Simplesmente Chico Serralheiro
SIMPLESMENTE CHICO SERRALHEIRO
"In memorian"
Quero neste momento exaltar a humildade e contar um pouco da história do Chico Serralheiro, pois acredito ser essa a última oportunidade para homenageá-lo com uma crônica onde eu possa ilustrar com palavras as virtudes de um homem simples e dedicado, para quem a felicidade custava tão pouco, pois, vivendo da forma que vivia, dizia ele que já era muito feliz.
Talvez por isso, o Seu Chico o não merecia ter sua belíssima história contada numa página de jorna?, mas não importa não é mesmo?, porque temos a internet para prestar-lhe essa modesta homenagem.
Francisco João de Oliveira era o nome desse alagoano da cidade de Palmeira dos Índios e que nasceu em 12 de setembro de 1950.
Deixou o estado de Alagoas e sua terra natal com idade de 15 anos e veio com seus pais para Andradina-SP, a famosa Terra do Rei do gado em busca de melhores condições de vida.
Por aqui ele cresceu, trabalhou em diversas profissões, e finalmente tornou-se serralheiro. Um homem de caráter idôneo, uma simplicidade em pessoa, que procurou sempre fazer o bem a diversas pessoas, com o seu trabalho, pelo qual não exigia o valor correto dos serviços prestados com toda paciência e dedicação. Para ele o importante era servir às pessoas e isso lhe bastava.
Era casado com a Sra Amélia Batista de Oliveira e tiveram 2 filhos o Fernando Batista de Oliveira que trabalha num frigorífico local e Arnaldo Batista de Oliveira que trabalha no comércio da cidade.
Ao longo de sua vida ele morou em outras cidades como São Paulo, mas foi aqui em Andradina que encontrou melhor acolhida e aqui fixou sua residência, primeiramente à Av. Bandeirantes, ao lado da escola Leonor Salomão, numa pequena casa anexa a um pequeno prédio comercial onde instalou a serralheria Santa Cecília em Andradina-SP.
Chico Serralheiro conforme era conhecido, teve que se mudar desta casa e a transformou totalmente em dependências de trabalho, em condições quase precárias, pois o que pouco ganhava só lhe permitia a sobrevivência. Hoje morava no Bairro Gasparelli, à rua Joaquim Pedro Araújo, 295, mas passava muitas noites em seu local de trabalho porque gostava muito de cuidar de seu patrimônio.
Ele possuía uma Belina 1975, veículo que o ajudava em seu trabalho, transportando grades, portões e outros objetos que construía ou que consertava. Seu carro era uma verdadeira sucata ambulante e que já havia sido cogitada por mim para ser alvo do LATA VELHA do programa de TV do Luciano Huck, pois ele bem que merecia esta gratidão, mas que infelizmente ficou somente nos meus planos e não houve tempo hábil para conseguirmos nossos objetivos.
Eu via o estado precário do carro e ficava imaginando porque ele não reformava ou o trocava por um veículo mais novo, porém tive a resposta quando fiquei sabendo que ele cobrava muito pouco por seus serviços. Disse-lhe que sua Belina nunca seria reformada, trabalhando de graça e o bom Chico apenas sorria e dizia que o que ganhava dava pra comer e beber, o resto não importava.
Cheguei a fazer um pequeno vídeo de sua Belina, mas as exigências do Programa para envio de vídeos através da internet eram complicadas e eu aguardava que alguém me ajudasse a fazer uma reportagem bem feita pra enviar à TV Globo.
Ele vinha de sua casa de bicicleta, porque a Belina embora tivesse um motor funcionando bem, não reunia condições necessárias para trafegar em rodovias e por algumas ruas centrais, ficando seu uso restrito apenas para o trabalho.
É pena que o Sr Chico tenha adoecido, enfrentado uma cirurgia para colocação de pontes de safena e seu estado tenha se agravado. Infelizmente no dia 17 ele se foi, sem despedidas e com a mesma simplicidade que viveu, também partiu. Que Deus possa lhe premiar com um lugar no céu, porque quem passou por este mundo fazendo o bem, merece descansar num paraíso celeste.
O Bairro Jardim Santa Cecília, onde ele morou por alguns anos e se estabeleceu com sua serralheria até os dias de hoje, não mais terá o profissional de coração grandioso que exercia a profissão sem cobrar o preço justo por seus serviços e Andradina perde mais um filho adotivo possuidor de uma nobreza ímpar.
Aos familiares, expresso aqui meus sentimentos e peço que Deus os conforte para que possam superar tão grande perda, enquanto que nós que o conhecemos tão bem e pudemos desfrutar de sua amizade ficaremos com a enorme e imorredoura saudade de quem viveu apenas por viver, sem ambições e feliz por ser do jeito que era, simplesmente o Chico Serralheiro.
Mauro Máximo da Silva