MENTIRA DE PAI É CAUSO

Não sei como são os pais de vocês, mas o meu gostava de contar umas bravatas. Não era tanto pra se gabar, acho que era mais no intuito de se divertir mesmo, de pregar uma peça na gente.

Lembro de uma vez, quando era bem nova, que minha mãe tinha saído e meu pai chegou em casa com uns amigos do trabalho. Pra fazer bonito, ofereci um cafezinho. Começa aí minha odisséia.

Não sabia (como ainda não sei) fazer café!

Coloquei a água pra ferver e o pó de café no coador de papel. Meia chaleira de água pra 4 colheres de sopa de café, bem cheias. Um xarope...

Até aí tudo bem, mas e na hora de passar a água pelo coador?

Eu peguei uma panela e coloquei o coador lotado de pó de café dentro dela. Segurava na beiradinha do coador e ia despejando a água fervendo, respingando nos meus dedos.

A cada hora que eu me queimava, deixava cair o coador dentro da panela, fazendo com que uma parte do pó se misturasse ao café já coado.

Por fim, depois de estar com os dedos todos queimados, esqueci das xícaras e coloquei o café nos copos de geléia de mocotó que ficavam na pia, pra eu e minha irmã não quebrarmos os outros na hora de beber água.

Fiz minha entrada triunfante com a bandeja com 3 copos de geléia e uns biscoitos cream craker.

Meu pai foi o primeiro a beber o café e o primeiro a “roubar” o copo das mãos dos amigos dele, antes que eles bebessem o meu maravilhoso café.

Explicação dele: Meu café estava cheio de “F”

Fraco

Frio

Fazendo

Fofoca no

Fundo do copo

A última peça que ele me pregou foi no dia 9 de maio de 2001. Ele estava internado, vítima de um enfarte do miocárdio. Nesse dia, ele me deu o cartão do banco e me pediu pra tirar R$ 400,00 para fazer o churrasco do dia das mães, que seria no dia 11 e pagar umas continhas. Fui ao banco e vendo o saldo só tinha R$ 80,00. Fiquei superpreocupada, achando que alguém tinha tirado dinheiro da conta, enquanto meu pai se encontrava no hospital.

Cheguei ao hospital e quando falei com ele da minha desconfiança, ele abriu aquele sorrisão largo e perguntou: “você acreditou????”

Infelizmente, meu pai faleceu justamente no dia 11 de Maio de 2001. Não tivemos comemoração do dia das mães naquele ano.

Desejo aos pais toda a felicidade do mundo. Que o amor que sintam pelos seus filhos seja o mesmo amor que sentiram quando o colocaram no colo pela primeira vez.