VIVER... ou sociedade “farta de tudo” (Talciney, de Coari/Am)

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Existem diferenças sutis entre viver e achar que vive, entre ser crítico, irônico, debochado ou ridículo com o trabalho de uma pessoa, pensando que a ridicularizará o autor, mas não sabendo que ele próprio está se ridicularizando. Viver nunca foi e jamais será fácil, na era das redes sociais, cada vez mais sendo utilizadas para expor vaidades, exibir fotos no espelho fazendo biquinhos com um celular na mão, exaltando os seus egos pessoais. O que menos importa é o conteúdo, mas curtidas recebidas. Viver é possível, mas não é fácil! As vaidades são sempre superiores à qualidade e isso incomoda!

Mesmo no complexo e incrível mundo digital, a sua caminhada você terá que se desviar de pedras que lhe atirarão diante de suas posições firmes e educadas. No fim do caminho, se for possível, recolha as que forem possíveis e construa um local para chamar de seu, mesmo que seja no cemitério onde você viverá sua eternidade. Também terá que se desviar de balas perdidas que sempre encontram e matam inocentes no mundo real. Se puder, também junte as que não lhe matarem, derreta-as, transforme-as em uma obra de arte de protesto contra a violência e a exponha em algum lugar com destaque. No mínimo, chamará a atenção da mídia. É possível caminhar sem rancor de ninguém, ódio no coração ou soberba de quem quer que seja. É só não se achar melhor ou pior do ninguém. Afinal, somos todos iguais e diferentes ao mesmo tempo, depende do ponto de vista de cada um!

Os bandidos de hoje foram às crianças de ontem e foram seres humanos, mas todos destruídos pelo vício das drogas e precisam de tratamento. Mas a justiça não lhes condena à pena de tratamento contra suas dependências químicas e não os encarceram pura e simplesmente em prisões superlotadas, sem qualquer possibilidade de ressocialização. Quando a Justiça passar a aplicar penas de reabilitação social, moral e humana aos marginais, devolvendo-lhes à dignidade que perderam, alguma coisa vai melhorar na sociedade coletiva e poderá ser registrada redução no índice de criminalidade. Mesmo assim, a vida continuará sendo um exercício muito difícil e perigoso! Existe falta saúde, educação, segurança pública e habitação, sem falar no dinheiro que também está muito faltando nas carteiras dos brasileiros.

Também falta um salário mínimo e aposentadorias dignas. Faltam outras coisas também. Na verdade a sociedade política está com muita “farta” de quase tudo. “Fartam” políticos honestos e comprometidos com as coisas realmente públicas, não com interesses pessoais. “Farta” dignidade na hora de votar na democracia da eleição democraticamente imposta aos braileiros. “Fartra” consciência, responsabilidade e seriedade para mudar o que deve ser mudado e manter nos cargos só quem merece por mérito e honra para permanecer. Na sociedade “farta” que se vive hoje, a manutenção da dignidade adquirida pelos bons exemplos do passado e está sendo perdida pelos péssimos exemplos de hoje. A pessoa desonesta é considerada mais esperta e inteligente, principalmente se conseguir nunca ser julgado, condenado e preso. Também “farta” respeito dos jovens a quem já viveu muito! Os jovens, com algumas exceções, só porque usam deliberadamente e sem controle até em trabalhos universitários os famigerados Ctrl C e Ctrl V, acham que sabem de tudo e conhecem tudo como se fossem as únicas verdades existentes!

Com a “farta” deseducação que se vive hoje, falta vergonha na cara, respeito e o cumprimento de cidadania plena, principalmente, para poder cobrar direitos depois. “Farta” moral principalmente de órgãos do Poder Judiciário que, em um mesmo caso, proíbem e depois liberam candidatos para disputar cargos eletivos em diversos municípios brasileiros. Por fim, “farta”,, cultura geral. Com ela, a pessoa seria capaz de diferenciar corretamente o que seria uma crítica a um trabalho, de uma opinião pessoal, de um deboche, de uma palhaçada ou de um simples “achismo” ignóbil.

Por isso, digo de novo, viver nesse mundo tecnológico do absurdo, filtrando o que é verdade do que não é, é possível. Mas é para poucos e não para todos!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 04/11/2016
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