Partida

     O espetáculo estava garantido: emoções diversas, choros, lágrimas, gritos, êxtases variados; tudo isso em torno de uma partida (de futebol), que tragicamente não acontecera. Então a partida (início de uma explosão de sentimentos múltiplos) evidenciou quão ainda o ser humano é belo, mesmo a despeito de muitos acontecimentos degradantes e característicos da nossa personalidade nos dias atuais.  
     
     A partida (de futebol) cujos mistérios que orbitam a vida não permitiram que acontecesse, deu lugar à partida (passamento, perecimento, vida pós-morte) de quase a quantidade de atletas que entrariam em campo para a disputa da partida (de futebol), mais precisamente 19 (dezenove).
     
     A partida (início de uma jornada, de uma luta incessante por um objetivo) medeia as nossas agruras, os nossos êxitos, as nossas quedas, notadamente quando buscamos o atingimento de conquistas sonhadas, perpetradas, planejadas.  
    
      A partida (dos que não foram por razões e motivos diversos) nos mostra o poder infinito de nosso Deus Misericordioso, que num plano superior permitiu que a partida (passamento, perecimento, vida pós-morte) atingisse os 71 (setenta e um) e poupasse a partida (passamento, perecimento, vida pós-morte) daqueles que se salvaram, a bordo ou não da fatídica aeronave. 
    
      A partida (início) de uma viagem que até então se traduzia na mais absoluta escala de alegria, de conquista, de felicidade, mostrou-nos uma partida (virada) impiedosa de sentimentos paradoxais aos quais imaginávamos antes da partida (dos motores ligados, da decolagem) rumo a uma catástrofe, a um final macabro, possivelmente movido pela ganância, pela irresponsabilidade, pela desonestidade para com o irmão, o semelhante e, para consigo próprio, haja vista o piloto, sócio proprietário, também ter realizado a sua partida (passamento, perecimento, morte).
    
     A palavra partida (substantivo feminino) assumiu facetas diversas do seu significado, no entanto, também permitiu que a partida (do entendimento, da razão, do maravilhado mundo do existir, caracterizado pela vida) também possuísse inúmeros significados, inclusive o da única certeza que temos nessa vida, a morte.     
     
     A partida (agora é na direção da conclusão), que não transformemos o nosso presente n’ uma paranoia do último momento que possamos viver, mas, peçamos a Deus que reforce nossas estruturas, todas: psicológicas, religiosas e espirituais, no sentido de que tenhamos forças para entender os erros cometidos no passado e não permitamos que se repitam; que exploremos as lições deles advindas e, que tenhamos a certeza no porvir forte, alicerçado no vigor da fé, da serenidade, da esperança, que não aceitemos as dúvidas causadas pelo momento trágico sobre a existência de Deus e, sobretudo que absorvamos todo o néctar da compreensão, dos mistérios da vida, da convicção de que Deus nos move, nos dirige e nos alimenta de sua Complacência.
CHAGAS FERREIRA
Enviado por CHAGAS FERREIRA em 03/12/2016
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