RELEMBRANDO TANCREDO NEVES
Com esta onda de manchetes a respeito de políticos de todos os naipes, não há como não lembrar dele.
Quando ele entrou em agonia em abril de 1985, morava em Cianorte. Meu vizinho era igreja evangélica, enorme. Fazia novena todas as noites até o amanhecer, orando para o restabelecimento de Tancredo, recém-eleito presidente. Cidade religiosa é aquela. Na Catedral Católica havia missa todas as noites, sempre lotado.
O bom é que o local ficava bastante movimentado até clarear o dia. Cidade perigosa, sentia-me protegido. Logo próximo ficava também a emissora de rádio local. Funcionava a noite inteira. Às vezes, de madrugada, levava bebidas aos funcionários e visitantes que sempre frequentavam a rádio para entrevistas, cantarem. Aproveitava o espaço para fazer alguma locução, apresentando duplas sertanejas.
Muitas vezes, saia correndo dali para o banco. Cochilava inclusive no serviço.