VIAGEM À COLÔMBIA III
Para termos ideia da importância cultural de Bogotá, em 2007, a cidade foi agraciada com o título de Capital Mundial do Livro. Anualmente, nos meses de abril e maio, Bogotá transforma-se em importante centro editorial. Escritores, críticos literários e amantes da boa leitura participam da Feira do Livro, um dos eventos culturais reconhecidos nacional e internacionalmente.
A megalópole colombiana tem sido sede de importantes eventos internacionais, entre os quais se destacam o Festival Ibero-americano de Teatro e diversos festivais de cinema e de música. Citar galerias de artes, bibliotecas, parques temáticos e outras atrações culturais existentes em Bogotá seria cansativo para mim e para você, caro leitor. Todavia, na proporção em que farei citações e descreverei visitas realizadas a templos da cultura e do divertimento colombianos, voltarei ao assunto, atribuindo-lhes os devidos detalhes.
O transporte urbano de Bogotá é composto de grande quantidade de táxis. Os ônibus de pequeno porte são chamados de “buseta”, não constituindo nenhuma obscenidade. A palavra, pejorativa para nós brasileiros, lá, não passa de uma corruptela do nome bus, em inglês.
Iniciamos visitas à capital, no dia 3 de janeiro de 2017. Por volta das dez horas, alugamos uma van e fomos conhecer o centro antigo. Algumas amigas preferiram conhecer, nas imediações do hotel, lugares fartos de lojas apinhadas de artigos, para elas, indispensáveis ao aprimoramento da beleza pessoal, um exagero, pois, o belo não merece retoques. Horas depois, todas foram ao centro histórico, onde já nos encontrávamos em plena atividade turística.
Como dizia, inicialmente, minha esposa, duas amigas e eu perambulamos pela cidade antiga, percorrendo ruas estreitas que exibem pequenos edifícios construídos há anos. Esses prédios, bem conservados, pintados em corres vivas, contam a história de uma era de grandes transformações vivenciadas pelo continente Sul-Americano e, em particular, pela Colômbia pré-hispânica.
Constatamos grande afluência de transeuntes por todas as vias urbanas. Visitamos lojas de esmeraldas e ficamos nos arredores do Museu do Ouro, aguardando a chegada dos demais companheiros na praça situada no Parque Santander, assim denominado para homenagear o general Francisco de Paula Santander. Enfim, fotografamos o que nos veio à vista, julgado interessante.
Visitamos o Museu do Ouro minutos depois de nossa chegada ao local, seguidos dos outros amigos, vindos de diversos locais. Sobre essa instituição, denominada Moseo del Oro del Banco de La Republica, faço alguns comentários: Foi instituído pelo Banco de La República, em 1939, a fim de proteger o patrimônio histórico e arqueológico da Colômbia. É a principal atração de Bogotá, com valioso acervo constituído de trabalhos confeccionados em ouro, na época pré-colombiana.
As peças expostas em estantes devidamente protegidas foram elaboradas em forma de máscaras, recipientes, braceletes e colares, entre outros objetos de variados modelos e símbolos demonstrativos de culturas ancestrais, como Tolima, Tumaco e Malagna. Essas preciosidades estão à mostra em um prédio de dois andares, moderno e luxuoso.
E o que dizer do ouro, metal de transição brilhante, amarelo, denso e maleável? Dizem os arqueólogos que ele começou a ser utilizado pelas primeiras civilizações do Oriente Médio, por volta do ano 2.600 a.C. A peça mais antiga confeccionada em ouro foi encontrada na tumba da Rainha Egípcia, Zer.
O ouro usado como símbolo de pureza e ostentação também é empregado na fabricação de joias e até serve de padrão monetário aos países de economia forte.
Ao final da proveitosa visita ao Museu do Ouro, saímos pelas ruas estreitas e aconchegantes da cidade antiga, em busca de um restaurante para aplacarmos a fome. Por não tê-lo encontrado a gosto, contratamos um táxi que nos conduziu a outro local.
Bem alimentados, retornamos ao hotel Hilton, onde permanecemos até as 20 horas. Depois de merecido descanso, fizemos visita de cortesia a outros membros do grupo, hospedados no hotel Four Seasons. Fomos a pé, considerando a pequena distância. Minha mulher e eu aproveitamos e jantamos no restaurante daquele estabelecimento, enquanto mantínhamos animada palestra com os demais amigos.
Do hotel Four Seasons ao nosso, percurso que também fizemos a pé, nos detivemos por algumas vezes para fotografar a bonita e abundante iluminação ainda preservada por vários dias desde o término das festividades natalinas.
Ficamos impressionados com a beleza da ornamentação e a farta iluminação da cidade, exposta ao público durante a comemoração do Natal de 2016. Edifícios públicos e privados não regatearam preços das despesas realizadas para oferecerem ao público interno e aos visitantes momentos de satisfação e encantamento.
No dia quatro de janeiro, acordamos cedo. Tomamos café às 9 horas. Depois do desayuno, contratamos uma suv, a bordo da qual fomos conhecer a Catedral de Sal, situada no departamento de Zipaquirá, há alguns quilômetros do centro de Bogotá. A impressionante obra faz parte do patrimônio histórico, cultural e religioso da Colômbia.
Esse inusitado santuário católico foi concebido no interior de uma extensa mina de sal, a oitenta metros de profundidade. Surgiu a partir da exploração do sal, desde remota antiguidade. Ali, existem generosos espaços exibindo peças de um museu único no mundo, por sua originalidade.
Grande multidão de turistas das mais variadas partes do planeta formam filas gigantescas na entrada do túnel.
Percorremos a pé a grande extensão da galeria subterrânea, ladeada de cavernas abertas nas entranhas da montanha de sal, iluminadas por luzes artificiais tênues, algumas coloridas, revelando altares, cruzes e esculturas religiosas.
E mais nós vimos: Na câmara dos espelhos naturais de salmoura, os cristais de sal, submetidos ao efeito de luzes artificiais, produzem resultado próximo de um espelho natural.
Em certo ponto da gruta, uma capela de razoável tamanho abriga os mais devotos em seus momentos de reflexão espiritual.
Os engenheiros e arquitetos do país não mediram esforços para legar à humanidade recinto tão impressionante, não apenas por suas dimensões gigantescas, mas, e principalmente, pelo acervo artístico-religioso construído ao longo de escavações e perfurações. Grande parte das obras esculpidas nas rochas de sal é representativa das estações da Via Sacra.
Outras esculturas impressionam pela genialidade do artista. Por exemplo, na Câmara dos Namorados, existe uma escultura de 1.600 quilos, talhada em forma de coração, e, na Câmara da Capela, encontra-se uma esfera de sal, pesando 1.300 quilos.
Em determinado espaço, uma cruz de dezesseis metros de altura, esculpida na rocha salífera, complementa a imponência do altar mor. O que dizer mais?
Peço desculpas aos leitores por não ter sabido descrever a contento o que viram nossos extasiados olhos. Temo tê-lo feito sem demonstrar, com a devida fidelidade, a exuberância de tão magnânima obra.
Que tal, parar por aqui? Talvez o leitor anseie por merecido descanso. Atendo-o com a maior presteza, comprometido com a promessa de contar-lhe mais do que vi nessa interessante viagem. Hasta luego!