DESABAFANDO COM A VIDA!
Nesta vida de intensos conflitos buscar a felicidade parece-me condição indiscutível para o dia-a-dia. Reunindo todos os sonhos, os desapontamentos, os desencontros, os próprios encontros, eles nos tornam reféns dos próprios dilemas em face da irrealização e por não encontrarmos a almejada alegria.
Sofremos, fazemos sofrer e, enfim, passam-se os dias e a incompletude é fato.
Bem, findamos o dia e a pergunta sempre surge: o que fiz do meu dia, da minha vida e dos meus sonhos?
Pensamos, olhamos para o lado e não encontramos ninguém com quem possamos repartir este peso e ele - o peso - se intensifica nos afundando na desilusão e no pensamento de agora ser tarde demais para tudo recomeçar.
Insistimos nesta teimosia de vida infeliz ou até feliz, porém incompleta, num profundo silêncio de falas e o coração gritando para mudarmos de vida e de rumos.
Paramos, o peito fervilhando com as novas emoções - todas elas fuga para uma alternativa, também, covarde de recomeço - falseadas pela falta de coragem de mudar o destino dos passos.
Tudo isto não é fruto de um momento, mas é a retrospectiva de um cenário opaco vivido entre tantos dissabores, entregas sem esperas, acenos sem atendimento, risos escurecidos pela falta de olhares... É a vida.
Queiramos ou não, é a vida que não pudemos viver felizes para colhermos o resultado daquilo que fizemos por merecer, pesando sobremaneira os desentendimentos que não fomos capazes de solucionar.
O tempo passa, não se repete e ele encurta todas as possibilidades. A alegria de agora poderá ser a tristeza de amanhã e dificilmente o contrário poderá acontecer, ou seja, a tristeza de agora não poderá ser a alegria de amanhã... porque a tristeza impede, impõe um certo tipo de resistência em relação à sua originação.
Os olhos silentes rascunham o processo sofrente do nosso peito e num riste rogamos aos céus que possa surgir um aceno divino solucionando este grande enigma: querer a alegria, viver por ela e, dificilmente, alcançá-la.
Que sejamos inteligentes para não perdemos os poucos minutos de rara alegria e vivamos para que o sorriso seja a alvura dos nossos rostos.
©Balsa Melo (Poeta da Solidão)
27.08.2005
Cabedelo - Paraíba