do baque, foi se sentir completamente ultrajada e repleta de cólera assim que viu o que estavam fazendo com o indefeso animal e, não se contendo, partiu para o ataque.
__ Filhos de uma cadela é pouco para decifrar a todos vós outros. - Esbravejou e assim que botou pra “dormir” os dois guardas do cativeiro se desvencilhou para fazer o mesmo com o algoz do desprovido almiscareiro e seu ajudante.
__ Digam-me agora, quem é o verdadeiro animal aqui, digam-me, quem é ? - Inqueriu, ainda colérica, vendo-os “apagados” no chão décimos de segundos após acometer sobre eles.
Logo assim e não demorando muito, retiraram o almiscareiro do enclausuramento, Célere disse algo a Altermut e ele desapareceu levando junto o animal fraco e visivelmente abatido.
__ O homem verdadeiramente, através da maldade encravada no seu coração, é o animal mais feroz que existe pois todo animal quando ataca somente o é para se defender, já o homem, cheio de orgulho, mata para satisfazer o seu egoísmo, o qual chama simplesmente de prazer.
Continua...
(Nota do Escritor)
*Latíbulo : Lugar esconso ou secreto, esconderijo, morada dos deuses.
*Talento : Medida de peso suméria, e de quase toda a mesopotâmia, que equivalia a 30 mil gramas ou 30kg.
*Recôndito : Que se encontra ou permanece encoberto, oculto, que não se conhece bem, que se mantêm ignorado, completamente desconhecido.
*Dingir : Era como os sumérios chamavam os deuses que do céu vieram, DIN significava justo,puro,brilhante e GIR queria dizer objetos, então DINGIR traduzia-se como “OS JUSTOS DOS OBJETOS BRILHANTES”.
*Probidade:Retidão,integridade,honradez. *Nefilim : Filhos de anjos caídos com mulheres terrenas e eram gigantes de 3 metros ou mais. *Preceptor Celeste : Aquele que dar preceitos, senhor, mestre, instrutor, Deus.
*Vilipendio : Desprezo, Desmerecimento.
*Atalaia :Vigia, Sentinela, Aquele que avisa ou anuncia ao povo que sua cidade está sendo atacada.
*Ionosfera se localiza entre 60 km e 1000 km de altitude e é composta de íons, plasma ionosférico e, devido à sua composição, reflete ondas de rádio até aproximadamente 30 MHz. Ela vai do inicio da mesosfera ate o final da termosfera.
*Zigurates : Eram os templos feitos para a morada dos deuses na terra.
*Patesi : Eram o reis sumérios que também se diziam ser sacerdotes.
*Prurido : Sensação desagradável causada por algum agente na pele e que leva o indivíduo a coçar-se em busca de alívio.
*Probidade : Diz-se de quem é probo, de caráter íntegro, honrado, honraria.
*Tremeluzir : Brilhar com luz trêmula e ofuscante.
*Elohim : Do Hebraico que quer dizer o Senhor, o Altíssimo que mais tarde foi abreviado para (EL).
*Idoneidade : Diz-se daquele que tem capacidade para realizar certas obras ou assumir cargos importantes.
*Sovinarias : Diz-se de quem é avarento.
*Impudicos : Que não tem pudor, que não tem vergonha em usar as mais baixas atitudes para subir na vida.
*Indulgencia : Sem clemencia, sem misericórdia.
*Ágape : Amor divino, sem acepção e incondicional.
*Dissoluta : Devassa, corrupta.
*Absorta : Pensativa, distraída.
*Destro : Na frase a palavra está como sinônimo de certo, direito.
*Pusilanimidade : Fraqueza de ânimo.
*Dolo : Ato de induzir alguém ao erro.
*Medula : Na frase está como sinônimo de Tutano.
*Alternação : Alternativa, opção.
*Córtex : Camada mais externa do cérebro e rica em neurônios, local onde se processa os pensamentos. *Samael : Lúcifer.
*Ominosa : Nefasta, maldosa.
*Lesivos : diz-se de quem lesa alguém, quem ofende a reputação ou fere o direito do seu semelhante.
*Lisura : Honestidade, sinceridade, franqueza, verdade.
*Alusão : Sinônimo de referência, menção.
*Apodo : Na frase está como sinônimo de alcunha, pseudônimo, apelido.
*Dote : Sinônimo de Dom, Mérito, Poder.
*Vigilador : Sentinelas, guardas, vigias.
*Hediondez : Sórdido, pavoroso, medonho.
*Tétrica : Lúgubre, nefasta, “maluca”, “doida”.
*Caliginoso : Muito denso, escuro, tenebroso.
*Sibilo : Assovio.
*Solerte : Na frase esta como sinônimo de sonso.
*Sazão : Tempo, oportunidade.
*Malefício : Feitiço que tem a intenção de prejudicar alguém, bruxaria.
*Inopinadamente : Da palavra INOPINADO significando súbito, inesperado, repentino.
*Melífluo : Agradável, suave, harmonioso.
*Esturrada : Queimada, assada.
*Maga : Feiticeira, bruxa.
*Acometido : Invadido, atacado.
*Brame : O som emitido pelo urso.
*Compartes : Sinônimo de companheiros, parceiros, amigos.
*Confrades : Sinônimo de parceiros, companheiros, amigos.
*Progênie : Sinônimo de legado, progenitura, linhagem.
*Enfadar : Provocar aborrecimentos, enfastiar-se com algo.
*Senil : Idoso, velho, vetusto.
*Oblações : Na frase esta como sinônimo de sacrifício.
*Imberbe : Sinônimo de jovem, juventude, diz-se de quem tem pouca barba.
*Archote : O mesmo que tocha.
*Infesto : Nocivo, pernicioso, o que é prejudicial.
*Impudente : Sem pudor, facínora.
*Conciliou : Do verbo conciliar, ajeitar, arrumar.
*Pugnante : Gerúndio do verbo PUGNAR, ou seja, diz-se de quem é exímio em pelejas, contendas, lutas, um bom guerreiro.
*Irrevogáveis : Diz-se do que não pode ser anulado, na frase está como sinônimo de insubstituível.
*Indissolúvel : O que não se pode desfazer.
*Desbriado : Descarado, desavergonhado.
*Almiscareiro : Ruminante asiático da família dos cervídeos, cuja secreção odorífera, o almíscar, é produzida por uma glândula ventral.
*Desavindo : Sinônimo de inimigo, diz-se de quem está em conflito com alguém.
*Entrementes : O mesmo que entretanto.
*Adágio : Provérbio.
*Gládio : Espada curta, porém na frase está como simples sinônimo de espada.
Notificação do Escritor.
Informo aos queridos leitores que a categoria será
alterada de Crônicas para E-Livro pelo simples fato da
categoria anterior não suportar toda a extensão dos
escritos, os quais serão de 10 capítulos, sendo que os
mesmos ainda estão no 5º, portanto anuncio que o
FORÇA CELESTE será agora um E-Livro. Grato,
muitissimamente grato pela atenção de todos.
LAÊ SILVA.