A Água Chegou no Pescoço
Antigamente costumava ter, mais ou menos, 105 tijolos, inteiros, na laje do meu quarto (sem contar os recortes). Hoje, apenas um branco insosso, com uma luminária que é mais sem graça que chuchu sem orégano. Já contei, ao menos três vezes, as 39 cerâmicas no chão do quarto, e elas continuam no mesmo lugar, sem tirar nem pôr.
O passar dos dias é complicado e eu já limpei meus e-mails (e olha que tinha muita porcaria, aqueles emails que nós mesmos nos enviamos, só para não perder o feeling de determinado assunto), já apaguei fotos e arquivos duplicados no meu HD externo (também era muita merda em um só lugar), já cheguei ao cúmulo de contar os carros que sobem e descem a rua, inclusive separei por marcas e modelos (não tive a audácia de fazê-lo por cor). Na realidade, não fiz por cor ainda nem sei por que.
Eu, que não sou muito chegado às famosas e badaladas séries, já assisti duas temporadas inteiras de House of Cards, além de todos os filmes que do meu computador. Já li o Vale Tudo de Nelson Motta e estou caminhando, a passos largos, no relato de Fernando Gabeira sobre sua vida na política. Não que eu goste de política, mas o Gabeira é um personagem interessante da nossa história e merece muito respeito.
Musicas? Nem gosto de comentar sobre por que já ouvi toda minha discoteca e repito as que combinam mais comigo e com meu momento “largado”. E por falar em músicas, acho que vou ouvir mais alguma que doa o cotovelo ou que venha me lembrar que amanhã ainda é quarta-feira e “quando se está com água pelo pescoço, não podemos deixar a cabeça cair”, nem que seja com ajuda.