* Ser tênue balança onde os fracos de espírito se pesam.
* De passar a andar de costas pensando que estou correndo pra frente.
* De ser atalho para o falso.
* De ser propriedade da tristeza.
* De ser amante dos falidos em pureza, e intensidade dos derrotados pela agonia daqueles que nos desprezam.
* De todos que se dizem donos de alguma coisa.
* Da falácia en descobrir que o céu existe.
* De sentir frio no verão.
* De ser adepto da exclusividade.
* De ser intransigente com a solidão.
* De pensar que a igualdade entre as pessoas é apenas formalidade.
* Das coisas que chegam primeiro.
* De saber o que é um sonho e nunca ter um.
* De abrir a porta e perceber que vivia num deserto.
* Das luzes que nunca se apagam.
* De caminhar à noite e o relógio da matriz marcar meio-dia.
* De ser chamado e não conseguir ouvir.
* Do tempo achar que estou sendo demais.
* De tentar reviver o passado sem nunca ter tido um. Mesmo passados exauridos.
* Dos que falam em bondade, fraternidade e amor atrás de uma mesa de cedro.
* Esquecer que dia foi ontem e que no ontem eu jamais estive e, se estive, alguém me falar que ele existiu.
* Duvidar da palavra de um sóbrio.
* De acreditar na guerra e naqueles que delicadamente as constroem, para os dormentes conquistar.
* De meu cão não entender tudo o que eu ensino pra ele.
* De aprender a escrever.
* De toda manhã sobrevoar meu jardim, de poucas flores, sem nunca ter aprendido a voar.
* De não aprender a morrer.
* Da mulher que amei na juventude, e me renegou, e hoje pede esmolas de amor em todas as camas dos reis falidos que normalmente frequenta.
* De aprender a pensar.
* De pensar que estou burilando pepitas de ouro que não passam de mesclas de pedras rudes e solitárias.
* De nunca acreditar no que digo, falo ou escrevo.
* De ser tecnologia ultrapassado.
* De ter centenas de amigos de papel.
* Transformar meus sonhos em realidade.
* De ser pássaro e viver cantando para alguns homens ávidos em embebedar-se com meu canto-prisioneiro.
* De ser triste.
* De ser gente.
* De não ser.