Sobre a simplicidade da vida
Complicamos a simplicidade da vida, do amar, do ser honesto, generoso.
Vivemos engessados em fardas, uniformes, trajes formais que escondem o que de verdade gostaríamos de ser ou de nos tornar, e não digo fisica ou socialmente.
Nos preocupa mais em quanto tempo teremos isso ou aquilo, do que quanto tempo falta para ver um sorriso, recebermos um abraço, ouvir um muito obrigado por sua companhia, seus conselhos ou qualquer outra coisa que dinhero não compra e por isso passa despercebida diante de nós.
Colocamos senhas nos celulares e computadores, mas não somente, quando até em nossas relações interpessoais somos cheios de enigmas quase indecifráveis, afim de criar uma barreira entre nós e o próximo.
Nunca foi tão difícil iniciar uma conversa informal com o vizinho do assento de ônibus, numa sociedade onde os únicos assuntos que parecem importar são a carreira, a festa, a série de tv.
Poucos são felizes de olhar para lua cheia, tomar banho de chuva ou ter uma boa conversa com vovô, sem precisar tirar selfies com legendas sem contexto.
A correria e agitação da cidade, com suas luzes e harmonia badalada é mais atrativa do que a simplicidade do campo, ao som de pássaros e cheiro de mato molhado.
É tão difícil assim ser simples?
Não. Não é.
Na verdade é mais simples do que se parece. É ignorar os padrões ditados pela mídia, é entender que o ser mais importa do que o ter.
É se doar sem querer algo em troca. É não tentar fingir ser o que não se é, afim de impressionar ou de se sentir parte.
De tantas maneiras podemos viver em simplicidade, mas preferimos criar e alimentar os "monstrinhos" das desculpas, sem saber que um dia seremos devorados por não ser ou querer entender como é simples ser simples.