Ponto no horizonte

Sentado ali nas pedras, em frente ao mar, quase sonolento, minha atenção se volta para a maré de ondas quase incompreensíveis:

...Contra os rochedos, misturam-se espumas, lama, paus e pedras revoltosos chocando-se uns contra os outros. Nessa confusão sem controle mas com uma frequência instintivamente organizada pelo caos, esses violentos movimentos deixam seu rastro ao destroçar as rochas que se espalham na costeira;

...bem mais além da margem, surge uma faixa larga, escura e impaciente que atravessa de um lado ao outro e apesar da demostrar grande força e uma aparente inquietude, apenas balança o barquinho e seu tripulante;

...e, mais adiante, olhando em direção ao infinito, uma massa inimaginável se estende como se fosse sólida e poderosa, não denunciando, exceto nas tempestades, quantas tormentas se esconde sob seu imenso e profundo abismo;

...então, ao longe, quase imperceptível, como se preso em sua superfície, um navio cargueiro fincado no horizonte se destaca como um ponto imutável.

(25 de março de 2016)