SEMENTE CENTENÁRIA 21ª PARTE
O FUNDADOR DO POVOADO
Guilhermino Rodrigues da Costa 2º nasceu em 23de julho de1888 quando o analfabetismo dominava o sertão. Aos dez anos de idade, em 1898,recebeu de seu pai sua primeira missão histórica. A preservação de uma cruz de aroeira fincada na cabeceira dos varões. Localizada entre as nascentes de dois córregos, o da Extrema, e o córrego do Cedro. Cruz essa que foi utilizada demarcando a sesmaria Bom Jardim do Picão, empossada por Gonçalves Lima no ano de1720. Pelo sistema de cinco barras de córregos tapado, um dos métodos de empossar terras concedidas pela coroa portuguesa.
Esta cruz era de aroeira com seu braço de vinhático. Como o vinhático é menos resistente que aroeira e com o passar do tempo ele deteriora, foi substituído por outro da mesma espécie para manter sua originalidade documentária. Isso no momento que foi repassado ao meu avô em 1898. Sessenta e seis anos mais tarde em abril de 1964 meu avô me entregou a dita cruz. Dirigimo-nos ao local, novamente do braço só restavam alguns fragmentos rolados pelo chão. Providenciamos um braço provisório, e ela foi fotografada pelo frei Pio um religioso historiador que editava a revista “LUZES” Em Dores do Indaiá. Decidimos pela sua retirada do local para preservá-la com mais segurança. Atualmente ela se encontra na gruta de Santa Rosa, na praça central do Engenho.
Ao removê-la, a parte de dentro da terra estava muito desgastada devida estar a mais dois séculos dentro do chão. Eu tomei a liberdade de fazer desta parte, o braço que antes era vinhático e já não existia mais.
Autodidata em conhecimentos gerais, sem sequer ter freqüentado escola nenhuma, Guilhermino desempenhou um papel fundamental no povoado que ele fundou. Talvez seja ele o maior e mais competente líder em todos os tempos, se levarmos em consideração os recursos que atualmente estão disponíveis e que na sua época não existiam. O bem comum esteve sempre acima de seu próprio interesse. Afirmava sempre ser ele um instrumento de Deus a serviço do próximo. Usando métodos singelos, ele conseguia facilitar de forma satisfatória sua mão de obra.
Projetava tudo com os pés no presente, e o olho no futuro, uma prova disso está no traçado das ruas, projetadas a caráter para suportar a dinâmica de uma grande cidade. Parecia ter olho clinico em seus cálculos. Engenheiro leigo, charlatão competente, meio profeta e um pouco vidente foi sem duvida um homem extraordinário. Falo dele com orgulho e até com certa vaidade, a nossa convivência redeu-me um grande aprendizado.
Ao ver vasta região do Brasil colorida pelo verde-amarelo das plantações de soja lembra-me de sua advertência, quando em 1954 reclamei do estrago nas mãos ao ajudá-lo a colher uma pequena porção de soja ,que ele cultivou a título de experiência, cujas sementes foram cedidas a ele, como presente pelo saudoso e celebre Dr. Miguel Gontijo. Ao reclamar dos calos nas mãos, ele me respondeu dizendo:
-- Olhe, eu não vou alcançar, mas você sim. Guarde bem o que digo, para o futuro, estes grãos que você diz ser um feijão peludo machucando as mãos, possui substancias suficiente para alimentar o mundo inteiro. Afirmou ele.
--E quem vai aguentar colher isso em grandes quantidades, haja mãos?
-- Não se preocupe Deus, ao ver um recurso esgotar, providencia outro. Os métodos para facilitar a mão de obra vão surgindo de acordo com as necessidades. O mundo está em evolução, nesta hora os homens terão máquinas para trabalhar, a enxada vai ser apenas uma ferramenta para os arremates. Você verá as grandes áreas de terras repartidas em pequenas glebas e uma pequena parte produzindo o que produzia toda uma grande área. Guarde bem as palavras do que estou dizendo.
Quem como você é criança viverá para ver. Eu já estou dobrando o horizonte da vida, caminhando para o fim da minha missão, não vou alcançar você que vai ver muito mais do que possa imaginar.
