PELA SEGUNDA VEZ, NÃO

Certa tarde, na rodoviária da capital, fui ao guichê comprar passagem. Para o ônibus para Andradina e fizesse escala em Lins. Notei o japonês próximo que estava atento à conversa. Era de meia idade, baixo, traje modesto, colarinho abotoado.

Sentado enquanto aguardava o horário para descer à plataforma, esse patrício se aproximou e pediu licença para falar comigo, em japonês. Explicou que morava em Andradina e precisava regressar naquele dia. Estava faltando R$50,00 para completar o valor da passagem. E pediu para ajudá-lo. Chegando na sua cidade, devolveria, era só dar o nome e endereço. Sensibilizado, entreguei-lhe cédula no valor solicitado. Apesar de o ônibus estar quase vazio, não o vi.

Recentemente, no mesmo lugar da rodoviária, no mesmo horário, não é que aquele japonês pede licença para falar comigo e vem com a mesma história. Eu o reconheci. Mas ele sequer fez ideia que de que já me tinha abordado. O senhor mora em Andradina há muito tempo, perguntei-lhe. –Muitos anos. Então deve conhecer o ex-prefeito. –Claro. Somos muitos amigos. Então vai ser fácil quebrar seu galho. O Dr. Jamil acaba de entrar naquele bar. Ele meio abalado, gaguejou agradecimento dirigiu-se em direção ao estabelecimento. Era mentira, claro. Até senti pouco de remorso por tê-lo enganado.

Serve de alerta. Olho vivo com esses inocentes malandros;

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 23/09/2017
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