Fábrica de Lágrimas

A lágrima de um homem vai cair, na condenação à revelia

Lágrimas que esculpem sua falha e sabedoria

Ela diz: '' Me dê a sua mão "

- " A cidade, eu sei que é cinza, mas é teu meu coração "

Não foi em vão, doutor, é só olhar pro meu filho

Crescer sem função, contramão no andarilho

Lamento e protesto não servem de nada

O remédio é partir, interrompa a caminhada

Só quero que minhas lágrimas corram pra bem longe

Avise à todos que não era pra ser assim

- " Escolhas têm consequências, amigo, confronte. "

Só diga pro menino que não pense no meu fim

Lembro do tempo que levei pra ser alguém magistral

Cegueira moral, usurpei seu capital

Decepção colhida, um dedo na ferida

A minha punição sendo paga por minha vida

Avenida das lágrimas, harmonia secreta

Sem meta, a tristeza que inspira o poeta

A sala em espelhos brilha, aroma de cilada

Cadeiras quebradas, coronhada, pedrada

O meu fim já é certo, depressão, aceitação

Penso logo em meu filho e em meu legado de derrota

Relação da emoção com ambição, terminação

Numa rota, conto nota, na minha frota, agiota

(...)

Rafael Toledo
Enviado por Rafael Toledo em 12/11/2016
Código do texto: T5821444
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