O FUNDADOR DO POVOADO
Guilhermino Rodrigues da Costa 2º nasceu em 23de julho de1888 quando o analfabetismo dominava o sertão. Aos dez anos de idade, em 1898,recebeu de seu pai sua primeira missão histórica. A preservação de uma cruz de aroeira fincada na cabeceira dos varões. Localizada entre as nascentes de dois córregos, o da Extrema, e o córrego do Cedro. Cruz essa que foi utilizada demarcando a sesmaria Bom Jardim do Picão, empossada por Gonçalves Lima no ano de1720. Pelo sistema de cinco barras de córregos tapado, um dos métodos de empossar terras concedidas pela coroa portuguesa.
Esta cruz era de aroeira com seu braço de vinhático. Como o vinhático é menos resistente que aroeira e com o passar do tempo ele deteriora, foi substituído por outro da mesma espécie para manter sua originalidade documentária. Isso no momento que foi repassado ao meu avô em 1898. Sessenta e seis anos mais tarde em abril de 1964 meu avô me entregou a dita cruz. Dirigimo-nos ao local, novamente do braço só restavam alguns fragmentos rolados pelo chão. Providenciamos um braço provisório, e ela foi fotografada pelo frei Pio um religioso historiador que editava a revista “LUZES” Em Dores do Indaiá. Decidimos pela sua retirada do local para preservá-la com mais segurança. Atualmente ela se encontra na gruta de Santa Rosa, na praça central do Engenho.
Ao removê-la, a parte de dentro da terra estava muito desgastada devida estar a mais dois séculos dentro do chão. Eu tomei a liberdade de fazer desta parte, o braço que antes era vinhático e já não existia mais.
Autodidata em conhecimentos gerais, sem sequer ter freqüentado escola nenhuma, Guilhermino desempenhou um papel fundamental no povoado que ele fundou. Talvez seja ele o maior e mais competente líder em todos os tempos, se levarmos em consideração os recursos que atualmente estão disponíveis e que na sua época não existiam. O bem comum esteve sempre acima de seu próprio interesse. Afirmava sempre ser ele um instrumento de Deus a serviço do próximo. Usando métodos singelos, ele conseguia facilitar de forma satisfatória sua mão de obra.
Projetava tudo com os pés no presente, e o olho no futuro, uma prova disso está no traçado das ruas, projetadas a caráter para suportar a dinâmica de uma grande cidade. Parecia ter olho clinico em seus cálculos. Engenheiro leigo, charlatão competente, meio profeta e um pouco vidente foi sem duvida um homem extraordinário. Falo dele com orgulho e até com certa vaidade, a nossa convivência redeu-me um grande aprendizado.
Ao ver vasta região do Brasil colorida pelo verde-amarelo das plantações de soja lembra-me de sua advertência, quando em 1954 reclamei do estrago nas mãos ao ajudá-lo a colher uma pequena porção de soja ,que ele cultivou a título de experiência, cujas sementes foram cedidas a ele, como presente pelo saudoso e celebre Dr. Miguel Gontijo. Ao reclamar dos calos nas mãos, ele me respondeu dizendo:
-- Olhe, eu não vou alcançar, mas você sim. Guarde bem o que digo, para o futuro, estes grãos que você diz ser um feijão peludo machucando as mãos, possui substancias suficiente para alimentar o mundo inteiro. Afirmou ele.
--E quem vai aguentar colher isso em grandes quantidades, haja mãos?
-- Não se preocupe Deus, ao ver um recurso esgotar, providencia outro. Os métodos para facilitar a mão de obra vão surgindo de acordo com as necessidades. O mundo está em evolução, nesta hora os homens terão máquinas para trabalhar, a enxada vai ser apenas uma ferramenta para os arremates. Você verá as grandes áreas de terras repartidas em pequenas glebas e uma pequena parte produzindo o que produzia toda uma grande área. Guarde bem as palavras do que estou dizendo.
Quem como você é criança viverá para ver. Eu já estou dobrando o horizonte da vida, caminhando para o fim da minha missão, não vou alcançar você que vai ver muito mais do que possa imaginar.