A tristeza Elástica
Quando triste muitos vêm me consolando com uma sugestiva frase: “Amanhã é um novo dia”, é o que dizem. Realmente, trata-se de um novo dia, porém, nunca pensei que entre um amanhecer e outro, a espera fosse tão longa.
A vida trilha de forma lenta, e o ar de eternidade contagia tudo, inclusive, momentos ruins.
Ah, talvez o motivo disto seja circunstancial. O problema deve ser o contexto que os acontecimentos trouxeram.
Os dias consecutivos que acumulam tempo à morte de minha mãe se aproximam, essa iminência vem com um ritual doloroso sabe. É como se os que ficam diante da perda de alguém se tornassem como calendários onde datas e números ganham outros significados.
Contudo, a dor se manifesta não só pelos números...
Digo-lhe uma coisa, perde-se alguém para morte uma só vez de forma convencional, porém, progressivamente de modo casual. A dor da perder tem uma capacidade dilacerante de se renovar através de objetos, lembranças, pessoas e da inconformidade. Fora o sentimento de não pertencimento, visto que quando a perda é recente de certa forma a pessoa não esfriou, ou seja, a percepção sensorial da sua presença é algo que aos poucos e lentamente irá desaparecendo. Então, em resume, toda a carnalidade deixa de ser palpável, ou seja, é simplesmente se acostumar como a sensação de não ter algo que já foi seu. Toco fotos como se tocasse a pele de minha mãe, relembro momentos como se a materializasse. Tudo isto é um senso da não vivencia e existência.
Assim, a dor da tristeza é elástica. Ela é grande, surge de várias formas e tem uma capacidade de ser renovar absurda. No entanto, ela não é eterna, afinal de contas tudo passa, até a uva passa não é mesmo?
Brincadeiras a parte, digo que o sofrimento resistente acaba, contudo, outras tristezas continuam, só que com intensidades menores.
Por fim, minha mãe era e é inesquecível.
O seu legado de mãe é imutável e eterno, nada e ninguém podem mudar isto, digo com toda força e propriedade. Além disso, melhor dizer, maior que essa verdade é que um dia nos veremos novamente, retomaremos o que nos foi interrompido. A promessa de ressurreição que Jeová Deus promete enche o meu coração de esperança, e o meu sorriso de alegria só de pensar que brevemente irei ver novamente o seu sorriso generoso e o seu jeito de encantar e ser encantada.
De: Danilo Rodrigues