Resistência da segunda-feira

Ok, não foi dessa vez, mas não preciso me desesperar, Maria Bethânia disse uma vez e sou capaz até de ouvi-la cantando, com aquela voz de mulher forte e guerreira: "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Sim, já reconheci a queda, e não vou me desanimar. Não choro mais, e quando digo que não choro quero me referir ao agora e os dias atrás em que não chorei, e o "mais" é o quanto fui firme até então, talvez eu venha chorar mais tarde, é tudo tão incerto, mas sem aquilo de ficar esperneando esperando piedade da vida, prefiro levantar, porque no chão eu já estive, e sei que por lá nada acontece, tudo passa em branco. As ilusões se perderam, mas eu me recuso a desacreditar absolutamente de tudo, algo simplesmente não me permite chorar mais por horas a fio. A gente se entristece, Deus me livre ser feliz o tempo todo, e nenhuma dor por mais forte que seja, resistirá por tanto tempo, virão novas expectativas, estarei no barco para remar, as esperanças se renovarão, e assim como sei que alguns sonhos dançarão, pelo percurso... Mas, não terei mais tanto medo, altos e baixos existem para todo mundo, ninguém é escolhido a dedo. Que não percamos nosso tempo com medos, nem a covardia nos atinja, e não peço para sofrer menos, quero experimentar o martírio, e dizer que finalmente vivi. E, por mais ásperos que sejam alguns caminhos, não terei receio em trilhá-los. Morro de medo de ser como algumas pessoas amargas que sentem o prazer de dar palpites maldosos nos sonhos alheios, por apenas ter perdido a fé em seus ideais. Que a vida abençoe todos aqueles que não tem medo de encarar o chão na hora da queda e estenda a mão àqueles que não se permitem restarem caídos por lá por muito tempo.

Anny Ferraz
Enviado por Anny Ferraz em 30/01/2017
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