APRESENTAÇÃO DO MEU LIVRO (PROJETO) MEMÓRIAS INESQUECÍVEIS DE UM ETERNO BRINCALHÃO
APRESENTAÇÃO QUE FAÇO NO MEU LIVRO (PROJETO) DE MEMÓRIAS
A Síndrome de Peter Pan parece mesmo existir, posso finalmente ter alguma certeza disto. E fico feliz ainda por saber que fui, de alguma maneira, afetado por ela. Eu, Paulo Albino Vieira, o aprendiz de poeta, nascido na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, RG 1662371, atualmente com 36 anos, solteiro (inclusive, ainda morando com meus pais, condição esta que não pretendo mudar tão logo), considero-me apenas um garoto que se recusa a todo custo crescer mentalmente, driblando o tempo como pode. Nem sei ao certo até onde vai o meu grau de maturidade.
Assumir responsabilidades como família, compromissos, negócios... tô fora! Mas nem por isso aceito ser taxado (pejorativamente) como um vil vagabundo. Esse “estereótipo”, aliás, já não tem mais a mesma conotação da personagem clássica Carlitos, de Charles Chaplin, do qual sou um fã incondicional. Prefiro autodefinir-me como um “amante da liberdade”, ou talvez, como um cara excêntrico (doido é a mãe!), porém nunca como um irresponsável. Apenas uma criança grande sem maiores preocupações e que detesta esse sistema vigente. Infelizmente, às vezes tenho que engoli-lo.
Em resposta àqueles que sempre procuraram, de algum modo, interferir nas minhas escolhas (se meterem na minha vida), gostaria de lembrar-lhes que, quem tiver suas cruzes de madeira que as conduzam sozinhos, pois a minha é feita de isopor (...) Individualismos e blasfêmias à parte, isso não significa dizer que a minha vida tenha sido repleta de felicidades e realizações o tempo inteiro, muito pelo contrário. A gente só colhe aquilo que planta. E nem tudo exatamente são flores...
Durante a minha adolescência e dentro desse meu “tempo real”, desenvolvi TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo -, um problema que acabou gerando, de certa forma, um atraso na minha vida (falarei mais a respeito disso nos próximos capítulos). No entanto, foi graças a isso, talvez, que consegui até hoje regrar os meus instintos, quase sempre impetuosos, procurando ter sempre um autocontrole (disciplina) em qualquer situação inusitada. Agindo, enfim, de maneira a não cometer maiores bobagens e extravagâncias, como entregar-me a vícios ou tornar-me um indivíduo desajustado emocionalmente, explosivo, violento.
Paralelamente a isso, também fui um adolescente bastante inseguro. E, apesar de demonstrar certa desinibição e uma segurança particular em tudo que fazia, no fundo escondia-me atrás de brincadeiras só para omitir a minha verdadeira identidade: a de um garoto cheio de complexos e com uma auto-estima sempre em baixa (nos momentos de crise, eu desenvolvia “tiques nervosos” absurdos). Mais uma vítima inocente das transformações físico-mentais ocorridas durante a puberdade, mas, sobretudo, das inúmeras convenções e condições impostas por uma sociedade hipócrita, criadora de verdadeiros exércitos de seres complexados. Uma sociedade visivelmente manipuladora, cuja prática se dá em cultuar e supervalorizar a estética corporal, colocando-a acima, até mesmo, da própria inteligência.
Acredito ainda que, diferentemente de todas as religiões (o “ópio” do povo, segundo Karl Marx) que tentam manipular as pessoas, alienando-as de modo a agirem como robôs, autômatos facilmente controlados e com um pensamento numa escala em comum, o ideal seria que cada ser humano procurasse focar e ao mesmo tempo direcionar o alvo de sua vida para um determinado objetivo, único, pessoal e exclusivo. Utilizando-se, pois, do “livre arbítrio”, mas sem temer, sob quaisquer hipóteses, eventuais “ameaças divinas” ou algo que possa implicar em “prestações de contas” posteriores. Porém, acima de tudo, sempre respeitando valores e diferenças individuais.
Busquemos, enfim, dentro de uma alternativa própria, algo que nos faça feliz de verdade, independentemente de crenças, doutrinas ou dogmas. E, de forma imprescindível, procuremos nos guiar apenas pela “certeza” e por aquele otimismo verdadeiro de quem acredita estar no caminho certo, fazendo o que é devido e com uma autonomia sem limites. Essa é, portanto, a definição mais real possível, o preceito mais condigno no que diz respeito à liberdade de uma forma geral, um dos bens mais preciosos de que alguém pode desfrutar. Fujamos, então, de todo e qualquer convencionalismo.
Indiferente a tudo e a todos, eu sempre busquei a exclusividade como padrão absoluto para a minha vida, fugindo de todas as grades e amarras que pudessem prender-me. Mesmo que para isso, às vezes, tenha pago um alto preço. É a essência do anarquismo, na sua melhor concepção, que sempre me guiou por esse mundo turbulento e cheio de imposições. Mas tudo com uma certa dose de cuidado, afinal, como diz o velho ditado, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
É importante lembrar, os mais de 10 anos que permaneci no Rio de Janeiro (minha cidade de origem), período compreendido entre agosto de 1998 e janeiro de 2009, não conseguiram de forma alguma apagar da minha memória, nem por um instante, esse vínculo com a Paraíba (motivo mais que relevante para meu regresso). Incluindo, por conseguinte, os melhores momentos, a melhor fase da minha vida, que foi minha primeira década vivida, adentrando pela segunda... e recordando ainda que esse afastamento inesperado, o qual se fez necessário, distanciou-me das minhas verdadeiras amizades, é fato. Mas como nada é em vão, serviu-me, enfim, pra enxergar a grandeza de se possuir amigos verdadeiros, o maior tesouro presente em nossas vidas.
Como diria a cantora ELBA RAMALHO, “estou de volta pro meu aconchego...”
“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”
(Isaac Newton)
Paulo A. Vieira - Queimadas, 21/04/2009
TEXTO EXTRAÍDO DO MEU LIVRO DE MEMÓRIAS (projeto), 2009