AQUELE ASSOBIO MELANCÓLICO

Lá estava ele!

Macacão cinza semiaberto da cintura pra cima, botina verde da empresa e um chapéu mexicano sobre a cabeça começando a ralear os brancos cabelos. Com as costas no batente da porta, ele as esfregava, se coçando.

Um assobio melancólico fluía de seus lábios. Era para chamar vento, ele dizia. O tempo permanecia quente e parado. Nem uma folha balançava naquele momento.

Na moldura do batente, meu pai parecia um quadro. Um quadro da saudade se destacando contra um fundo entre o céu azul e o morro da Vó Bastiana lá longe!

De repente, o vento começou a açoitar suavemente as folhas da bananeira.

Aquele assobio melancólico surtiu efeito.

Aos dez anos eu pensei que meu pai era mágico ou feiticeiro de uma tribo qualquer!

Mas era simplesmente meu pai...

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 30/11/2016
Código do texto: T5839563
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.