Nostalgia, a saudade chique

Sempre que me questionam pela minha quase obsessão pelo passado, respondo que não é saudade, mas nostalgia. Indagado do porquê, digo que a nostalgia é uma saudade chique, sempre pronuncio "chiquê". E acho que tenho razão orque saudade é o que sentimos de algo que estamos separados, mas que pode voltar, enquanto nostalgia é, por assim dizer, uma espécie de contemplação daquilo que vivemos e que temos consciência que não volta nunca mais. Concordo que posso estar dizendo uma grande besteira... Mas adoro a palavra nostalgia, prinipalmente pronuncida em espanhol e numa música, notadamente bolero, pronuncia-se "nostalria", trocando o gê pelo erre. Acho lindo. Choque de loque de véio caduco.

Hoje estou sentindo mais saudade do que de costume. Estou com certeza sendo acometido de um surto de nostalgia, futuquei nos "guardados", descaquei a ferida, fiquei bulindo onde não devia bulir, futuqei a onça com vara curta. E fiz isso conscientemente,baseado em algo que li numa revista, inclsive já trateido assunto numa maltraçada neste RL: li que um dos melhores exerrcícios para preservar a memória é sentoir saudade. Segundo a matéria, o cérebro é um musculo que guarda toda sorte de informações, inclusive as saudades e os sonhos, e que preecisa ser estimulado constantemente. Se depender disso nunca ficarei um véio caduco de tudo, sem memória. Hoje a primeira coisa que fiz foi ler no velho caderno um trecho de um livro de Proust:

"... E nesse jogo em qe os japoneses se divertem mergulhando numa bacia de porcelana cheia de água pedaços de papel até então indistintos que mal são mergulhados, se estiram, se contorcem, se colorem, se dferenciam, tornando-se flores, casas, pessoas consistentes e reconhecíveis, assim agora todas as flores do nosso jardime as do parque do sr. Swann, e as ninféias do Vivonne, e a boa gente da aldeia, e suas pequenas residências, e a igreja, e toda Combray e suas redondezas, tudo isso que toma forma e solidez, sairam, cidade e jardins, da minha xícara de chá".

É isso, o sujeito mergulhou a Madeleine (uma bolacha) na xícara de chá e consegiu reconstituir a sua cidadezinha, com jardins, igreja, flores, gente e o escambau. Exercitou a saudade. Coisas da nostalgia. Recordações que estão nas nossas mentes e corações.

Estou ouvindo minhas velhas fitas-cassetes, algumas de 40 anos atrás, a trilha sonora da minha vida e de diversos coroas. E e vez em quando sai uma música cantada por Bievnido Granda e ele pronuncia a palavra mágica, "nostalria", principalmente quando toca "Angústia". E aí eu lembro até do proibido.

Não vou ficar chovendo no molhado e nem importunando os hermanos e hermanas com minhas lembranças e saudades, apenas deixo pra vocês a definição da danada da saudade que foi dada pelo repetista Antonio Pereira:

"Saudade é um parafuso/ que quando na rosca cai/ só entra se for torcendo,/ porque batendo não vai/E enferrujando dentro/ Nem destorcendo não sai".

Ah, nostalgia, a saudade chiquê. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 11/09/2017
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