"ACIDENTE PAVOROSO" OU VERGONHOSO?
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Como se fosse uma cobra que depois que comer, hiberna digerindo corpos decapitados com sangue dos cadáveres do Sistema Prisional Anísio Jobim, de Manaus, o presidente da República, Michel Temer reuniu seus ministros da área de segurança, antecipou o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública, que tem a ambição de reduzir em 15% da população carcerária do país até 2018, se solidarizou com as famílias das vítimas e classificou de “acidente pavoroso” o que ocorrera em Manaus. Será que teria sido isso mesmo o que ocorrera ou fora uma tragédia anunciada e sabida por muitos? Sendo uma coisa ou outra, finalmente foram liberados recursos acumulados por 17 anos no Fundo Penitenciário do Brasil para a construção de novos presídios, compra e instalação de aparelhos de Raio X, detectores de metais e outros investimentos necessários à modernização deles, hoje verdadeiros depósitos de seres humanos! Alexandre de Morais, Ministro da Justiça, ao detalhar o a Plano deveria ter anunciado também um Plano Nacional para Tratamento de Dependência Química dos Presos! A quem interessaria mantê-los enjaulados nas cadeias, sem qualquer tratamento?
Depois da repercussão negativa da classificação que atribuíra à chacina, o presidente explicou a declaração, mas continuou sendo criticado pelas redes sociais. O chefe da nação demorara a se manifestar sobre a tragédia e quando o fez, ainda classificou de mero acidente, como se fosse uma coisa normal!!! O que houve foi perda de vidas humanas, “tragédia documentada e já do conhecimento das autoridades, desastre com a quebra muro para introdução de armas de grosso calibre em seu interior, desgraça pelos corpos decapitados e fatalidade pelo resultado final alcançado. Outros “acidentes pavorosos” já tinham ocorrido antes pelo país, nas Penitenciárias de “Pedrinhas”, do Maranhão e em “Urso Branco”, Roraima. Talvez, todos os “acidentes” pudessem ter sido evitados com liberação mais rápida de recursos do Fundo de Segurança Pública do Brasil, inclusive a última ocorrida na Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Roraima como se fosse uma retaliação pela matança em Manaus, o que a governadora Tereza Surita ainda não confirma e nem desmente! Manaus, depois da fuga de presos, ficou mais violenta!
O caos no sistema prisional do país é resultado da somatória de muitos interesses políticos, superfaturamentos de contratos e outros problemas correlatos que cegaram as autoridades de fiscalização do dinheiro público, que deveriam ter detectado tudo, principalmente no caso de Manaus, pois o contrato com a empresa Humanizzare tornou os detentos do Amazonas os mais caros do Brasil. Contudo, só agora, os órgãos de fiscalização do Estado, exigem o fim do contrato de 17 anos, com a empresa. É claro que os atores dos aparelhos de fiscalização do Estado, principalmente os que deveriam trabalhar para evitar esses fatos na área da caótica segurança pública, erraram! Como se escuta falar muito no Brasil: “o brasileiro só fecha a porta depois de ter sido arrombada”. Ministros vieram a Manaus. Ocorreu a antecipação de decisões que seriam tomadas mais tarde e o infeliz pronunciamento do presidente da República. Agora, encontrar um único culpado para o caos da segurança pública como um todo, será quase impossível É melhor prenderem o próprio sistema prisional do Brasil- SPB e o condenarem a cumprir a pena máxima permitida de 30 anos, não lhe oferecendo tratamento para livrá-lo da dependência química, o deixando criar regras para impô-las nas cadeias, determinando as vontades, criando facções criminosas e não lhes liberando recursos para comprar aparelhos de raios X, detectores de metais ou assumindo suas responsabilidades e o receberá depois graduado, mestrado e, talvez, até doutorado em novas modalidades de crime, sem qualquer recuperação social!
Será igual ao que declarou recentemente a ex-presidente Dilma Rousseff, “ninguém vai ganhar ou perder, todos vão ganhar e perder” com as tragédias anunciadas que continuam ocorrendo nas penitenciárias do Brasil, comandada pelas facções criminosas e aceitas passivamente pelo Estado brasileiro. Deus não desejará que outras tragédias anunciadas se registrem nas prisões do Brasil. Elas poderão ser classificadas só como mais um “acidente pavoroso”!