Fábrica de Lágrimas
A lágrima de um homem vai cair, na condenação à revelia
Lágrimas que esculpem sua falha e sabedoria
Ela diz: '' Me dê a sua mão "
- " A cidade, eu sei que é cinza, mas é teu meu coração "
Não foi em vão, doutor, é só olhar pro meu filho
Crescer sem função, contramão no andarilho
Lamento e protesto não servem de nada
O remédio é partir, interrompa a caminhada
Só quero que minhas lágrimas corram pra bem longe
Avise à todos que não era pra ser assim
- " Escolhas têm consequências, amigo, confronte. "
Só diga pro menino que não pense no meu fim
Lembro do tempo que levei pra ser alguém magistral
Cegueira moral, usurpei seu capital
Decepção colhida, um dedo na ferida
A minha punição sendo paga por minha vida
Avenida das lágrimas, harmonia secreta
Sem meta, a tristeza que inspira o poeta
A sala em espelhos brilha, aroma de cilada
Cadeiras quebradas, coronhada, pedrada
O meu fim já é certo, depressão, aceitação
Penso logo em meu filho e em meu legado de derrota
Relação da emoção com ambição, terminação
Numa rota, conto nota, na minha frota, agiota
(...)