Reencontro com o passado
Andei por aquelas ruas consumidas pelo tempo, passando pelo largo de Sant’anna. Mostrava aquela terra querida aos meus filhos.
- Meu Deus! Quanto tempo se passara! Cinco anos... Parte de uma vida... Tudo estava tão diferente.
Deixara nesta terra uma parte da minha vida. Aquela menina sonhadora de coração afetuoso e ingênuo ficara perdida ali, quem sabe sentada na velha ponte da praça vendo o sol se pôr ou em frente à igreja reunida entre amigos.
Percebi que nada mais era igual. As ruas estavam diferentes, as casas também. Tantas pessoas diferentes, exceto meus amigos e as pessoas que tanto amo. Ainda eram as mesmas apesar do tempo, assim como eu.
No lugar que um dia fora meu, onde brinquei, onde corri, correm outras crianças, outro tempo.
Tudo transformado, completamente diferente. Nada mais igual, só os meus sentimentos permaneciam os mesmos.
Perdida em pensamentos saudosos, com o coração transbordando de lembranças, sendo atropelada por elas, parei olhando para o rio cujas águas negras brilhavam sob o reflexo daquela lua majestosa. Naquele instante, lágrimas molharam-me a face de adulto e... Rolaram como na face de uma criança. Estava de volta as minhas raízes, retornara enfim àquele lugar onde fui imensamente feliz. Minha pequena Igarapé-Miri, terra na qual fiz tantos amigos verdadeiros, onde aprendi o verdadeiro valor da vida.
Ali, reencontrei com o passado. Um filme passou-me na cabeça naquele instante. Vi novamente meu querido “Ginásio” onde conheci meus grandes amigos.
Retornei ao saudoso tempo do magistério (tempo em que nossos professores eram mais que educadores, eram amigos). Tempo das serestas, das verdadeiras festas juninas, dos festivais maravilhosos. Tempo em que andávamos nas ruas sem temor, quando amanhecíamos na praça namorando ou simplesmente, batendo papo com os amigos.
Ah! Como tudo havia mudado. O cheiro do mato agora misturado à fumaça das inúmeras motos. O vento que ainda tocara meu rosto como se me reconhecesse. O barulho dos fogos, da multidão...
E eu? Eu saudosa de tudo levantei o rosto, sequei as lágrimas e segui... Naquele lugar eu havia passado um dia, minha adolescência e minha juventude ali deixado, e, daquele tempo feliz tão-somente lembranças haviam restado.