Sobre elogios e críticas

Elogiar é um ato um tanto confuso. Claro, tem gente que dá uma levantada, dá uma animada. Aqueles elogios que valorizam seu potencial, não tem como recusar ou dispensar.

E os elogios quanto à sua aparência, como "nossa, gostosa (a)", "nossa, como você é linda(o)"...

Acho que é da natureza humana essa coisa de elogios e críticas. Você faz um elogio quanto à personalidade da pessoa, e ela é modesta, não aceita. Você recebe um elogio quanto à sua aparência... ai a casa cai, desaba, dentro de você.

Onde quero chegar é: elogios e críticas quanto à aparência de alguém devem ser elaborados IGUAL quando você elogia a capacidade intelectual, personalidade, dessa pessoa. Às vezes não dá pra segurar, é verdade, mas conheça seu público antes de soltar adjetivos.

Sabe, a auto estima de muita gente é baixa. Muito baixa. Mais baixa que a temperatura na Antártida. Eu mesma tenho auto estima praticamente nula, e quando recebo elogios, é como se uma bigorna caísse na minha cabeça; Não é modéstia. É a verdade.

Tem uma parcela da população, por exemplo, que PRECISA chamar a atenção e receber elogios para manter sua auto estima elevada. Tem uma outra parcela que PRECISA ser intelectual, ser a galera dos altos papos e etc. que necessita de elogios e críticas construtivas. Cada um tem sua forma de reagir quanto às críticas cruéis (chamo assim aquelas críticas que jogam bigorna atrás de bigorna em você), críticas construtivas, elogios convenientes e elogios baratos.

Entendam bem: uma pessoa que tem baixa auto estima nem sempre vai se importar da sua companhia. Mas se você abrir a boca para soltar elogios ou críticas SEM CONHECÊ-LA, ela vai desabar.

Especialistas afirmam que pessoas com baixa auto estima, em sua maioria, têm depressão. Não é vergonhoso ter depressão. Eu mesma tenho depressão e levo (dentro das MINHAS POSSIBILIDADES) a vida na normalidade.

Mas o que acaba com qualquer vestígio de recuperação mínima da nossa auto estima, acho, é a romantização da depressão e outros transtornos... é chegar pra um depressivo e falar que ele tem depressão porque não toma sol e tem uma carência visível de vitamina D, é chegar pra um depressivo e falar que ele se isola da sociedade, por isso não conhece pessoas e não se conecta com quem possa lhe dar o devido valor. É chegar pra alguém com baixa auto estima e dizer que ela precisa se reconectar com seu interior e seu próprio espírito na frente do espelhos. É falar pra essa mesma pessoa que ela precisa fazer umas comprinhas para ter noção do que ela tá perdendo.

Acho que, o pior, é chegar pra uma pessoa, elogiá-la sem conhecer, atribuindo o elogio ao físico, convidá-la pra assistir um filme onde os personagens são perfeitos - ou novelas, ou programas, sei lá. Sei que muitas vezes não é intencional. Mas não sei se já repararam, imperfeição para uns 90% do show midiático e publicitário é uma cara com espinhas ou alguma cicatriz na cara (não tô reduzindo espínhas ou cicatrizes, mas para "eles", essas são imperfeições que uma sociedade perfeita possui).

Então, resumindo o textão a um parágrafo somente: pelo bem de vocês mesmos, não sejam quantitativos, e sim qualitativos. Quantidade de elogios não define você como um ser altruísta e tolerante de diferenças. Conheça a pessoa que você quer elogiar antes. Tenha mais empatia. Não importa se é paquera de ônibus ou uma gordinha da balada, apenas se aproxime e conheça antes de soltar um elogio ou criticas alguma outras pessoa também, para ela.

Mage
Enviado por Mage em 05/10/2016
Código do texto: T5782412
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.