Quando Jesus abriu um cartório

Suponhamos que Jesus tenha sido mesmo filho de Deus e tenha passado por estas terras há algum tempo.

E que quisesse voltar, não como líder apoteótico, que movesse multidões ao simples gesto do olhar.

Mas como cidadão comum, que lutasse pra ganhar seu pão e que tivesse que conviver com os turbilhões e ciladas que vida tão gentilmente nos prega a cada piscar de olhos.

O que ele seria?

Qual atividade poderia inserir tal figura de forma que justificasse a sua volta?

Ele abriria um cartório.

Assim poderia dar legitimidade a todos que insistem em falar em Seu nome, pregar em Seu nome, curar em Seu nome e por aí vai.

Aí ele passaria procuração deliberando quem se dispusesse a sair a campo levando seus ditos e mensagens e fosse autêntico de fato.

Assim acabaria esta história de incautos querendo fazer dinheiro com argumento de que estão agindo em Seu nome.

E ninguém mais poderia acusar de picareta ou algo parecido quem subir no palanque pra se esgoelar com a Bíblia nas mãos.

Todos teriam um documento devidamente assinado pelo Homem pra amparar o seu discurso e, assim, não existiram mais aquelas figuras de falsos profetas e falastrões mambembes que só fazem enganar ingênuos que caem na sua lábia feito patinhos na lagoa.

Se hoje já fazem o diabo sem esta procuração nas mãos, imagine o poder de fogo com todos os conformes em dia.

E Jesus poderia dormir em paz.

Abençoadamente.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/05/2017
Reeditado em 07/11/2021
Código do texto: T6001674
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