Amor, fruta rara e braba

Tive um professor que gostava muito de discutir o amor, dissertando sobre as dores e os prazeres que ele proporcionava. Eraseuassunto preferido, quase obsessivo. Mas no fundo, no fundo mesmo, ele era, sempre achei, alguém que achava que o amor era um sentimento ilusório. Ele deseja ser um tipo romântico incurável, mas não conseguia porque queria racionalizar o amor. Nunca soube se esse cara teve ou não tive, se viveu ou nao viveu um grande amor. Quem fala muito no amor, dissecando esse assunto, esquece de amar. Esse sujeito. no final de suas divagaões sempre repetia sério: - O amor é uma frutarara e braba. Com certeza nao acreditava no verdadeiro amor.

Nunca concordei com ele, smpre curti os bolerões de amor. Mas, confesso, acho o grande amor algo meio difícil. Ele é, antes de tudo, um sentimento sem o qual o homem -e a mulher, claro - não vive, vegeta. Mas é dificil paca. Não é como os amores das novelas. E ninguem pense que é algo calculado, razoável, matemático. Tinha razão nisso Clarice Lispector, são delas essas palavras: "Fazia do amor umcálculo matemático errado: pensava que somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incomprensões, é que se ama verdadeiramente, porque eu, só por tter tido carinho, pensava que o amor é fácil".Sim, o amor não é lógico, não é somente carinho, respeito, atenção e formalidade. O verdadeiro amor é muito mais, é também paixão, tumulto, chuvas relâmpagos e trovoadas. O amor é complicado e por isso gostoso demais.

Amor é também, como afirmou Shakespeare, uma espécie de catveiro. Requer sacrificio. Se fosse fácil ficaria à venda exposto nas gôndolas dos supermercados em promoção.

Acredito, juro, no veradeiro amor. No amor que transcende até a vida terrena. Creio na eternidade do amor, não acho, como dizia o poetinha, que seja apenas chama e que só seja infinito enquanto dura. Também concordo com a frase arretada de Julião: "Amor é oferta permanente e renúncia de todos os dias. É mais, porque é dádiva e humildade".

Tudo bem, admito que amanheci naquela base, meio confuso, cheio de fricotes, sei saco para tomar conhecimento da crise, reformas e safadezas politicas, deixei prá lá o noticiário, liguei o som, botei os meus boleros de roedera. Sim, vou confessar, estou daquele jeito que Zeca Baleiro definiu na sua musica: "Eu oje etou tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar".

Vou até ser sincero demais, eu acho que o amor é indefinivel, estou sentindo aquilo que Camões cantou num verso: "Que dias há que na alma me tem posto./ Um não sei quê, que nasce não sei onde;/ Vem não sei como, e dói não sei porquê".

O professor tinha razão: -O amor é uma fruta rara e braba. Mas o amor é lindo. Viva o amor. Vou agora botar o Hno ao Amor, com Edith Piaf,e sei que vou chorar. Souum caso perdido. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/08/2017
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