Alons enfants de la patrie...

Em setembro recordo sempre as semanas da pátria do passado. Confesso que a carreira militar nunca fez parte dos meus projetos e sonhos de criança e adolescente. Sempre fui arredio à farda. Detalhe: quando assitia aos filmes de caubói que tinham aquelas lutas entre os índios e a cavalaria americana, eu torcia, mesmo sabendo que eles perderiam, pelo índios. Meus ídolos nunca foram os mocinhos e bambambãs brancos interpretados por Johm Wayne e outros, mas Jerônimo, Cochise...

Na escola nunca vibrei com os desfiles do 7 de setembro, mas aí o motivo talvez tenha sido a inha incapacidade para tocar corneta (nãotinha fôlego), caixa, tarol, surdo, nem marchar direito eu conseguia porque su zambeta demais e errava muito o passo.

Quando chegava a tal semana da pátria, eu até gostava porque simplesmente entrava de férias. Como não tocava nada e atrapalhava a marcha, eu era literalmente esquecido. Mas de certo modo curtia aquela excitação que antecedia o sete de setembro, achava engraçadíssimo quando o santo do patriotismo baixava em certas pessoas. Fulaninho ou Fulaninha que nunca se preocupavam vpm a sorte do povo e da terra, de repente, não mais que de repente, virvam patriotas radicais e impavam orgulhosos que nem impávidos colosssos de hipocrisia, e sai de baixo quem mangasse deles. Eu sabia que era presepada, mas gostava porque me fazia rir, ria tanto que tinha crises de asma. Lembro-me de uma coroa chata paca que nunca dava uma esmola a um pobre e nem fazia um favor a ninguém, era uma megera, mas na "semana da pátria" gastava auma nota enfeitando sua casa de verde-amarelo. Certa feita, na véspera do dis sete, à noite, unto com outros moleques iconoclastas mirins, tiramos a bandeira verde e amarela da frente da casa dela e colocamos uma vermelha. A coroa passou mal e depois deu parte à polícia.

Eu gostava, pasmem, de alguns hinos e dobrados. Só fui detestá-los depois do golpe militar porque viraram a trilha sonora da ditadura. De todos os hinos, o que mais gostava era daquele da Independência que num dos versos diz: "Ou ficar a pa´tria livre ou morrer pelo Brasil!". Havia outro hino (ou era dobrado?) que marcou minha infância, toca muito no servilo de alto-falantes nas paradas, o começo er assim: "Nós somos da pátria a guarda, féis soldados, por ele amados, nas cores da nossa farda, rebrilha a glória, fulge a vitória...."(meio bobo, não?). Ouro que eu gostava era o da marinha: "inda gelera que em noite de lua, vai navegando no mar azul. O meu navio também flutu por sobre os mares de norte a sul...".

Mas a minha predileção, na área dos hinos, era por um hino estrangeiro, esse me causa mesmo emoção, é a Marselhesa. Acho que é mesmo, como li nem sei onde, que é o hino de todas as liberdades. Desde menino tenho facinação por esse hino. è só ouvir os primeiros versos: "Allons enfants de la patrie/ Le jour de gloire est arrivé...". É um arraso. Vou confssar uma coisa: nos jogos do Brasil contra a França, nunca temi Platini. Sidane, Kopa, Fontaine, Henri ou qualquer ouro craque francês, mas o danado do hino. E qiando chega naquele "marchon! marchon!", não há quem não se empolgue. Vejam bem, todas as vezes que reaisto ao filme Casablanca, na cena que o revolucionário tcheco puxa o hino em resposta aos alemães que estavam provocndo cantando o hino d Gestapo, momento que até as prostitutas choram, meus olhos marejam.

Voltemos à vaca fria, ou seja ao 7 de Setembro, tive que paricipar pouquíssimas vezes. Mal amanhecia e éramos despertado pelo foguetório. Imediatamentetomávamos o célebre banho de cuia (chuvisco era coisa de rico), escovávamos os dentes com pasta Colipe (a mais barata), tomávamos aquele café a la Elba Ramalho, vestíamos a farda, calçávamos os sapatos brilhando e íamos para a escola. Lá depois de formadas as filas, a diretora fazia uma preleçõa, dava uma injeção de patriotismo e marchávamos para o local da concentração das escolas. Não raro ficávamos ao sol. sempoder conversar,, esperando pelas "altas auoridades", e os locutores chateando puxando o saco dos poderosos do dia e uivando, ecitados, brados retumbantes de patriotismo. Aí vinha o pior, os discursos chatos que a gente nao entendia nadinha. Findo o besteirol dos discursos, começva a marcha propriamente dita pelas principais ruas da cidade. Detalhe: os garotos que nao tinham tomado o café reforçado costumavam ter "piloras". Eu simulei alguns ataques de asma e me livrava da marcha Outro detalhe que detestava era aqueles cartazes e faixas que colocavam na frente dos pelotões bajulando políticos corruptos e iranetes de plantão. Nunca segurei nenhum e, escondido, rasquei um bocado deles. No final do desfile ou no meio serviam um lanche, um guaraná Fratelli Vita e um pão com crane enlatada. Eu tomava o guaraná mas jogava fora o saunduiche, sabia que o enlatado era vencido, comida surrupiada do poder público.

O melhor dessas marchas era quando ela acabava e a gente era liberdado. E a vida voltava ao normal. Os falsos patriotas tamabém voltavam ao normal, iam de imediato burlaro o fisco, fraudar o erário, enganar e perseguir os humildes, enfim, votavam a ser os canalhas de de toda a vida. Acho que patriotas mesmo, só a garotada, esta tinha mesmo orgulho da pátria.

Noves fora as broncas, hoje nunca ssisto às paradas do sete de setembro, mas quando ouço o som dos bombos e das cornetas, sempre revejo um garoto zambeta, puto da vida, errando muito o passo, doido que a marcha terminasse. Quando lembro, hermans e hermanos, meus olhos marejam. Eu sou um saudosisyta inveterado. Alons enfants de la pátrie... Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/09/2017
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