A cornucópia do Universo


Como um deus generoso, transborda na natureza todos os entes que criou do nada, sem preocupar-se em saber, em sentir, em ter, indiferente. Ancho, dadivoso, solene e vasto, compreende cada grão de areia do deserto e cada estrela do universo. Traz no bojo a sabedoria do eterno e vaga sem agarrar-se ao material ou a simples existência das coisas; transfigura-se no nada para quem nele pensa ou tem a veleidade de tentar compreendê-lo. Nada sobra quando ele se vai, mesmo porque, nada existiria sem ele e nada faria sentido na sua ausência, se esta fosse possível. Da vida, que a ele deve sua existência, nada exige e nem se dá ao exercício de encorajá-la ou exaltá-la como se importância tivesse além de existir, apenas. Dos seres que criou não tem a menor comiseração ou ressente-se se estes o desconjuram e a ele atribuem suas desgraças e mazelas. Viaja reto, obtuso, pertinaz, sempre para frente, na mesma velocidade rumo ao absoluto, onde só ele reinará pela eternidade. Ele é a cornucópia do universo, ele é o TEMPO.
Jair Lopes
Enviado por Jair Lopes em 23/07/2017
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